Apesar da prática
de exercícios físicos ser recomendada para prevenir a trombose, esportistas
possuem fatores de risco adicionais que favorecem o desenvolvimento de
tromboembolismoTraumatismos que envolvem imobilização, carga excessiva
nos treinos e uso de anabolizantes são fatores de risco
adicionais para o desenvolvimento de trombose em atletas
Freepik
A trombose, uma condição
que envolve a obstrução de veias ou artérias no organismo humano, é um problema
de saúde sério que pode afetar pessoas de todas as idades e estilos de vida.
Apesar da prática de exercícios regulares ser uma das principais recomendações
para prevenir a doença, atletas não estão imunes à ocorrência e complicações da
trombose. Dr. Marcelo Melzer Teruchkin, cirurgião vascular e coordenador do
Núcleo de Medicina Vascular do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS),
explica os perigos da trombose, os fatores de risco envolvidos e porque é comum
atletas serem acometidos pela doença.
A trombose
ocorre quando há a formação de um coágulo sanguíneo em uma veia ou artéria no
organismo humano, resultando na obstrução do fluxo de sangue. Ela pode ser
venosa ou arterial, dependendo de onde o coágulo, também chamado de trombo, se
forma. A trombose venosa profunda (TVP) normalmente acomete os membros
inferiores, causando dor, inchaço e mudança de coloração no membro afetado. Uma
das complicações mais graves da TVP ocorre quando o trombo se desprende da veia
dos membros inferiores e se desloca para os pulmões por meio do fluxo
sanguíneo, podendo causar falta de ar e queda da pressão arterial e até levar a
uma parada cardiorrespiratória. Já a trombose arterial representa uma das
principais causas de morte no mundo e provoca condições graves de saúde, como
AVC e infarto agudo do miocárdio.
Segundo o
Dr. Teruchkin, a trombose não faz distinção e pode afetar qualquer pessoa, mas
existem fatores de risco que aumentam a probabilidade de desenvolvimento da
doença. “Tabagismo, obesidade, sedentarismo, gravidez, puerpério e viagens
longas de avião são alguns dos principais fatores de risco para a trombose. O
uso de hormônios, incluindo anticoncepcional, reposição hormonal e
anabolizantes, pacientes com câncer e com doenças sanguíneas (trombofilias)
também aumentam o risco de doença”, afirma.
O cirurgião
vascular destaca que, para atletas, há circunstâncias adicionais que podem
favorecer o desenvolvimento da trombose. “Traumatismos que envolvam
imobilização, carga excessiva nos treinos e uso de anabolizantes são fatores de
risco adicionais para atletas”, alerta o Dr. Teruchkin. De acordo com o médico,
quando se trata de modalidades esportivas, não há esportes específicos que
causem trombose, mas a probabilidade de acidentes pode aumentar em esportes com
contato físico mais intenso. “O uso de esteroides anabolizantes, que é prática
ocasional entre alguns atletas, também pode aumentar o risco de trombose, pois
essas substâncias podem causar aumento da viscosidade sanguínea, tornando o
sangue menos fluido e predispondo à obstrução das veias”, afirma.
Atletas
renomados já revelaram que enfrentaram complicações relacionadas à trombose, o
que destaca a necessidade de conscientização e medidas preventivas quanto à
doença. Dentre os grandes nomes do esporte mundial, a tenista Serena Williams
enfrentou dois quadros de embolia pulmonar, tendo que se ausentar das quadras
durante 10 meses em uma das ocasiões. Em 2010, Williams passou por uma operação
no pé direito e enfrentou uma embolia pulmonar (EP) na sequência. Oito anos
depois, a atleta revelou ter tido complicações durante o parto de sua filha,
com a formação de pequenos coágulos no pulmão. Brandon Ingram, jogador de
basquete do Los Angeles Lakers, precisou ficar afastado por oito semanas na
temporada de 2019 da NBA devido a uma trombose venosa profunda no braço.
No Brasil,
o jogador de futebol Raniel desenvolveu uma trombose em 2020, enquanto atuava
no Santos, ao retornar para o Brasil após uma partida no Paraguai pela
Libertadores. Já a jogadora do Flamengo, a lateral Jucinara, em 2015, foi
acometida por uma trombose que evoluiu para uma embolia pulmonar e que acabou
impossibilitando que entrasse em campo por cerca de um ano.
Segundo o
Dr. Teruchkin, a prevenção da trombose é fundamental e envolve a manutenção de
um estilo de vida saudável, incluindo uma alimentação equilibrada, prática
regular de atividade física, manutenção de peso adequado, controle do
tabagismo, uso de hormônios apenas sob recomendação médica e manter o checkup
clínico em dia. “Qualquer prática esportiva feita de forma adequada e supervisionada
é benéfica a nossa circulação”, afirma. Para atletas, o cirurgião vascular
recomenda cuidados adicionais, como evitar o uso de hormônios e tomar
precauções para evitar acidentes durante a prática esportiva.
O
tratamento da trombose envolve o uso de medicamentos anticoagulantes, repouso
e, em alguns casos, o uso de meias de compressão. O diagnóstico precoce reduz o
risco de complicações e costuma ser realizado através de exames como o
ecodoppler das veias das pernas. “O período de tratamento pode variar de três a
seis meses ou, em casos especiais, pode ser necessário o uso de medicação por
toda a vida”, alerta o médico.
“A
prevenção da trombose é um aspecto essencial da saúde vascular, não importando
a idade e o estilo de vida do paciente. Por isso, são muito importantes
iniciativas como o Dia Mundial da Trombose, lembrado em 13 de outubro para
aumentar a conscientização sobre a doença na sociedade. Com conhecimento,
precaução e cuidados adequados, é possível reduzir significativamente o risco
dessa condição”, finaliza o Dr. Teruchkin.
Sobre o Dia Mundial da Trombose – No dia 13 de outubro é lembrado o Dia Mundial
da Trombose, que tem como objetivo aumentar a consciência sobre a trombose
entre profissionais da saúde, pacientes e entidades do governo e do terceiro
setor. No entanto, devemos estar em alerta para essa afecção todos os dias. Em
âmbito global, a campanha desta efeméride é liderada pela Sociedade
Internacional de Trombose e Hemostasia (ISTH, na sigla em inglês) e, no Brasil,
por entidades médicas, entre as quais se destaca a Sociedade Brasileira de
Trombose e Hemostasia (SBTH). Para saber mais, acesse o site do Dia
Mundial da Trombose e também o site da SBTH.
Nenhum comentário:
Postar um comentário