Especialista em medicina integrativa, faz alerta sobre sobrecarga física e mental, relacionada a dupla jornada de trabalho, home office e trabalho hibrido pós-pandemia
O termo “workaholic” tem sido
muito utilizado nesta era da produtividade e até visto por alguns como um
elogio para profissionais em tempo integral, aqueles que dão conta de tudo, são
multitarefas e basicamente incansáveis. Mas, será que o trabalho tem ocupado
mais espaço do que deveria em nossas vidas? Porque ainda estamos estimulando a
ideia de que homens e mulheres precisam ser super-heróis o tempo todo? Estes
são alguns dos questionamentos levantadas pela especialista em medicina
integrativa, Dra. Esthela Oliveira.
Segundo uma pesquisa feita pela LHH do
Grupo Adecco, empresa suíça de recursos humanos que atua em 60 países, 38% dos
15mil trabalhadores ativos entrevistados no estudo, afirmaram ter apresentado sintomas
característicos da Síndrome de Burnout, no último ano. “Com o home office
ganhando espaço devido a pandemia, uma barreira delicada foi rompida, aquela
que diferenciava o espaço e tempo de trabalho com o destinado ao lazer e
descanso”, afirma a especialista.
Em um período muito curto de tempo as
pessoas tiveram de se acostumar com rotinas hibridas de trabalho, unindo
tarefas domésticas às de trabalho em um mesmo ambiente, o que resultou em uma
inevitável sobrecarga física e principalmente mental. Não atoa, o Burnout
entrou para a lista das doenças de trabalho reconhecidas pela Organização
Mundial da Saúde em 2022.
“O problema é que com a rotina tão
intensa e bagunçada, fica fácil esquecer da importância do descanso. Mas, assim
como um elástico que quando esticado demais, perde a elasticidade, nós também
nos levamos ao limite quando não aprendemos a desacelerar. As consequências
disso são os picos de estresse, mudanças de humor, problemas com as relações
interpessoais, falta de concentração e memória, distúrbios alimentares e do
sono, além da ansiedade e dos prejuízos a médio e longo prazo, como diabetes,
sobrepeso, insônia, depressão, dores inexplicáveis no corpo, cabeça e coluna”,
alerta Esthela.
Segundo a especialista em medicina
integrativa, quando não dedicamos um tempo para relaxar e condicionamos nosso
corpo a um esforço máximo, o cérebro passa a entender o cansaço e vários outros
sinais como uma ameaça, liberando no organismo hormônios que mantenham o corpo
acordado e ativo, mesmo quando não há mais forças, levando a um nível extremo
de exaustão e estresse.
“É neste ponto que a Síndrome de
Burnout surge e todo o porco começa a sofrer as consequências. Não podemos
permitir que chegue a isso. O descanso é imprescindível. O sono deve ser
reparador e para isso a dica é entrar em modo off-line por pelo menos uma hora
antes de deitar, sem telas, apenas um estímulo sonoro leve, se quiser. Tire
momentos do seu dia para fazer pausas de alguns minutos nas atividades a fim de
desacelerar. Procure aderir a práticas relaxantes, invista tempo em um hobby,
faça atividades físicas. Tente viajar e sair da rotina sempre que possível,
estar em meio à natureza, em um lugar calmo, pode ajudar”, recomenda.
A médica indica ainda: Sempre que
sentir os níveis de estresse muito altos, tente parar um pouco e prestar
atenção na sua respiração, se concentre nela para se acalmar e lembre-se que
não é preciso dar conta de tudo hoje, organize prioridades e aceite o que não
pode ser resolvido. Procure conversar com alguém nessas situações, ter uma rede
de apoio em casa e no trabalho é sempre importante.
Esthela Oliveira - Médica do esporte (RQE 76855), membro titular da Sociedade
Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte e médica do corpo clínico do
Hospital Israelita Albert Einstein. É pós-graduada em nutrologia pela
Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Pós-graduada em Medicina
Integrativa pelo Instituto de ensino e pesquisa Albert Einstein. Em 2019
Realizou curso de Mind Body Medicine na Universidade de Harvard. Fundadora da
Side Clinic, espaço que busca trazer uma visão mais ampla no cuidado com os
pacientes, acompanhando-os em todas as etapas da vida e em todas as suas
esferas: físico, emocional e mental, por meio da associação de técnicas
integrativas, como ferramenta para complementar a medicina tradicional.
draesthelaoliveia
l @sideclinic
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