É necessário um olhar sensível ao paciente e sua família durante a hospitalização, ambos estão sujeitos a problemas psíquicos
Pessoas hospitalizadas em
diferentes momentos da vida enfrentam disposição
emocional durante a internação e, ao vivenciar o adoecimento, apresentam
sentimentos como medo, insegurança e incertezas durante o processo de
recuperação. Além disso, existe a perda de autonomia fre nte ao cenário de
dependência. Com esse quadro, uma instituição de transição funciona como
suporte psicológico assim como físico.
“Isso ocorre uma vez que se trata de uma fase de grande impacto na
rotina, com a despersonalização não só do paciente como da rede de apoio. Nesse
momento é necessário um olhar sensível ao paciente e sua família que estão
sujeitos a sofrimentos psíquicos e fatores de riscos a patologias de ordem
mental, como Transtorno de
ansiedade/Transtorno de ansiedade generalizada/Transtorno depressivo maior,
reações agudas ao estresse, agitação psicomotora e episódios psicóticos, quadro
confusional, por exemplo”, declara Gracy Kelly da Silva Oliveira, psicóloga da
YUNA, instituição de transiç ;ão de cuidados.
Nesse cenário é fundamental para a efetividade do tratamento um olhar
para a saúde mental, identificando recursos de enfrentamento,
manejo de desordens emocionais através da promoção das mudanças de forma
gradual e saudável, atendimentos voltados a elaboração do momento experienciado, realizando atividades de autopercepção,
ressignificação e de prevenção.
Além disso, “é fundamental possibilitar a diminuição do sofrimento que a
hospitalização e a doença causam no sujeito e sua família que vivência um
momento de crise acometido pelo sentimento de impotência aos cuidados
assistenciais, que nesse momento não caberá à rede de apoio. E é através do
trabalho de significação que validamos a importância dos vínculos afetivos como
ferramenta do cuidar”, esclarece a psicóloga.
A importância de enxergar a saúde mental parte da
necessidade do cuidado amplo ao paciente e à família. Em casos de instabilidade
psíquica, não é possível alcançar metas de recuperação, uma vez que existe a
mobilização que impede a evolução dos aspectos físicos e tratamentos do
paciente. Diante disso, na transição de cuidados, o psicólogo avalia o estado
emocional do indivíduo e da família, os impactos do adoecimento e da internação
para ambos, e identifica as demandas e as fragilidades para estabelecer
condutas centradas especificamente àquele paciente, como:
·
Cuidado voltado às dimensões e valores de vida,
como recurso de enfrentamento através do suporte psicológico, social,
espiritual e físico as pessoas e seus entes queridos, favorecendo o
reajustamento e ressignificação durante a reabilitação e até mesmo em um
cenário onde a cura não é possível;
· Multidisciplinaridade e interdisciplinaridade durante os cuidados construindo o plano terapêutico dentro da biografia do paciente e incluindo, sempre que possível, no planejamento do cuidado;
·
Promover autonomia e protagonismo durante a
internação, seja voltada a reabilitação e/ou elaboração do processo de uma
doença grave;
·
Criar propostas terapêuticas que desconstruam os
estigmas voltados ao serviço de saúde, trabalhando autocuidado, socialização e
autopercepção emocional.
De acordo com Gracy Kelly, as estratégias citadas favorecem a organização de vida e a qualidade do tratamento valorizando as condições adequadas de atendimento aos pacientes e familiares e o melhor desempenho das equipes de saúde na instituição de transição. Isso de forma que sensibilize e estimule os mecanismos dentro do repertório de vida sobre as novas formas de lidar com a situação, promovendo o devido suporte para o momento de instabilidade emocional e contribuindo para os vínculos de confiança com a equipe multiprofissional, fundamental para evolução do plano terapêutico proposto.
Algumas dicas de como cuidar da saúde mental na
transição de cuidados
- Promover acolhimento e suporte
emocional aos pacientes e familiares;
- Realizar processos de
comunicação entre os membros da equipe em uma perspectiva biopsicossocial;
- Capacitações e reuniões para
discussão de casos e planejamento dos planos terapêuticos com a
participação das diversas áreas de conhecimento envolvidas na assistência,
gerando a circulação das informações necessárias aos cuidados individuais,
a interdisciplinaridade e melhores condutas, valorizando a biografia do
paciente e valores da sua rede de apoio;
- Identificar motivadores e
fatores de riscos para a adesão do tratamento proposto pela equipe;
- Auxiliar na compreensão e
elaboração da condição clínica, diagnóstico e tratamento;
- Identificar e fortalecer
recursos de enfrentamento.
“Familiares e pacientes são muitas
vezes incompreendidos ou até mesmo marginalizados, devido a alguns
estigmas e preconceitos que ainda são presentes na sociedade por falta de
conhecimento no que se refere a saúde mental. É comum presenciarmos a
invalidação ou desvalorização das queixas de ordem emocional, o que
é muito prejudicial à recuperação do paciente, porque impede a busca de soluções
adequadas para minimizar os efeitos dessa condição clínica. É preciso nos
educar e entender que as patologias de ordem da saúde mental não são frutos da
imaginaçã ;o, falta de fé, “coisa de louco” ou fraqueza, por exemplo”,
complementa Gracy Kelly da Silva Oliveira.
YUNA
https://yuna.com.br/
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