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quarta-feira, 25 de maio de 2022

Quando vamos aprender a descansar de verdade

Especialista em medicina integrativa, faz alerta sobre sobrecarga física e mental, relacionada a dupla jornada de trabalho, home office e trabalho hibrido pós-pandemia


O termo “workaholic” tem sido muito utilizado nesta era da produtividade e até visto por alguns como um elogio para profissionais em tempo integral, aqueles que dão conta de tudo, são multitarefas e basicamente incansáveis. Mas, será que o trabalho tem ocupado mais espaço do que deveria em nossas vidas? Porque ainda estamos estimulando a ideia de que homens e mulheres precisam ser super-heróis o tempo todo? Estes são alguns dos questionamentos levantadas pela especialista em medicina integrativa, Dra. Esthela Oliveira.

Segundo uma pesquisa feita pela LHH do Grupo Adecco, empresa suíça de recursos humanos que atua em 60 países, 38% dos 15mil trabalhadores ativos entrevistados no estudo, afirmaram ter apresentado sintomas característicos da Síndrome de Burnout, no último ano. “Com o home office ganhando espaço devido a pandemia, uma barreira delicada foi rompida, aquela que diferenciava o espaço e tempo de trabalho com o destinado ao lazer e descanso”, afirma a especialista.

Em um período muito curto de tempo as pessoas tiveram de se acostumar com rotinas hibridas de trabalho, unindo tarefas domésticas às de trabalho em um mesmo ambiente, o que resultou em uma inevitável sobrecarga física e principalmente mental. Não atoa, o Burnout entrou para a lista das doenças de trabalho reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde em 2022.

“O problema é que com a rotina tão intensa e bagunçada, fica fácil esquecer da importância do descanso. Mas, assim como um elástico que quando esticado demais, perde a elasticidade, nós também nos levamos ao limite quando não aprendemos a desacelerar. As consequências disso são os picos de estresse, mudanças de humor, problemas com as relações interpessoais, falta de concentração e memória, distúrbios alimentares e do sono, além da ansiedade e dos prejuízos a médio e longo prazo, como diabetes, sobrepeso, insônia, depressão, dores inexplicáveis no corpo, cabeça e coluna”, alerta Esthela.

Segundo a especialista em medicina integrativa, quando não dedicamos um tempo para relaxar e condicionamos nosso corpo a um esforço máximo, o cérebro passa a entender o cansaço e vários outros sinais como uma ameaça, liberando no organismo hormônios que mantenham o corpo acordado e ativo, mesmo quando não há mais forças, levando a um nível extremo de exaustão e estresse.

“É neste ponto que a Síndrome de Burnout surge e todo o porco começa a sofrer as consequências. Não podemos permitir que chegue a isso. O descanso é imprescindível. O sono deve ser reparador e para isso a dica é entrar em modo off-line por pelo menos uma hora antes de deitar, sem telas, apenas um estímulo sonoro leve, se quiser. Tire momentos do seu dia para fazer pausas de alguns minutos nas atividades a fim de desacelerar. Procure aderir a práticas relaxantes, invista tempo em um hobby, faça atividades físicas. Tente viajar e sair da rotina sempre que possível, estar em meio à natureza, em um lugar calmo, pode ajudar”, recomenda.

A médica indica ainda: Sempre que sentir os níveis de estresse muito altos, tente parar um pouco e prestar atenção na sua respiração, se concentre nela para se acalmar e lembre-se que não é preciso dar conta de tudo hoje, organize prioridades e aceite o que não pode ser resolvido. Procure conversar com alguém nessas situações, ter uma rede de apoio em casa e no trabalho é sempre importante.

 

Esthela Oliveira - Médica do esporte (RQE 76855), membro titular da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte e médica do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein. É pós-graduada em nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Pós-graduada em Medicina Integrativa pelo Instituto de ensino e pesquisa Albert Einstein. Em 2019 Realizou curso de Mind Body Medicine na Universidade de Harvard. Fundadora da Side Clinic, espaço que busca trazer uma visão mais ampla no cuidado com os pacientes, acompanhando-os em todas as etapas da vida e em todas as suas esferas: físico, emocional e mental, por meio da associação de técnicas integrativas, como ferramenta para complementar a medicina tradicional.

draesthelaoliveia l @sideclinic


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