Foto Cristiano Menezes |
Na próxima sexta-feira, dia 20 de maio,
é comemorado o dia internacional da abelha, um inseto fundamental para o
equilíbrio ambiental e a sustentabilidade econômica global. Por esse motivo, o Parque Ecológico Imigrantes (PEI), a Universidade
Federal de São Paulo (UNIFESP), Campus Diadema, o Rotary Club de São Bernardo
do Campo e o Centro de Formação e Integração Social -- CAMP SBC criaram o
projeto Pró-Mel SBC. Uma iniciativa que tem como missão capacitar pessoas carentes para que transformem a prática da
meliponicultora em alternativa de renda, segurança alimentar, autonomia social,
sustentabilidade econômica e ambiental. A ação está em desenvolvimento na
cidade de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.
Esse processo se dará por meio da ação
social que visa capacitar como meliponicultores as pessoas das comunidades
carentes que vivem na cidade de SBC, tendo como projeto piloto os moradores do
Bairro Santa Cruz, região denominada de “Pós-Balsa”, no entorno do PEI. O que
possibilitará uma fonte de geração de renda complementar aos participantes.
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Segundo Márcio Koiti Takiguchi, diretor
do PEI, “a ideia é contribuir com o aumento da conscientização ambiental,
preservação da natureza, geração de renda e capacitação profissional de pessoas
que vivem em situação de vulnerabilidade”. O Pró-Mel SBC está em completa
consonância com o apelo universal à ação para acabar com a pobreza, proteger o
planeta e assegurar que todas as pessoas tenham paz e prosperidade.
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Para dar início ao projeto o Rotary Club SBC doou os equipamentos e as colmeias que estão sendo tratadas no Campus da UNIFESP em Diadema. Para Eduardo Moretti, Presidente do Rotary Club SBC, gestão 2020-2021, o Pró-Mel SBC alinha-se de forma cabal com algumas das propostas do Rotary Internacional que são geração de renda, emprego e preservação do meio ambiente.
“Ao lado de outros agentes
polinizadores, as abelhas nativas ajudam na reprodução da flora e na produção
de vegetais por meio da polinização cruzada. Um serviço ecológico para a
conservação dos ecossistemas e no desenvolvimento da agricultura e produção de
alimentos”, explica a professora Fabiana E. Casarin, do Departamento de
Ecologia e Biologia Evolutiva da UNIFESP.
A introdução e manejo das abelhas
nativas são importantes para o equilíbrio ambiental. O Brasil possui cerca de
400 espécies de abelhas nativas, entre as principais estão a Jataí, Mandaçaia,
Manduri e Uruçu.
Segundo Luiz Antonio Novi, presidente
do CAMP SBC, o grande mote dessa iniciativa é promover o empreendedorismo. São
infinitas as possibilidades do projeto nesse sentido, principalmente para
aqueles que serão assistidos, pois terão a possibilidade de criar uma renda
para si trabalhando com as abelhas. Estamos percebendo isso acontecer com a
distribuição e manutenção das colônias, para posteriormente buscarmos os
resultados”, explica Novi.
Aulas teóricas e práticas formam
meliponicultores
O projeto deu início às aulas teóricas
e práticas para capacitação e formação de meliponicultores. A configuração das
primeiras turmas foi realizada por meio de triagem e entrevistas com os
moradores da região do Bairro Santa Cruz. Os próximos encontros estão
programados para julho, com uma aula teórica e, em setembro de 2021, com a
última aula prática para a turma.
Foto: Cristiano Menezes |
Ministradas pelas professoras do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da Unifesp, campus Diadema, Fabiana E. Casarin e Michelle Manfrini Morais Vatimo; e pelas alunas de mestrado, Laís Calpacci Araújo e Patricia Miranda; e apoio dos alunos de iniciação científica, Diego de Jesus e Yuri Diogo.
A abordagem teórica destacou temas como a história do relacionamento entre o homem e as abelhas; a diversidade de espécies; as abelhas sem ferrão (melíponas); a importância das abelhas como polinizadoras e como elas levam recursos para a colônia; os meliponicultores e a regulamentação; e a legislação para produtores no Estado de São Paulo.
Eduardo Sene, presidente do Rotary Club SBC para a Gestão 2021-2022, foi um dos responsáveis pelas entrevistas junto aos alunos que participaram do projeto. Segundo ele, “é gratificante ver a disposição, empolgação e comprometimento dos interessados que vieram participar das aulas e o desejo de começar a manusear as colmeias”.
Aula prática em
ambiente aberto
Respeitando o distanciamento físico e o
uso de máscaras e seguindo os protocolos sanitários de combate à Covid-19, a
primeira aula prática foi realizada no Parque Ecológico Imigrantes. A turma,
com 30 participantes, foi dividida em três ilhas.
Na primeira ilha, o tema foi a
Biodiversidade, com abordagem sobre as abelhas eussociais. Para observar com
detalhes as características biológicas específicas das abelhas utilizou-se
amostras de animais secos, vistos por meio de microscópios com lupa.
“Trabalhamos com as espécies melíponas e os trigoniformes (como exemplo, Trigonas,
Scaptotrigona, Oxytrigona etc) nativas do Brasil. Além dessa
espécie, trouxemos as abelhas esverdeadas e azuladas que são solitárias e
importantes polinizadoras”, explica a professora Michelle.
As estruturas dos ninhos naturais e artificiais foram observadas pelos alunos na segunda ilha. “As melíponas e trigoniformes costumam fazer ninhos em ocos de árvores (além de ninhos aéreos, buracos no solo ou ninhos abandonados de formigas e cupins). Por meio de fotos em banners mostramos como são os ninhos na natureza e quais as possibilidades de reproduzi-los fora da mata, com as colmeias”, ressalta a professora Fabiana.
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Por meio de colmeias, feitas em caixas com laterais em acrílico transparente, pode se ver três colônias com diferentes tipos de abelhas trigoniformes. Isso possibilitou aos alunos enxergar a estrutura interna, como são construídos os favos, o formato, a disposição no ninho, os potes de alimento e a diferença entre as espécies na alimentação e fabricação do mel.
A captura dos enxames na natureza foi o
tema da terceira ilha. As professoras usaram para demonstração o que elas
chamam de ninho armadilha ou “caixa isca”. São atrativos colocados em garrafas
pet que atraem as espécies para que possam ser levadas para as colônias. Como
experiência, elas abriram um ninho de abelhas melíponas para mostrar as
estruturas internas.
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Nessa etapa, os participantes conheceram os favos de alimentos e experimentaram o produto. Compararam a diferença de sabor, cor e viscosidade que o mel dos meliponíneos tem em relação ao produzido pela espécie de abelha africanizada Apis mellifera mais popular no Brasil.
Além disso, as professoras mostraram a
importância da alimentação artificial com xarope em períodos de escassez
alimentar (principalmente no inverno), quando e quais são os melhores períodos
do ano para efetuar a divisão das colônias foram outros destaques.
As abelhas
brasileiras
As abelhas brasileiras
são consideradas eussociais, não possuem ferrão, obedecem a uma organização de
trabalho por castas e os machos só podem fecundar as rainhas virgens. As
espécies nativas, presentes em todo o território nacional, são consideradas
como pertencentes ao mais alto grau de organização social.
Entre as espécies de
abelhas brasileiras sociais estão as Meliponas e os Trigoniformes. São
classificadas como uma das sociedades mais complexas da natureza. A
eussocialidade possui três características: a sobreposição de gerações em um
mesmo ninho, o cuidado cooperativo com a prole, e uma clara divisão de tarefas
(reprodutores e operárias).
As abelhas operárias
realizam a maioria das atividades de sustento do enxame, como construção e
manutenção dos discos/cachos de cria, coleta e processamento de alimento,
limpeza e proteção da colônia e cuidado com as crias. A rainha é responsável
pela postura dos ovos e os machos são responsáveis pela fecundação das
princesas (rainhas virgens).
Nas Meliponas, um
quarto das operárias podem virar rainhas de acordo com a proporção da
distribuição genética, enquanto os Trigoniformes constroem células reais que
têm tamanho maior e recebem mais alimentos que as células comuns, conhecidas
como “realeiras” e dão origem a uma rainha virgem (princesa).
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