Para a Sociedade
Brasileira de Patologia (SBP), falta campanha nacional de prevenção; Cerca de
30% dos casos podem ser evitados por meio do rastreio, que favorece a cura de
doenças como a da Preta Gil
Diagnosticado nos estágios iniciais, o câncer tem
boas possibilidades de cura. Casos de cânceres de intestino ou colorretais,
como o da Preta Gil, diagnosticada recentemente, e dos craques Pelé e Roberto
Dinamite, que morreram por complicações da doença, podem ser prevenidos. Na
maioria das vezes, o câncer do intestino se desenvolve a partir de pólipos, que
são lesões benignas que crescem na parede do intestino. Significa dizer que com
a retirada do pólipo, evita-se que se torne um câncer. O cuidado maior é quando
são detectados pólipos adenomatosos (adenomas),
pois estes podem se tornar um câncer. “A grande verdade é que falta uma
campanha nacional de prevenção ao câncer de intestino”, diz o Dr. Clóvis Klock,
presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP).
No geral, recomenda-se que a colonoscopia, exame de imagem que auxilia a detectar o câncer de intestino, seja realizada a partir dos 50 anos, idade em que há maior propensão de incidência da doença. Porém, casos como da Preta Gil, de 48 anos, evidencia que essa indicação deve começar antes, dependendo do histórico do paciente. “A indicação do rastreamento precoce, por meio da colonoscopia antes dos 50 anos, depende da história pregressa familiar. Por isso, é importante conversar com o médico gastroenterologista para a melhor indicação”, explica o Dr. Klock.
Os exames de rastreamento, recomendados para todas as pessoas a partir de 50 anos, incluem o de sangue oculto nas fezes e, em caso positivo, a colonoscopia, que, na mostra de algo suspeito, permite aos médicos fazer biópsia já durante a sua realização. “Dependendo desses resultados, uma amostra é enviada para o médico patologista, que é quem faz a análise da biópsia e o diagnóstico – se é mesmo um câncer, de que tipo é o tumor. O diagnóstico é fundamental para a definição do tratamento”, diz Dr. Klock.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o
câncer de intestino está entre os mais comuns, atrás apenas dos cânceres de
pele não melanoma, de mama e de próstata, surgindo por volta dos 50 anos de
idade.
Vida mais saudável e os exames
de rastreio
Cerca de 30% de todos os cânceres de intestino
(cânceres colorretais) são causados por fatores como o baixo consumo de fibras
alimentares, atividade física insuficiente, consumo de carne processada e de
carne vermelha acima do recomendado (até 500 gramas por semana), de bebidas
alcoólicas e excesso de peso. Assim, boa alimentação, atividade física e evitar
álcool ajudam a evitá-lo.
A campanha de saúde de janeiro, identificada pelo
laço branco, tem tudo a ver para evitar as mais variadas doenças. Afinal, “mente
sã em corpo são”, diz a antiga máxima. Ou seja, movimentar-se, sair do
sedentarismo, evitar alimentos ultraprocessados, ter boa noite de sono, fazer
caminhadas em áreas verdes e evitar a poluição ambiental das cidades.
O Dr. Klock ainda ressalta que, se o câncer já teve
início, o médico patologista é um importante aliado no diagnóstico, pois ele é
o responsável pelo laudo da biópsia que traz as indicações de possíveis
tratamentos. “A demora no diagnóstico correto permite que o câncer cresça,
podendo comprimir e invadir outros órgãos sadios na região do corpo”, diz ele.
Outro cenário é quando as células cancerosas se desprendem e se espalham no
sangue e/ou vasos linfáticos e nesse caso o câncer migra para outros órgãos,
como fígado, pulmão e ossos. “Por isso, lembro da importância do acesso aos
exames pela rede pública de saúde”, alerta o presidente da SBP.
Os principais sintomas
No início, o câncer de intestino se desenvolve sem
sintomas. Por isso, é necessário ficar atento aos sintomas de constipação frequentes
que devem ser investigados, já que o contato prolongado das fezes com as
paredes do cólon e do reto aumenta as chances da incidência deste tipo de
câncer. Pessoas com pólipos (crescimento de tecido nas paredes colorretais) no
intestino devem fazer acompanhamento com regularidade.
Outros sintomas, também presentes em outras doenças
são: mudança nos hábitos intestinais sem motivo aparente; recorrência de
diarreia ou prisão de ventre; sangue nas fezes; evacuações dolorosas; gases
frequentes; desconforto gástrico; perda de peso sem motivo e cansaço constante.
Na dúvida, procure um médico.
Sociedade
Brasileira de Patologia (SBP)
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