As doenças neurológicas, de uma forma geral, tendem
a ter um grande impacto na qualidade de vida daqueles que as possuem, sendo
muito importante que familiares e pacientes entendam o essencial sobre estas
disfunções, para que as suas consequências sejam minimizadas. Daí a importância
em se conhecer mais sobre uma condição da qual muito se tem falado: a Afasia
Primária Progressiva (APP).
A APP é uma doença neurológica rara caracterizada
pelo início insidioso e progressivo da perda da capacidade em falar, tendo
início geralmente ao redor dos 60 anos. No início da APP, o portador desta
doença, apesar das dificuldades de comunicação, mantém relativa independência e
autonomia, mas com o passar do tempo outros domínios cognitivos podem ser
comprometidos, como, por exemplo, a memória, o que pode acarretar uma maior
necessidade de cuidados por parte de familiares ou cuidadores.
Os sintomas variam muito de pessoa para pessoa,
mas, de uma forma geral, o elemento clínico inicial predominante se caracteriza
pela dificuldade em articular a fala, ocorrendo erros gramaticais frequentes ao
tentar se comunicar, tendo o paciente dificuldade em achar a melhor palavra
para que possa adequadamente se expressar. Da mesma forma, a dificuldade na
compreensão da fala dos outros ou em nomear objetos também pode ocorrer. Pode
ainda ocorrer dificuldade em reconhecer pessoas ou objetos.
O diagnóstico da APP é eminentemente clínico e não
é fácil, podendo ser importante o emprego de exames complementares para que
sejam afastados outros diagnósticos diferenciais. Neste sentido, a realização
de testes neuropsicológicos, com os quais são estudados diferentes domínios
cognitivos do paciente, pode contribuir muito com o diagnóstico. Exames de
imagem, como por exemplo a ressonância magnética de encéfalo, que mostra o
cérebro de forma detalhada, pode mostrar atrofia do córtex cerebral nas áreas
responsáveis pela linguagem.
Infelizmente, não existe ainda um tratamento
medicamentoso para curar ou reverter os sinais e sintomas da APP, sendo muito
importante que os familiares ou cuidadores do paciente com APP sejam orientados
em relação aos cuidados necessários para que a sua qualidade de vida seja
mantida da melhor forma possível.
Carlos
Roberto Caron - professor de
Neurologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR).
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