Com curadoria de Miguel Chaia, Laura Rago e Gustavo Herz, a mostra contempla 46 obras de 35 diferentes artistas brasileiros, como Tunga, Carmela Gross, Leda Catunda, José Resende, entre outros grandes nomes da arte contemporânea. A abertura acontece no dia 14 de janeiro
Figura 1:
Quadrantes (1990), Carmela Gross
Figura 2: Tacape
(década de 1980), Tunga
Créditos: Everton Ballardin
A Arte 132 Galeria inaugura, no dia 14 de
janeiro, a exposição Tridimensional: Entre o sagrado e o estético,
um recorte da coleção particular de Vera e Miguel Chaia, que reúne um conjunto
de 46 obras. Entre telas, objetos e esculturas de 35 diferentes artistas
brasileiros, a mostra apresenta desde nomes consagrados a jovens talentos do
cenário artístico brasileiro. A curadoria é assinada por Miguel
Chaia, Laura Rago e Gustavo
Herz. No dia da abertura -- sábado, 14/01, às 11h30
-- acontecerá uma visita guiada mediada pelos três curadores aberta ao público.
Dividida em dois pilares, o sagrado e o estético, Tridimensional
mescla de forma não-linear os temas centrais. Supõe-se que cada
artista ou obra se aproxima ora mais ora menos do sagrado ou do estético; em
algumas obras, o sagrado pode ser mais explícito e, em outras, menos.
O conceito de sagrado é aqui entendido no seu
significado amplo de religioso, venerável, ritualístico, mítico, alquímico e
metafísico — centrado nas questões do corpo e da sociabilidade, e aparece
representado por cinco elementos — sangue, vinho, água, fogo e alimento. O estético
é compreendido como a linguagem que, no desenvolvimento histórico da arte, em
um processo autônomo e profano, opera revoluções nas formas de expressão,
rompendo claramente vínculos com áreas externas à própria arte. O tridimensional
aparece em restrito relacionado à forma das telas, objetos e
esculturas – todas as obras apresentam três dimensões e/ou perspectivas de
relevo.
Para o artista plástico Donald Judd, a tridimensionalidade
não está próxima de ser uma esfera tão sedimentada quanto a
pintura, mas a força das três dimensões, “simula e aumenta o objeto real, para
equipará-lo a uma forma emocional”. “A metade, ou mais, dos melhores novos
trabalhos que se têm produzido nos últimos anos não tem sido nem pintura nem
escultura. Frequentemente, eles têm se relacionado, de maneira próxima ou
distante, a uma ou a outra. Os trabalhos são variados e, dentre eles, muito do
que não é nem pintura nem escultura também é variado”, explica Judd. Para ele,
esses novos trabalhos tridimensionais não constituem um movimento, escola ou
estilo, mas, sim, um avanço da linguagem a partir das especificidades e
potencialidades dos suportes e materiais.
Sobre o processo curatorial
Três questões nortearam as reflexões abordadas pelo
conjunto de obras expostas: Será possível perceber na arte contemporânea
vestígios do sagrado? O que pode haver em comum entre a arte e o sagrado? E,
ainda, a arte contemporânea, ao ganhar autonomia, fortalecendo seu significado
estritamente estético, abandona o mítico, a religiosidade e a religião na busca
da revolução da linguagem? Entre os destaques da exposição, aparecem Artur
Lescher, Carmela Gross, José
Resende, José Leonilson, Leda
Catunda, Marcelo Cidade e Tunga.
A exposição traz à tona a discussão do que é arte
e suas conjugações e interlocuções entre o sagrado e o estético dentro de
uma mesma obra. O resultado é uma mostra site specific, que surge a partir da
proposta curatorial na qual concepção, temática e suporte contemplam a vocação
e as particularidades da galeria Arte132, e que desdobra-se em um belo jardim
de esculturas.
Para o curador e colecionador Miguel Chaia, a arte
e o tridimensional são conceitos polissêmicos: abrem-se para
múltiplas formulações ou definições. “A arte está aberta a qualquer pesquisa
que assuma a perspectiva da política ou da filosofia, da religião, da economia,
da semiótica e da estética. E, com frequência, essas perspectivas estão
interligadas, uma vez que a arte é relacional enquanto produto da práxis
humana, atravessada pelas múltiplas esferas da sociedade”, explica ele.
A história da coleção de Vera e Miguel Chaia se
confunde com a própria história da arte contemporânea brasileira. O casal
começou a colecionar há 45 anos e, durante esse período, reuniu um acervo ímpar.
Eles se conheceram em 1969, quando cursavam a faculdade de ciências sociais da
PUC-SP, e logo descobriram o amor em comum pelas artes, passando a visitar,
juntos, exposições. Começaram adquirindo gravuras e nunca mais pararam. Assim
surgia uma das mais importantes coleções de arte contemporânea brasileira. Tridimensional
– Entre o sagrado e o estético será uma oportunidade para que
os espectadores conheçam um recorte desse acervo.
Sobre os curadores
Miguel Chaia (São Paulo, 1947) é graduado em Ciências Sociais pela PUC-SP, mestrado
e doutorado em Sociologia pela USP. É professor da Pós-graduação em Ciências
Sociais, da Faculdade de Ciências Sociais, e do Curso Arte: História, Crítica e
Curadoria, da PUC-SP, e coordenador e pesquisador do Núcleo de Estudos em Arte,
Mídia e Política (NEAMP).
Laura Rago (São Paulo, 1984) é curadora independente
e jornalista de arte graduada em história e pós-graduada em Jornalismo Cultural
e em Arte: Crítica e Curadoria, ambos os cursos realizados na PUC-SP.
Pesquisadora na área de Arte e Política, História das Exposições, Arte e
Tecnologia e Arte Pública.
Gustavo Herz (São Paulo, 1998) é graduado em Arte: História, Crítica e Curadoria
pela PUC-SP. Ator e curador. Pesquisador na área de religiosidade. Promove
eventos culturais independentes.
Serviço
Tridimensional: Entre o
sagrado e o estético
Curadores: Miguel Chaia, Laura Rago e Gustavo
Herz
Arte132 Galeria - Av. Juriti, 132, Moema, São Paulo
- SP
Evento de abertura: 14 de janeiro de 2023, sábado,
das 11h às 17h
Período expositivo: 14 de janeiro a 11 de março de
2023
Evento de encerramento: Recital de piano, em 11 de
março, sábado, às 11h30
Horários de visitação: segunda a sexta, das 14h às
19h. Sábados, das 11h às 17h
Entrada gratuita
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