O hálux
valgo, mais conhecido como “joanete” é uma das deformidades mais comuns dos pés
O hálux valgo, mais conhecido como joanete, é uma deformidade que se
desenvolve na parte da frente do pé, mais especificamente no osso que liga o
dedão do pé (hálux) ao metatarso, a parte do meio dos pés. De uma forma mais
simples, o joanete é uma saliência óssea que afeta o dedão do pé, chamado de
hálux.
Estima-se que o joanete ocorre em 23% dos adultos entre 18 e 65 anos e em até
36% da população acima dos 65. Portanto, ao contrário do que muitas pessoas
pensam, não é uma doença exclusiva da terceira idade. O joanete pode afetar até
30% das mulheres na fase adulta.
Segundo Walkíria Brunetti, fisioterapeuta especialista em Pilates e RPG,
o joanete afeta a falange do hálux (dedão do pé) e o metatarso (parte do meio
do pé).
"Ocorre um alargamento da articulação que liga o dedão ao metatarso, que
fica desalinhada e se desvia em direção aos dedos menores. Em alguns casos, há
formação de uma saliência óssea que se torna muito dolorida. Essa saliência é a
imagem que as pessoas costumam ter de um joanete”.
Sapatos apertados demais
Embora a origem exata do joanete ainda não seja totalmente compreendida, é
muito comum observar o joanete em pessoas, especialmente em mulheres, que usam
sapatos muito apertados e altos.
“Atualmente, acredita-se que a deformidade é multifatorial, ou seja, associa-se
a fatores genéticos, anatômicos (como pé plano valgo); hipermobilidade
articular e encurtamento muscular dos membros inferiores; fatores ambientais
como o uso de sapatos inadequados, assim como lesões por traumas repetitivos”,
explica Walkíria.
Uma curiosidade é que as praticantes do ballet clássico costumam desenvolver o
joanete devido ao uso das sapatilhas apertadas na parte da frente dos pés,
somado aos movimentos de ponta durante muitos anos.
Outras causas são as doenças reumatológicas, que causam deformidades nas
articulações, como a artrite reumatoide, gota, bem como doenças genéticas que
afetam o tecido conjuntivo, como a síndrome de Down e de Marfan, entre outras.
Dor aguda é o primeiro sintoma
Inicialmente, o joanete costuma ser assintomático. A partir da evolução da
deformidade, surgem os sintomas como inchaço, vermelhidão e dor no local. Esses
sintomas estão associados à bursite, que é a inflamação da bursa. Trata-se de
uma bolsa cheia de líquido que protege os tecidos das articulações. Basicamente,
a bursa evita o atrito entre ossos e outras estruturas como os tendões.
“A dor causada pelo joanete costuma ser intensa e progressiva, além de impedir
que a pessoa caminhe ou calce sapatos. Quando não tratado, o joanete pode
evoluir para bolhas, feridas, irritação da pele no local da deformidade e
reduzir, drasticamente, a mobilidade do paciente”, diz Walkíria.
Tratamento envolve correção postural
Inicialmente, o tratamento costuma ser conservador com uso de medicamentos,
fisioterapia, palmilhas ortopédicas e recomendação de sapatos que não piorem a
joanete. Contudo, quando a saliência óssea é muito protuberante, é necessário
remover cirurgicamente, com raspagem do osso e outros procedimentos.
Walkíria chama a atenção para o fato de que mesmo que a pessoa precise da
cirurgia, os casos de joanete têm muita ligação com o padrão postural e a
anatomia do pé. As pessoas que têm o pé plano e o joelho valgo adotam uma
postura que aumenta muito o risco de desenvolver o hálux valgo.
O joelho valgo é a condição em que os joelhos ficam desalinhados e voltados
para dentro, encostando um no outro. Já o pé plano (popularmente chamado de “pé
chato”) é outra condição que leva a pisada para dentro. Isso leva à inclinação
do dedão para o lado oposto. Essas duas condições aumentam muito o risco de
desenvolver o joanete.
“Portanto, a correção postural é importante para prevenir que a pessoa tenha
recorrência do joanete. Além disso, o ideal seria realizar uma correção
postural preventiva. Em outras palavras, pessoas com joelhos valgos e pés
planos deveriam procurar um fisioterapeuta para corrigir essas condições e
evitar, futuramente, o desenvolvimento do hálux valgo”, reforça Walkíria.
Por fim, o trabalho da fisioterapia também envolve exercícios de alongamento e
fortalecimento da musculatura dos membros inferiores para reequilibrar esses
grupos musculares que participam da marcha.
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