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sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Pelo quinto mês consecutivo, inadimplência bate recorde na capital paulista

Em um ano, 224 mil novas famílias não pagaram dívidas na data do vencimento, segundo pesquisa da FecomercioSP


 
A cidade de São Paulo registrou o maior número de famílias com contas atrasadas em 12 anos. A taxa alcançou 25,8% em novembro, totaliza 1,04 milhão de lares com dívidas em atraso. Em um ano, foi registrado o aumento de 224 mil lares inadimplentes.
 
Do total das famílias, 9% disseram não ter condições de quitar o compromisso atrasado. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). A inadimplência tem afetado principalmente a população de renda mais baixa: a taxa para o grupo que ganha até dez salários mínimos foi de 31,8%, quase o triplo da registrada para o de renda mais alta (11%).
 
Segundo a pesquisa, o índice é preocupante, pois são estes lares que contam com menos estrutura financeira, como investimentos e patrimônios, para contribuir para o equilíbrio das contas. Além disso, com os juros altos, a inadimplência gera risco financeiro para as famílias, uma vez que quanto maior o tempo de conta em atraso, maior é o desembolso para a instituição financeira. Consequentemente, sobra menos para gastos essenciais.
 
Por isso, mediante o pagamento do décimo terceiro salário aos trabalhadores formais, a orientação da FecomercioSP é para que as famílias quitem, primeiro, contas em atraso para, depois, fazer planos de ir às compras. Outra dica para quitar débitos vencidos é aproveitar os feirões para limpar nomes. Oportunidade de renegociar com condições mais favoráveis de redução de multas e taxas.
 
Por outro lado, o endividamento na capital paulista cedeu em novembro, ao passar de 77%, em outubro, para os atuais 76,3%. Ao todo, são 3,07 milhões de famílias que têm algum tipo de dívida. Na comparação com igual período de 2021, houve aumento de 135 mil lares que passaram a ter algum compromisso com crédito.


 
Cartão de crédito continua vilão

O cartão de crédito continua sendo o grande vilão entre as famílias da capital paulista: 85% dos endividados. O carnê vem logo em seguida, com 15,6%, e, depois, o financiamento de carro (11,7%) e o financiamento de casa (10,8%).
 
Com um porcentual menor, o crédito consignado chama a atenção pela sua ascensão nos últimos meses: 7,1% dos endividados. Se, por um lado, a modalidade é positiva graças à taxa de juros média de 25% ao ano (a.a.), por outro lado, mostra a necessidade de crédito por parte das famílias para despesas e contas do dia a dia. Cenário este que mostra limitação no orçamento doméstico.
 
Quando questionadas, em novembro, a respeito da intenção de contrair algum tipo de crédito nos próximos três meses, 9% das famílias responderam de forma positiva – no mesmo período de 2021, o porcentual foi de 4,7%. O principal objetivo, para 66%, é para consumo e compras. Contudo, para pouco mais de um terço (34,1%), o crédito será destinado ao pagamento de dívidas e contas.
 
Quanto à forma mais vantajosa encontrada pelo consumidor nas suas últimas compras, o cartão de crédito parcelado foi opção de 24,7%. O PIX também ganha destaque, sendo a opção escolhida por 16,7%.


 
ICF

O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) mostrou aumento de 3,1% no décimo primeiro mês do ano, passou de 89,8 pontos em outubro para os atuais 92,6 pontos. No contraponto anual, houve avanço de 31,4%, quando o ICF foi de 70,5 pontos.
 
Todos os sete itens analisados pelo ICF registraram crescimento. Os destaques foram os de consumo: Nível de Consumo Atual e Perspectiva de Consumo subiram 5,3% e 6,5%, respectivamente. O primeiro está com 71,2 pontos e o segundo com 81,8 pontos.
 
De acordo com a FecomercioSP, os números mostram efeito positivo da geração de emprego e da inflação mais baixa. Caso seja mantida a tendência de arrefecimento da inflação, pode-se esperar um aumento de consumo mais significativo para o próximo ano.
 
Porém, esse aumento em novembro nos itens de consumo também está relacionado as compras de final de ano e chegada do 13º salário.
 
O item renda atual subiu 3% e aumenta para 111,5 pontos o otimismo das famílias. E os itens Emprego Atual e Perspectiva Profissional, apesar de variação mais modestas, de 1,4% e 0,6%, respectivamente, estão com 123,5 pontos e 117,8 pontos.
 
Por fim, o item acesso a crédito cresceu 3,5% e atinge 91,6 pontos. Apesar do aumento de juros, os consumidores encontram mais facilidades em obter crédito para compras a prazo.


 
ICC

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) também foi positivo: registou crescimento de 2,2% no mês e alcançou 116,8 pontos, o mais alto patamar desde março de 2020, início da pandemia.
 
Otimismo puxado pela atual conjuntura econômica. O índice de condições econômicas atuais subiu 9,5% e vai aos 91,4 pontos. Já o índice de expectativa do consumidor ficou praticamente estável com variação de -0,3% (140,4 pontos).
 
Segundo dados da FecomercioSP, os dois indicadores de confiança mostram que o cenário futuro mais positivo que era projetado, se realiza atualmente. A inflação mais baixa e o mercado de trabalho mais aquecido trazem alívio para as famílias. No entanto, ainda é um início de um processo e não é possível haver melhoras significativas em curto prazo.
 
As condições econômicas mais favoráveis ainda não são suficientes para as famílias arcarem com as contas em atraso e, consequentemente, reduzir a inadimplência. Mas é o início de um ciclo.
 
A tendência é que no início de 2023 seja percebido uma reversão nos índices de contas em atraso. Situação que tem influência direta em uma nova expansão de consumo. Por enquanto, o recorde de famílias com contas atrasadas ainda deve dificultar as vendas de final ano.


 
Notas metodológicas


PEIC

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) é apurada mensalmente pela FecomercioSP desde fevereiro de 2004. São entrevistados aproximadamente 2,2 mil consumidores na capital paulista. Em 2010, houve uma reestruturação do questionário para compor a pesquisa nacional da Confederação Nacional do Comércio (CNC), e, por isso, a atual série deve ser comparada a partir de 2010.O objetivo da PEIC é diagnosticar os níveis tanto de endividamento quanto de inadimplência do consumidor. O endividamento é quando a família possui alguma dívida. Inadimplência é quando a dívida está em atraso. A pesquisa permite o acompanhamento dos principais tipos de dívida, do nível de comprometimento do comprador com as despesas e da percepção deste em relação à capacidade de pagamento, fatores fundamentais para o processo de decisão dos empresários do comércio e demais agentes econômicos, além de ter o detalhamento das informações por faixa de renda de dois grupos: renda inferior e acima dos dez salários mínimos.


 
ICF

O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é apurado mensalmente
pela FecomercioSP desde janeiro de 2010, com dados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O ICF é composto por sete itens: Emprego Atual; Perspectiva Profissional; Renda Atual; Acesso ao Crédito; Nível de Consumo; Perspectiva de Consumo e Momento para Duráveis. O índice vai de zero a 200 pontos, no qual abaixo de cem pontos é considerado insatisfatório, e acima de cem pontos, satisfatório. O objetivo da pesquisa é ser um indicador antecedente de vendas do comércio, tornando possível, a partir do ponto de vista dos consumidores e não por uso de modelos econométricos, ser uma ferramenta poderosa para o varejo, para os fabricantes, para as consultorias, assim como para as instituições financeiras.


 
ICC

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde 1994. Os dados são coletados com aproximadamente 2,1 mil consumidores no município de São Paulo. O objetivo é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à situação econômica futura. Esses dados são segmentados por nível de renda, sexo e idade. O ICC varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, se apresenta como: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e para formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.


 
FecomercioSP

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