De acordo com a GEM, a taxa de empreendedores estabelecidos voltou a crescer em 2021. O levantamento traz também números sobre escolaridade e renda
O número de empreendedores brasileiros à frente de
um negócio com mais de 3,5 anos voltou a crescer no país. É o que aponta o
relatório da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2021, divulgado pelo Sebrae,
nesta quinta-feira (24), em coletiva com o presidente do Sebrae, em Brasília
(DF). Realizada no Brasil em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e
Produtividade (IBQP), a maior pesquisa de empreendedorismo do mundo indica que,
mesmo com os reflexos da pandemia, a Taxa de Empreendedores Estabelecidos teve
um incremento de 1,2 ponto percentual e passou de 8,7% da população adulta, em
2020, para 9,9%, no ano passado.
Para o presidente do Sebrae, Carlos Melles, esse
resultado aponta que parte dos empreendedores que abriram uma empresa nos
últimos anos conseguiu sobreviver à pandemia, o que deve ser visto como um
ponto positivo. Ele também ressalta que esse dado pode ser reflexo de medidas
como maior acesso a crédito, por meio do Programa Nacional de Apoio às
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), e de programas como
Auxílio Emergencial e Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda
(BEm). “Essas iniciativas deram mais fôlego para os empreendedores e permitiram
que eles sobrevivessem aos impactos da pandemia. Esses programas foram
essenciais para que muitas empresas se mantivessem abertas”, enfatiza.
Melles destaca que a Taxa de Empreendedores
Estabelecidos, apesar de ter sofrido uma forte queda entre 2019 e 2020, foi a
única que apresentou alta em 2021, o que corrobora a tese de que, além dos
programas de auxílio, a experiência dos empreendedores também garante uma
melhor gestão da empresa. O relatório da GEM mostra que a Taxa de
Empreendedorismo Inicial – composta por “nascentes” (quem realizou alguma ação
visando ter um negócio ou abriu um em até três meses) e por “novos” (com 3,5
anos de operação) – sofreu uma queda de 2,4 pontos percentuais e atingiu o
patamar de 21%.
De acordo com a pesquisa, os empreendedores
nascentes mantiveram o recorde alcançado em 2020, com uma taxa 10,2%, o que
evidencia que ainda há muitas pessoas procurando o empreendedorismo como
alternativa de ocupação, na chamada “porta de entrada” do empreendedorismo. Já
entre os novos, houve uma queda, passando de 13,4%, em 2020, para 11%, em 2021,
o que sinaliza que parte dos empreendedores que abriram um negócio nos últimos
anos não conseguiu se manter e outra parte foi para os estabelecidos.
“Entre os anos de 2019 e 2021, houve uma redução de
4,7 pontos percentuais entre os empreendedores novos, o que demonstra que
muitos foram impactados fortemente pela pandemia. É a maior queda bienal da
série histórica, ou seja, temos um grande volume de pessoas entrando, mas
também saindo”, comenta o presidente do Sebrae. “A queda na Taxa de
Empreendedorismo Inicial fez com que a taxa total de empreendedorismo no Brasil
caísse pelo segundo ano consecutivo e ficasse em 30,4%, valor semelhante ao de
2012, o que confirma uma acomodação do empreendedorismo no pós-pandemia”,
complementa.
Empreendedorismo por necessidade
Em 2021, o Brasil apresentou uma queda na taxa de
empreendedorismo por necessidade. Cerca de 48,9% dos empreendedores iniciais
abriram um negócio, no ano passado, em busca de uma fonte de renda. Em 2020,
esse percentual foi de 50,4%. Apesar da redução, esse ainda é o terceiro
patamar mais elevado da série histórica, aponta a pesquisa. “A pandemia teve
início em 2020 e junto com ela cresceu a quantidade de desempregados,
motivados, em muitos casos, pelo grande número de restrições nas atividades
econômicas. Com a vacinação e o arrefecimento das medidas restritivas, as
empresas voltaram a funcionar e a contratar, o que pode ter reduzido o
empreendedorismo por necessidade”, pontua Melles.
A taxa de empreendedorismo por necessidade é
composta por empreendedores nascentes, aqueles que pensam em abrir um negócio
ou já o fizeram em até três meses, e pelos novos, que possuem um negócio entre
três meses e 3,5 anos. Em 2020, 53,9% dos empreendedores nascentes foram para o
caminho do empreendedorismo por necessidade. Já em 2021, esse indicador caiu
para 49,6%. Entre os empreendedores novos, em 2020, eram 47,9% por
necessidade e, em 2021, subiram para 49,3%.
“O que podemos entender desse resultado é que a
maioria das pessoas que entraram no empreendedorismo em 2020 foi movida pela
necessidade. A parte boa é que exatamente na “porta de entrada” (Os
Empreendedores nascentes), verificamos uma redução em 2021. Outro ponto
positivo é que, em no ano passado, o empreendedorismo por oportunidade voltou a
motivar mais da metade dos empreendedores iniciais (quando somam-se os
nascentes e os novos)”, conclui o presidente do Sebrae.
Escolaridade mais alta
O relatório da GEM também assinala que os
empreendedores iniciais estão mais escolarizados: 28,5% deles têm curso
superior completo. Esse resultado é o maior já detectado desde o ano de 2013 e
apresenta um aumento em relação a 2020, quando 24,4% dos empreendedores
iniciais possuíam essa mesma escolaridade. Já os entrevistados com, no mínimo,
ensino médio completo correspondem a 47,1% do universo pesquisado.
“Quanto mais escolarizado o empreendedor, mais
propenso ele é a empreender por oportunidade e a realizar um planejamento, o
que acaba garantindo uma taxa mais alta de sucesso. Esse avanço na escolaridade
é fundamental para a melhoria do empreendedorismo brasileiro”, assegura o
presidente do Sebrae, Carlos Melles.
O principal grupo que motivou essa evolução foi o
de nascentes, aqueles que realizaram alguma ação visando ter um negócio ou
abriram um em até três meses. Nesse estrato, a proporção dos que têm nível
superior passou de 22,4% para 25,6%, entre 2020 e 2021. Entre os novos (com até
3,5 anos de operação), a proporção com nível superior passou de 26,6% para
31,3%.
Faixa de Renda
Apesar do aumento da escolaridade, esse resultado
ainda não se refletiu no acréscimo da renda do empreendedor inicial. De acordo
com a GEM 2021, 57% deles ganham até três salários-mínimos. “Podemos inferir
que os empreendedores iniciais são de baixíssima renda e que grande parte deles
são potenciais microempreendedores individuais (MEI) ou que se formalizaram há
pouco tempo nessa figura jurídica”, comenta o presidente do Sebrae. Os
empreendedores iniciais que ganham entre três e seis salários-mínimos equivalem
a 29,4% e os que recebem acima de seis salários-mínimos são 13,6%.
Pesquisa GEM
A GEM é a maior pesquisa de empreendedorismo do
mundo. Nos seus 22 anos de existência, 110 países participaram desse
mapeamento, que já promoveu mais de 10 milhões de entrevistas. O Brasil
participa do relatório desde 2002. Em 2021, participaram da pesquisa 50
países. No Brasil, foram realizadas duas mil entrevistas com pessoas entre 18 e
64 anos e com 46 especialistas no período de julho a outubro de 2021.
Sobre o Sebrae 50+50
Em 2022, o Sebrae celebra 50 anos de existência,
com atividades em torno do tema "Criar o futuro é fazer história". Denominado
Projeto Sebrae 50+50, a iniciativa enfatiza os três pilares de atuação da
instituição: promover a cultura empreendedora, aprimorar a gestão empresarial e
desenvolver um ambiente de negócios saudável e inovador para os pequenos
negócios no Brasil. Passado, presente e futuro estão em foco, mostrando a
evolução desde a fundação em 1972 até os dias de hoje, com um olhar também para
os novos desafios que virão para o empreendedorismo no país.
Confira
aqui um
Infográfico especial com mais informações sobre a Pesquisa.
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