Médica alerta que qualidade de vida é essencial para mulheres que desejam engravidar.
A mitocôndria é uma organela vital para o funcionamento do nosso organismo e pode ser encontrada em todas as células, atuando na produção de energia e no metabolismo.
Mas existe um outro campo muito importante que também é
afetado pelas mitocôndrias, o da fertilidade. Estudos comprovam que as
mitocôndrias têm enorme influência tanto na fertilidade masculina quanto na
feminina.
Segundo a Dra.Priscila Pyrrho, ginecologista com visão integrativa da saúde da mulher, as mitocôndrias são responsáveis por fazer com que os espermatozóides tenham mais qualidade e também energia e força para chegar ao óvulo e, se o homem apresenta deficiência de mitocôndrias, esse espermatozoide tem dificuldade de se manter vivo e morrerá com mais facilidade.
No caso das mulheres, a médica explica que, se as
mitocôndrias do óvulo da mãe estão disfuncionais, elas não conseguem produzir
energia e dar suporte adequado para todo o metabolismo que esse embrião precisa
fazer a divisão celular e o seu crescimento e desenvolvimento. Então, as
mitocôndrias desse óvulo materno são extremamente importantes para a evolução
do embrião.
Isso vale para uma gestação natural ou mesmo para casos de
fertilização in vitro, onde estudos mostraram que, quando as mitocôndrias do
óvulo são disfuncionais, o embrião não consegue se desenvolver.
“ Mitocôndrias saudáveis de uma doadora, quando implantadas
no óvulo de uma mulher que não consegue engravidar, ajudarão na evolução do
embrião e aumentam a chance de sucesso da FIV. Quando as mitocôndrias do óvulo
materno estão com o DNA mutado, o embrião não consegue se dividir adequadamente
e, dessa forma, aumenta a chance de abortamento, de síndromes e desse embrião
não se desenvolver.”
Mitocôndria e fertilização
Dra. Priscila explica que, muitas vezes, quando a paciente
relata dificuldade de engravidar, ela avalia a possibilidade de haver relação
com a disfunção mitocondrial, algo que não chega a aparecer diretamente em
exames clínicos.
“O que nós sabemos sobre a relação da disfunção mitocondrial
e a fertilidade, está em estudos científicos que mostram que, quando melhoramos
a função mitocondrial, a mulher que tem esterilidade sem causa aparente (ESCA),
ou seja, aquela mulher em que não se encontrou nenhum motivo conhecido para a
infertilidade, ela engravida com mais facilidade”, explica a médica.
Priscila complementa que as mitocôndrias são as principais
organelas relacionadas ao metabolismo do óvulo e são elas que, tanto produzem,
quanto eliminam os radicais livres do nosso organismo. Por isso, quando elas
não estão funcionando adequadamente, esse balanço fica desregulado e o radical
livre começa a causar danos às células e principalmente aos óvulos.
“Não existe ainda um exame clínico disponível para saber se
a qualidade da mitocôndria está adequada, um exame que consiga avaliar a
qualidade do DNA dessas mitocôndrias. Só a nível de pesquisa, pelo menos por enquanto”,
diz.
Segundo a médica, existe uma forma indireta, através da qual
se pode analisar se a mitocôndria está funcionando bem, que seria um teste
metabólico, chamado de calorimetria indireta.
Priscila explica que, se a mitocôndria não estiver funcionando
direito, ela queimará mais carboidrato do que gorduras.
“Para a mitocôndria funcionar bem, ela tem que consumir pelo
menos 60-70% de gordura. A mitocôndria que não funciona direito queima mais
carboidrato. Por isso, sabemos que pacientes com “metabolismo lento”, ou seja,
que engordam com mais facilidade, que têm dificuldade para perder peso ou
obesos, certamente têm disfunção mitocondrial”, explica.
A médica lembra que existem também várias formas de cuidar
da qualidade das mitocôndrias de acordo com o estilo de vida.
“A mitocôndria pode ser estimulada a fazer biogênese, ou
seja, a se multiplicar, quando a paciente tem uma alimentação correta, restrita
em carboidratos simples e com mais gorduras boas, como azeite, abacate,
castanhas, oleaginosas e sementes. Alguns fitoterápicos também são
estimuladores da biogênese mitocondrial, e alimentos ricos em sirtuinas, como
couve, rúcula, cebola roxa, cúrcuma, chá verde, morango, tâmara, castanhas
também ajudam as mitocôndrias a se regenerarem e estimulam a sua correção”,
afirma a médica, lembrando que praticar atividade física, evitar o estresse e
ter um sono de qualidade também são hábitos essenciais para corrigir os danos
mitocondriais.
Outro ponto é evitar o contato com toxinas que nosso
organismo não reconhece e que causa danos às mitocôndrias, como panelas com
teflon, plástico rico em BPA, especialmente se aquecidos ou levados ao
micro-ondas, agrotóxicos e atém mesmo alguns medicamentos que podem fazer mal
para o nosso organismo e devem ser consumidos apenas quando necessários.
A especialista explica que em seu consultório realiza também
terapias injetáveis focadas na regeneração e na biogênese mitocondrial, pois
muitas substâncias essenciais no processo de desenvolvimento das mitocôndrias
e, consequentemente, da fertilização da mulher, são mal absorvidas de forma
oral.
“Por exemplo,
existem muitos estudos que falam sobre a fertilidade e a importância da
coenzima Q10, que é muito mal absorvida via oral - em cápsula, apenas 3% - além
de ser uma substância cara. Quando ela é feita injetável, o organismo absorve
90 a 100%, aumentando a eficácia e reduzindo o tempo de tratamento”, finaliza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário