A saúde financeira do
brasileiro tem sido um tema recorrente nos veículos de mídia especializados e
nas redes sociais. E não é à toa, já que esse é um indicador importante,
diretamente ligado à qualidade de vida das pessoas. Saber lidar com o próprio
dinheiro é necessário para fazer escolhas mais conscientes, permitindo não
apenas estar em dia com os pagamentos, o que garante segurança e bem-estar
social, mas também a concretização de projetos que dependem de aporte
financeiro, como a compra de um imóvel ou a realização de uma viagem
internacional.
Ainda que o Brasil esteja
longe de ter uma população plenamente consciente quando o assunto é dinheiro, o
tema já chegou ao debate público e, aos poucos, vamos quebrando barreiras
culturais, na expectativa de que as gerações futuras possam lidar de forma mais
consciente com suas finanças pessoais.
O primeiro passo é
permitir que as pessoas estejam cada vez mais longe do fantasma da
inadimplência – hoje, são quase 65 milhões de brasileiros com dívidas, de
acordo com o último levantamento do Serasa – e tenham condições de realizar
seus desejos materiais: das festas às viagens, dos veículos até a tão sonhada
casa própria.
O pulo do gato está em
entender conceitos e riscos, de forma a despertar a vontade de ter uma vida
financeira mais saudável. Muito do que se aprende com educação financeira está
intimamente ligado a uma mudança de comportamento. Por isso, começar a tratar
do tema cedo, antes mesmo da vida adulta, pode trazer resultados ainda
melhores.
O Programa Internacional
de Avaliação de Estudantes, o PISA, que avalia a cada três anos conhecimentos
gerais entre estudantes com 15 anos de idade, dá uma ideia do cenário atual.
Dentre os temas avaliados, está a competência financeira desses jovens, que é
classificada em um ranking internacional entre os 20 países
participantes.
O último relatório, de
2018, demonstra que, apesar do Brasil ainda estar abaixo da média geral entre
os países analisados, houve uma melhora considerável em comparação à avaliação
de 2015. Nossa média passou de 393 para 420, enquanto a média geral é de 505,
em 2010. Ficamos em 17º lugar na categoria letramento financeiro em 2018, mas,
anteriormente, tivemos a pior performance entre todos os países
analisados.
Outro levantamento, dessa
vez do Banco Central, mostra a mesma tendência. De acordo com o Relatório da
Cidadania Financeira de 2021, o índice de educação financeira brasileira também
teve uma tímida, mas ainda relevante, melhora: fomos de 36,6 pontos em 2017
para 37,2 em 2020. O valor máximo do indicador é de 100 pontos.
Acompanhando a nova
jornada do brasileiro em procurar ferramentas para guardar e multiplicar seu
dinheiro, o mercado de consórcios vem apontando crescimento. De acordo com
a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios, a ABAC, no
comparativo entre o primeiro trimestre deste ano e o mesmo período do ano
passado, o setor teve um aumento de 7,7% no número de participantes ativos,
totalizando 8,54 milhões de brasileiros. Como funciona como uma “poupança
programada”, a modalidade é ideal para aqueles que não têm disciplina para
guardar dinheiro, considerando que o dono da cota assume o compromisso de pagar
parcelas mensais, que serão revertidas em patrimônio no futuro.
Tivemos gerações e gerações de pessoas que não receberam noções de
educação financeira e aprenderam a lidar com suas finanças na base da tentativa
e do erro. A tendência para o brasileiro é que, cada vez mais, tendo recursos
disponíveis para tal, procure informações e ferramentas que permitam não só que
ele “fique no azul”, mas que também realize seus planos materiais, mesmo em
momentos em que condições econômicas pessoais e do país não estejam favoráveis.
Tatiana
Schuchovsky Reichmann - CEO da Ademicon
Nenhum comentário:
Postar um comentário