Dúvidas sobre uso de bandeira, camisa da seleção, cores e palavras na publicidade é comum neste momento
A
Copa do Mundo de futebol está rolando, com o poder de arrebatar multidões pelo
mundo. É nesse clima de interesse e paixões superdimensionados que as marcas
aproveitam para faturar bilhões. Mas quem está fora da lista privilegiada dos
patrocinadores diretos do evento também pode realizar publicidade associada ao
futebol ou às mesmas cores da seleção?
A resposta é sim, desde que não haja associação direta com o evento da FIFA ou
com os símbolos da CBF, de acordo com os advogados Rodrigo Azevedo e Leonardo
Braga Moura, sócios do escritório Silveiro Advogados.
Caso contrário, a iniciativa pode caracterizar ‘ambush marketing’, ou marketing
de emboscada. “Trata-se de uma estratégia publicitária em que empresas não
patrocinadoras de eventos culturais, esportivos, sociais, entre outros, ‘pegam
carona’ na visibilidade e no sucesso do acontecimento induzindo ao público a
associá-lo indevidamente a elas”, explica Azevedo.
Infringir as regras de exclusividade pode acarretar pesadas multas, e a
fiscalização, durante a Copa do Mundo, costuma ser rígida. “Os patrocinadores
oficiais montam equipes de advogados especializados em propriedade intelectual,
em momentos como o atual, para fiscalizar o marketing de emboscada. Se uma
infração é identificada, a retirada do ar da campanha é postulada no CONAR
(Conselho Nacional Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária) ou perante o
Judiciário, também podendo caber uma indenização”, diz Braga Moura.
Contudo, como alerta Azevedo, nem FIFA, nem CBF, possuem exclusividade sobre
quaisquer referências a futebol ou às cores verde e amarela, respectivamente.
“É perfeitamente possível realizar, mesmo neste momento, campanhas
publicitárias abordando os dois temas, desde que não haja utilização dos sinais
registrados e exclusivos dessas instituições, ou, ainda, referências ou
associações ao próprio evento”. O mesmo vale para promoções e sorteios.
Na prática, é essencial a realização de análise jurídica consistente de cada
campanha, aproximando a equipe jurídica dos ‘criativos’, a fim de se usufruir
das liberdades asseguradas pela legislação, sem criar passivos para os
anunciantes, destaca Braga Moura.
Exemplos históricos
Entre os inúmeros exemplos de campanhas claramente pensadas para tirar proveito
da visibilidade oportunizada por eventos esportivos globais, sem fazer
associação expressa a estes, mas assumindo o risco de transitar na linha tênue
que envolve este tipo de marketing, estão alguns famosos casos ocorridos
durante a Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil.
Durante o jogo entre Itália e Uruguai, para o espanto de todos que acompanhavam
a partida, o atacante Luis Suárez deu uma mordida no italiano Chiellini. O
insólito incidente imediatamente despertou a criatividade dos responsáveis por
marcas como McDonald 's Snickers, Listerine e Trident, pois em poucos minutos
começaram a aparecer as primeiras postagens no Twitter fazendo alusão ao
ocorrido, mas com o cuidado de não mencionar o evento da FIFA.
Outro caso interessante foi a campanha “The Game Before the Game”, da notória
marca Beats by Dre, consistente em curtos vídeos lançados pouco antes do início
da Copa e que rapidamente se tornaram virais, estrelada por jogadores famosos –
entre estes, Neymar e Luis Suárez – que aparecem usando os icônicos fones de
ouvido da marca antes de uma partida de futebol. Apesar de apresentar imagens
do Brasil e do mundo do futebol, os vídeos não faziam qualquer referência à
Copa do Mundo FIFA.
Silveiro
Advogados
Nenhum comentário:
Postar um comentário