Há quem acredite
que o desenvolvimento sustentável e o agronegócio são opostos. Mas isso definitivamente
não é verdade. Não só é possível o agronegócio produzir mais e melhor de forma
sustentável, como também pode gerar uma série de outros benefícios, como o acesso
a novos mercados, a obtenção de crédito com taxas mais baratas, além de
processos mais eficientes.
Outro ponto
fundamental e que por si só já seria motivo suficiente para a adoção por todo
esse setor da pauta do ESG (Environmental, Social and Governance)
relacionada à proteção ao meio ambiente é o fato de o agronegócio depender
essencialmente do clima para se desenvolver.
As plantações de
qualquer espécie e a criação de animais em geral precisam ter condições
climáticas específicas para gerarem resultado, o que reflete, também, em toda a
indústria de maquinário e insumos para esses negócios. Mas como é possível
produzir mais e melhor em uma situação de seca ou de chuvas extremas causadas
pelas mudanças climáticas decorrentes da emissão dos gases de efeito estufa?
Eventos extremos sempre ocorreram, mas não com a frequência em que estão ocorrendo.
A questão social
também é um outro fator relevante. Por mais que se automatize o agronegócio,
ainda e sempre dependerá de pessoas que, em qualquer setor, produzem melhor
quando se sentem seguras e valorizadas, o que também integra a proposta do ESG.
Além disso, a
governança corporativa que, apesar de ser a última letra do acrônimo do ESG, é
tão ou mais importante que as questões socioambientais, na medida em que é a
base na qual qualquer negócio se funda, garantindo a sua profissionalização e a
tomada de melhores decisões. Qualquer negócio que visa crescer e continuar
existindo para além de seu fundadores precisa implementar boas práticas de
governança corporativa.
Algumas das ações
voltadas para a implementação das práticas de sustentabilidade socioambiental e
do próprio negócio que podem ser adotadas pelas empresas do setor do agronegócio
são:
1. Identificar
sua estrutura societária, elaborar um plano de sucessão e um plano estratégico
voltado para o crescimento consistente do negócio, estabelecendo-se os valores
e as políticas que orientarão a cultura organizacional e viabilizarão esse
crescimento.
2. Respeitar
a legislação em geral relacionada às questões trabalhistas e de segurança e
saúde, além de identificar impactos negativos que o negócio pode causar para
seus colaboradores e demais partes interessadas com quem se relaciona, buscando
mitigar esses impactos, com um trabalho de gestão de risco.
3. Identificar
e respeitar as áreas de proteção ambiental e, se possível, ampliá-las por meio
do reflorestamento de áreas sub ou não utilizadas na produção, especialmente
junto a córregos, rios e mananciais. Essa é uma medida que trará reflexos na
disponibilidade de água que pode eventualmente ser utilizada na própria
propriedade, além da redução dos gases do efeito estufa pela sua captação pelas
árvores dessas áreas.
4. Uso
consciente dos recursos naturais, de forma a não os esgotar, buscando a sua
reutilização e renovação, especialmente com o uso de conhecimento e de novas
tecnologias disponíveis, inclusive no que se refere ao uso correto e adequado
de pesticidas e herbicidas.
5. Rastrear a cadeia de valor para vender e consumir de quem possui os mesmos valores voltados ao ESG. A lógica aqui deve ser exigir de todos os que deveria ser natural, para que assim haja de fato o desenvolvimento sustentável. Pensar o contrário, ou seja, deixar de fazer porque o outro não faz é uma lógica de uma criança de 5 anos de idade e não de empresários sérios preocupados com os seus negócios.
A pauta do ESG veio para ficar. E todos
os setores da economia e do mercado tem um papel fundamental na sua
implementação. E não seria diferente para o agronegócio. Os desafios são
enormes, mas é preciso reconhecer a importância do tema e começar a agir.
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