Principais conflitos geracionais envolvem divergências acerca da melhor forma de educar, o estabelecimento de regras e limites, alterações na rotina alimentar e o questionamento de ordens que levam os pais a se sentirem desautorizados pelos avós
O aumento
da expectativa de vida sugere que o século XXI será considerado o século dos
avós. Segundo a projeção de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), atualmente existem 73 milhões de possíveis avós no país. Se
levarmos em consideração a idade populacional, pela primeira vez na história
existem mais avós do que netos, já que são 705 milhões de pessoas acima de 65
anos contra 680 milhões entre zero e quatro anos. Estimativa da Organização das
Nações Unidas (ONU) aponta que até 2050 teremos dois idosos para cada criança
de até quatro anos. A data 26 de julho é marcada como o Dia dos Avós e serve
para lembrar a importância desse ente na vida das famílias, sendo que grande
parte deles é o principal responsável pelos cuidados dos netos.
De acordo
com a psicóloga Luciene Bandeira, diretora de saúde mental de Conexa, maior
player de saúde digital da América Latina, apesar de ser inegável a importância
que os avós têm na transmissão dos conhecimentos e na história de uma geração
para outra, é comum vermos pais se queixando que a sogra ou sogro, e até mesmo
seus próprios pais e mães, interferem demais na criação de seus filhos, o que
até certo ponto é normal e esperado, pois eles se disponibilizam para ajudar no
que for preciso. “Ao nos tornarmos avós participamos indiretamente dos cuidados
com os netos, ao mesmo tempo em que nos envolvemos mais com nossos filhos,
ensinando-os a serem pais, mas nem sempre essa transição de papéis acontece de
forma harmônica. Entre as principais queixas dos pais em relação aos avós de
seus filhos estão as divergências acerca da melhor forma de educar, o
estabelecimento de regras e limites, alterações na rotina alimentar e o questionamento
de ordens que levam os pais a se sentirem desautorizados pelos avós”.
Luciene,
que também é responsável técnica por Psicologia Viva, explica que tudo depende
do tipo de relacionamento que pais e avós têm antes mesmo do nascimento da
criança. Relações próximas e afetuosas tendem a ser fortalecidas, já relações
competitivas e conflituosas tendem a se tornar mais difíceis. “Diante dos novos
arranjos familiares, os limites e fronteiras que delimitam as funções de cada
membro dentro da dinâmica da família se tornaram expandidas e difusas, podendo
gerar uma certa confusão de papéis. Os desafios sociais e econômicos e a
necessidade de ajuda dos pais nas tarefas de cuidado aos filhos contribuem
ainda mais para a falta de clareza por parte dos adultos (pais e avós) e também
pelas crianças (netos). Quando os netos ficam sob o cuidado dos avós durante
longos períodos, é compreensível que haja dúvida sobre a quem devem obedecer,
levando à confusão, insegurança e falta de referências”, conta a psicóloga.
A orientação
de um profissional de psicologia poderá auxiliar na busca por estratégias para
melhorar o relacionamento com os avós de seus filhos e estabelecer limites, bem
como na solução de questões prévias ao nascimento da criança. Já para os avós,
a orientação psicológica pode ser útil na compreensão e aceitação de seu lugar
na dinâmica familiar de modo que possa estar presente de forma positiva e
carinhosa para os netos, ajudando os filhos sem desautorizá-los. Por fim, para
os netos, a psicoterapia poderá restabelecer as referências e prevenir
problemas resultantes do conflito familiar.
Conexa
https://www.conexasaude.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário