Conhecer os direitos e todas as etapas do parto ajudam a gestante a lutar contra os abusos cometidos durante o pré-Natal, o parto, aborto ou pós-parto
O Brasil vem lutando há anos contra a misoginia, mas de um tempo pra cá, um tema que antes era considerado rotina, veio à tona como denúncia para ser debatido e combatido: a violência obstétrica. "Violência obstétrica é quando o processo fisiológico do parto se torna excessivamente medicalizado, quando a mulher não é respeitada física, psicológica e verbalmente. Quando se ultrapassam as recomendações científicas tanto em relação à assistência ao pré-natal quanto ao parto, através de uso exagerado de tecnologia em desrespeito ao processo fisiológico", explica a enfermeira obstetra Cinthia Calsinski.
São muitas as formas de manifestação do problema, que pode ocorrer no
pré-natal, no parto ou no aborto:
- Física: a gestante é agredida fisicamente, é amarrada à maca, lhe aplicam
ocitocina para estimular as contrações uterinas, aumentando o sofrimento
materno, realizam episiotomia de rotina, usam fórceps de forma desnecessária,
realização de toques indesejados ou feitos por múltiplos profissionais sem que
eles se apresentem, entre outros.
-Psicológica: ameaças, chacotas, tortura psicológica, ofensas, piadas e todo tipo de humilhação à gestante. Também é violência obstétrica psicológica coagir a gestante a agendar a cesárea e negar informações sobre sua saúde e a do bebê.
- Institucional: quando o hospital recusa atendimento, impede a mulher de ter seus direitos realizados - seja no ambiente público ou privado, como negar acesso a um acompanhante.
- Sexual: insinuações, cantadas, “ponto do marido”, comentários e chacotas
quanto ao ato que engravidou a mulher, laqueadura sem consentimento.
“Todas essas situações são muito graves e passíveis de punição. Mas, para que
isso ocorra, a mulher precisa saber reconhecer seus direitos e as situações de
violência obstétrica”, orienta Cinthia.
As denúncias podem ser feitas por meio do telefone 180 (Secretaria de Políticas para Mulheres), 136 (para denunciar hospitais públicos ou conveniados ao SUS para o Ministério da Saúde), para a ouvidoria da instituição, caso seja privada, ou para o 0800-701-9656 (ANS).
“O que não pode ocorrer é a mulher sofrer a
violência obstétrica e se calar. Somente com a denúncia, a educação e a
informação é que poderemos dar fim a este problema”, conclui a enfermeira
obstetra.
Cinthia
Calsinski - Enfermeira Obstetra - Enfermeira Graduada pela Universidade Federal de
São Paulo-Unifesp; Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de São
Paulo-Unifesp; Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de São
Paulo-Unifesp; Enfermeira Obstetra pelo Centro Universitário São Camilo; Consultora
do Sono Materno-Infantil formada pelo International Maternity e Parenting
Institute (IMPI).
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