13 de março é o
Dia Nacional de Luta contra a Endometriose. A doença afeta 10 a 15% das
mulheres em idade reprodutiva e é tema da campanha Março Amarelo
Por ocasião do Dia Nacional de Luta contra a Endometriose, 13 de março,
instituído em 2022, pela Lei 14.324, que também passou a ser a Semana Nacional de
Educação Preventiva e de Enfrentamento à Endometriose, além do mês da campanha
Março Amarelo, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) destaca a importância
do cuidado com a saúde das mulheres e, particularmente, com essa doença.
Recentemente, presenciamos diversas notícias de celebridades que relataram a
dificuldade que tiveram com o diagnóstico de endometriose.
O tema ganhou espaço, inicialmente, no ano passado,
quando a cantora Anitta revelou pelas redes sociais o seu diagnóstico e
divulgou a cirurgia que fez para amenizar os efeitos da doença em seu corpo.
Além dela, personalidades como as apresentadoras Patrícia Poeta, Giovanna
Ewbank, a atriz Larissa Manoela e a cantora Wanessa também já compartilharam
suas experiências convivendo e tratando da endometriose.
“Apesar de ser uma doença benigna, a endometriose traz
diversas consequências incapacitantes e está associada a uma causa importante
de sofrimento nas mulheres”, aponta Dra. Karla Kabbach, ginecopatologista associada
à SBP.
No geral, dentre os principais sintomas, podemos
elencar dor pélvica antes ou durante o período menstrual, dor durante ou depois
de relações sexuais e alterações para urinar ou evacuar, principalmente durante
o período menstrual. “Nós observamos diversas mulheres que não tem esse
diagnóstico e sofrem muitas dores no periodo menstrual e em relações sexuais”,
diz a Dra. Karla.
Assim, muitas mulheres com endometriose acreditam,
como Anitta contou acreditar por anos, que as dores que sentem são normais. É
um dos fatores que dificulta o diagnóstico, assim como o de que há também
mulheres com a doença e sem qualquer sintoma. Na dúvida, em caso de dores
durante ou após as relações sexuais, relate a seu ginecologista. Ele poderá
pedir novos exames até que um médico patologista confirme o diagnóstico.
"A confirmação diagnóstica de endometriose se dá
através da análise microscópica de peças cirúrgicas operadas pelo
ginecologista, em caso de suspeita da doença”, diz a Dra. Karla Kabbach.
“Deve-se identificar histologicamente a presença de tecido endometrial
(glândulas e/ou estroma) em localização não habitual, ou seja, fora do útero.
Dessa forma, somente o patologista, médico especialista treinado para realizar
diagnóstico histológico, consegue dar um laudo definitivo sobre a doença e
também de condições neoplásicas associadas à ela", conclui Dra. Karla.
De acordo com o Ministério da Saúde, a estimativa é de
que uma a cada 10 mulheres em idade reprodutiva sofrem com os sintomas da
doença e desconhecem a sua existência. Em 2021, mais de 26,4 mil atendimentos
foram feitos no Sistema Único de Saúde (SUS), e oito mil internações registradas
na rede pública de saúde.
A endometriose é uma condição na qual o endométrio,
mucosa que reveste a parede interna do útero, cresce em outras regiões do
corpo. Todos os meses, o endométrio fica mais espesso para que um óvulo
fecundado possa se implantar nele. Quando não há gravidez, esse endométrio que
aumentou descama e é expelido na menstruação.
Quando a mulher sofre de endometriose, algumas dessas
células do endométrio, ao invés de serem expelidas, migram no sentido oposto e
caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a se multiplicar e a
sangrar. Assim, as células do endométrio também podem se espalhar e crescer em
outras partes do corpo, como no intestino, no reto, na bexiga, no peritônio e
até mesmo em órgãos distantes, como o pulmão e o cérebro.
Endometriose e
gravidez
A endometriose e a gravidez são duas coisas que estão
intimamente relacionadas. Essa doença também é uma das principais causas de
infertilidade feminina, afetando o sonho de muitas mulheres de ser mãe. Quando
as células endometriais começam a crescer em órgãos importantes para a
concepção, como nas trompas e nos ovários, o processo inflamatório decorrente
da doença resulta na criação de aderências e cicatrizes nesses locais.
Como consequência do crescimento de tecido
cicatricial, mudanças anatômicas ocorrem, as quais impedem o funcionamento das
trompas, onde ocorre a fecundação. Nos ovários, a qualidade do óvulo e a
ovulação também são prejudicadas.
Para as mulheres com endometriose que conseguiram
engravidar, há um risco maior de gravidez ectópica e aborto espontâneo. Após as
24 semanas de gestação, essas mulheres também apresentam mais chances de sofrer
complicações, como hemorragias e parto prematuro.
Por esse motivo, essas gestantes devem ser
acompanhadas durante toda a gravidez. Procure seu médico para receber as
recomendações adequadas e o melhor tratamento para o seu caso. Assim, é
possível ter o total controle sobre a situação e uma gestação mais segura.
Sociedade Brasileira de Patologia (SBP)
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