Cerca de 35% da
população mundial não metaboliza ácido fólico em metilfolato e ingerir a
substância nestas condições, especialmente na gestação, não garante os
benefícios dela ao bebê. Além disso, o excesso de ácido fólico não metabolizado
no organismo pode causar malformação e autismo
A Medicina avança a passos largos e já se sabe que
a suplementação de nutrientes faz parte de uma gestação saudável. A OMS –
Organização Mundial da Saúde recomenda, por exemplo, a suplementação de Ferro e
Ácido Fólico a toda a população de grávidas “a fim de evitar anemia das mães,
infecção puerperal, baixo peso à nascença e parto prematuro”.
Porém, essa recomendação é bastante controversa. “É
um erro prescrever ácido fólico às tentantes e gestantes e aos seus parceiros.
O correto é indicar a versão já metabolizada do nutriente, o metilfolato”,
alerta a ginecologista e obstetra Dra. Mariana Rosario, do corpo clínico do
hospital Albert Einstein.
Mas, por que é errado indicar o ácido
fólico?
O ácido fólico precisa se transformar em
metilfolato para ser absorvido pelo organismo. Essa metabolização acontece a
partir de uma enzima naturalmente produzida pelo corpo humano, chamada
metiltetrahidrofolato redutase (MTHFR). “O que acontece, porém, é que 35% da
população mundial, segundo um estudo de Guéant-Rodriguez e colaboradores,
realizado em 2006, não produzem essa enzima. Sendo assim, os corpos dessas pessoas
não transformam o ácido fólico em metilfolato e o nutriente não é aproveitado
pelas células, ele fica apenas circulando na corrente sanguínea”, explica a
Dra. Mariana.
Se a função do metilfolato é a de produzir novas
células, atuar no fechamento do tubo neural do bebê e participar ativamente na
formação do cérebro e da medula espinhal do feto, a mulher precisa ingeri-lo já
nessa versão, metabolizada, pelo menos três meses antes de engravidar e manter
o nutriente suplementado durante toda a gestação. “E não é só isso: o
metilfolato atua em outras funções do organismo, também ajudando a evitar
anemias e colaborando no transporte de nutrientes para o bebê. É um nutriente
fundamental na gestação”, diz a médica.
O que o excesso de ácido fólico pode
causar?
O excesso de ácido fólico não metabolizado no
organismo pode causar problemas de saúde. Essa substância, quando em excesso,
pode mascarar a falta de vitamina B12 – o que é um problema grave de saúde.
Além disso, um estudo da Escola de Saúde Pública da
Universidade Johns Hopkins indicou que o excesso da substância na gestação pode
levar a casos de autismo nos bebês. Segundo pesquisadores, grandes quantidades
de ácido fólico podem prejudicar os genes que maturam o encéfalo, causando
alguma malformação que proporcione o autismo.
Portanto, conforme a Dra. Mariana Rosario orienta,
é importante que cada tentante e gestante seja orientada a ingerir o
metilfolato em doses individualizadas, conforme as necessidades apresentadas a
partir de exames bioquímicos, com a dosagem ajustada da pré-concepção à
gestação. “A dose não é a mesma para todas as mulheres e nem utilizada durante
toda a gestação no mesmo volume. O obstetra a ajusta conforme a necessidade de
cada paciente”, explica.
A médica também alerta para os perigos da
automedicação. “Por tudo o que foi exposto, é imprescindível que medicamentos e
suplementos sejam ingeridos apenas sob restrita orientação médica”, conclui.
Dra. Mariana Rosario – Ginecologista, Obstetra e
Mastologista. CRM- SP: 127087. RQE Masto: 42874. RQE GO: 71979.
Nenhum comentário:
Postar um comentário