Segundo Gleison
Guimarães, médico especialista em Pneumologia, o quadro pode prejudicar o sono
dos parceiros e causar estresse interpessoal
A congestão nasal é um quadro que pode surgir em
decorrência das mais diversas situações, como gripe, resfriado e rinite. Pode,
também, ser causada por mudanças climáticas ou na temperatura do ambiente. Além
disso, as pessoas que estão com o nariz entupido contam com uma maior tendência
de roncar ao dormir.
De acordo com Gleison Guimarães,
médico especialista em Pneumologia pela UFRJ e pela Sociedade Brasileira de
Pneumologia e Tisiologia (SBPT), a congestão nasal é um problema comum que
acomete uma parcela significativa da população. “Geralmente, é desencadeada por
alguma inflamação, irritação ou infecção que afeta o tecido nasal. Estudos
apontam que a frequência de congestão nasal noturna é independentemente
associada à frequência de ronco, o que pode ser ocasionado por resultados
adversos à saúde, incluindo hipertensão arterial, doenças cardíacas, sonolência
diurna e, até mesmo, acidentes”, relata.
Por outro lado, a congestão nasal noturna grave
crônica é um forte fator de risco para o ronco com ou sem apneia obstrutiva do
sono. “Uma pesquisa realizada pela Escola de Medicina da Universidade do
Wisconsin coletou informações durante aproximadamente cinco anos sobre a
congestão nasal noturna e frequência do ronco. Análises prospectivas mostraram
que pessoas com esse quadro apresentavam um alto risco de ronco habitual,
prejudicando o sono dos parceiros de cama e causando estresse interpessoal”,
pontua o especialista.
O ronco é uma condição frequente que afeta quase
40% dos adultos. “É mais comum entre os idosos e aqueles que estão acima do
peso. Quando grave, pode causar despertares frequentes à noite e sonolência
diurna. O quadro é causado por um bloqueio parcial da passagem das vias aéreas
do nariz e da boca para os pulmões, fazendo com que os tecidos dessas passagens
vibrem, levando ao ruído produzido quando alguém ronca. A chave para a
resolução é a desobstrução das vias aéreas”, revela Dr. Gleison.
O ronco secundário, muito associado aos distúrbios
respiratórios do sono (DRS), é uma síndrome de resistência das vias aéreas
superiores (UARS) relacionada a apneia obstrutiva do sono (AOS) leve, moderada
e grave. Estudos de base populacional mostram que 9% a 38% dos adultos com mais
de 18 anos têm AOS, sendo 13% a 33% em homens e 6% a 19% em mulheres. Com
pessoas acima dos 65 anos de idade, esses números aumentam para 90% em homens e
78% em mulheres. Múltiplas doenças crônicas e sistêmicas estão associadas aos
DRS.
Os principais distúrbios
respiratórios do sono (SDB) são:
- Apneia
Obstrutiva do Sono (AOS) - É o tipo mais comum. Na maioria das vezes, o ar
não chega aos pulmões por causa de alguma obstrução nas vias aéreas
superiores.
- Apneia
Central do Sono (ACS) - Associado a insuficiência cardíaca, doenças ou
lesões relacionadas ao cérebro, como Acidente Vascular Cerebral (AVC),
tumor cerebral, meningite ou encefalite. Em alguns casos, as vias
respiratórias superiores estão abertas, mas o ar não chega aos pulmões
devido à falta de comunicação entre o cérebro e o corpo.
- Apneia
Mista do Sono - Quando o paciente apresenta obstrução das vias
respiratórias superiores (apneia obstrutiva) e, simultaneamente, não há
esforço respiratório (apneia central).
- Ronco
- Ruído que se manifesta ao dormir com a musculatura da boca, nariz e
garganta relaxadas. Suas principais causas são a flacidez nos músculos
destas áreas, desvio de septo, pólipos no nariz, rinite, sinusite,
obstruções nasais e envelhecimento.
- Síndrome
da Resistência das Vias Aéreas Superiores - Quando ocorre um contínuo
aumento na resistência ao fluxo para a passagem do ar pelas vias aéreas
superiores, levando a muitos despertares breves e sonolência diurna
excessiva.
O médico acredita que o hábito do tabagismo também
é um ponto prejudicial para quem quer evitar os problemas com o ronco. “O
cigarro exerce efeitos deletérios nas vias aéreas superiores e inferiores e seu
uso crônico pode induzir ao ronco, aumentando a resistência das vias aéreas
superiores. De fato, a correlação entre o tabaco e o ronco é atribuída às
mudanças na clearence mucociliar e inflamação da faringe e do palato mole.
Assim, é possível afirmar que essa inflamação induzida pelo cigarro pode causar
a obstrução da via aérea superior e outros distúrbios do sono”, declara.
Estudos apontam que fumantes têm uma probabilidade
duas vezes maior de sofrer apneia obstrutiva. Além disso, a nicotina atrapalha
a liberação da melatonina, hormônio fundamental para o sono, favorecendo a
adrenalina, que é estimulante. “O resultado é um sono superficial e
fragmentado”, lamenta.
Além do tabagismo, outros fatores podem contribuir
para o desenvolvimento de distúrbios respiratórios do sono. “Alguns deles são o
período pós-menopausa, o envelhecimento e o uso de álcool e sedativos. Existem
antecedentes familiares de apneia do sono em 25 a 40% dos casos, refletindo,
talvez, fatores hereditários. Doenças que ocorrem mais comumente em pacientes
com apneia obstrutiva do sono incluem hipertensão arterial, doença do refluxo
gastroesofágico, dislipidemia, insuficiência cardíaca e outras arritmias”,
finaliza Dr. Gleison.
Gleison Guimarães - médico especialista em Pneumologia pela UFRJ e pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), especialista em Medicina do Sono pela Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS) e também em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB). Possui certificado de atuação em Medicina do Sono pela SBPT/AMB/CFM, Mestre em Clínica Médica/Pneumologia pela UFRJ, membro da American Academy of Sleep Medicine (AASM) e da European Respiratory Society (ERS).
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Twitter @drgleisonpneumo.
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