Ar seco e
poluição são os gatilhos. Mulheres sofrem mais. Entenda.
Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram que uma
das doenças oculares mais frequentes no mundo, a síndrome do olho seco, atinge
3 mulheres para cada homem. Segundo o
oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier
seis variáveis contribuem para que elas tenham mais olho seco:
· A mucosa ocular é frequentemente exposta a cosméticos e maquiagem.
· A superfície dos olhos tem receptores
de estrogênios que oscilam e podem aumentar ou diminuir a lubrificação dos
olhos.
· Ficam mais tempo em trabalhos online.
· Consomem mais antidepressivo que a
população masculina.
· O uso prolongado de pílula
anticoncepcional
· Têm o sistema imunológico mais forte e
por isso estão mais expostas a doenças autoimunes como alergia e rosácea.
O médico ressalta que isso não significa que o
anticoncepcional ou os tratamentos estéticos devam ser abandonados. A
recomendação é consultar um oftalmologista sempre que sentir algum desconforto
ocular
Sintomas
O especialista esclarece que os sintomas do olho
seco são coceira, queimação, olhos vermelhos e irritados, visão
borrada que melhora com o piscar, lacrimejamento excessivo, sensibilidade à
luz, desconforto após ver televisão, ler, trabalhar no computador ou celular.
O olho seco, afirma, é uma alteração na qualidade ou
quantidade da lágrima que é responsável pela proteção, oxigenação, umedecimento
e limpeza da superfície dos olhos que mantém a transparência da córnea. Por
isso, embora possa parecer um mal menor pode comprometer gravemente a visão se
não receber o tratamento adequado.
Cuidados com
cosméticos
Queiroz Neto afirma que o limite para aplicação de
maquiagem ou cremes é a borda dos cílios. O lápis deve ser usado sempre na
borda externa das pálpebras. A aplicação na borda interna, alerta, altera
o PH da lágrima e irrita os olhos. Cremes que contêm ácido retinoico jamais
devem ser usados na pálpebra superior porque podem induzir à irritação e edema
palpebral. "A mulher também deve estar atenta ao canto interno dos olhos
que representa a porta de entrada dos produtos" afirma. Caso isso
aconteça, a recomendação é lavar os olhos abundantemente com água. Para retirar
a maquiagem aconselha usar um cotonete embebido em xampu infantil que não causa
irritação se penetrar nos olhos e permite higienizar completamente a borda dos
cílios para evitar blefarite (inflamação da pálpebra) ou a formação de terçol.
Hormônios e
lágrima
O oftalmologista ressalta que entre mulheres as variações
hormonais relacionadas ao ciclo menstrual, uso de pílula anticoncepcional por
mais de 5 anos ininterruptos, diminuição dos hormônios no climatério e
menopausa estão intimamente relacionados ao olho seco. Isso porque, os
estrogênios têm influência direta na produção lacrimal. Não por
acaso, vários estudos demonstram que a reposição hormonal pode melhorar a
produção lacrimal e eliminar o risco de danos na córnea, principalmente entre
mulheres que têm ciclo menstrual irregular ou entram na menopausa precocemente.
Riscos ambientais
Outros gatilhos, comenta, da menor lubrificação dos olhos
são: a estiagem, poluição, vento, uso excessivo de ar condicionado, calor seco
nos dias frios, lentes de contato e excesso de telas.
Para quem usa muito o computador ou lê prolongadamente a
recomendação de Queiroz Neto é criar o hábito de piscar repetidamente ou
colocar o monitor abaixo do nível dos olhos, além de manter uma vasilha com
água para umedecer o ambiente. A síndrome também pode estar relacionada a
doenças como lúpus, alergias, entre outras. Além da pílula
anticoncepcional, ressalta, o uso de medicamentos para hipertensão,
distúrbios digestivos, antialérgicos, descongestionantes, antidepressivos e
tranqüilizantes também predispõe a alterações na lágrima.
Diagnóstico e
tratamento
Hoje o diagnóstico é totalmente automatizado e
permite ao paciente visualizar as camadas da lágrima, pontua. O tratamento vai desde uso de lágrima
artificial, até cirurgia no canal lacrimal, estímulo da produção de
lágrima através de dieta até aplicação de luz pulsada que estimula a produção
da lágrima. “Desde que começamos a aplicar estas novas tecnologias a adesão dos
pacientes ao tratamento aumentou muito. Isso porque, estimula a produção da
camada gordurosa da lágrima que impede a evaporação da aquosa. Este processo
pode ser visualizado em exames de imagens do filme lacrimal e estimula o
paciente a fazer o tratamento”, afirma. A dica do médico para manter os olhos
lubrificados é manter uma dieta vitaminas A e E. Omega 3 encontrados nas sementes linhaça,
nozes e outras oleaginosas reduz a evaporação da lágrima.
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