Especialista do Sabará Hospital Infantil esclarece as
principais dúvidas sobre o tema
A
epilepsia, segundo a Liga Brasileira de Epilepsia, é uma doença neurológica
caracterizada por alteração, temporária e reversível, das descargas elétricas
cerebrais ocasionando as crises epilépticas que podem se manifestam por meio de
alterações da consciência ou dos movimentos erráticos, sensitivos/sensoriais, autonômicos
como suor excessivo, queda de pressão ou psíquicos involuntários. A doença
afeta pessoas de todas as faixas etárias e tem causas diversas.
Segundo
dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença atinge mais de 50 milhões
de pessoas no mundo e cerca de três milhões de brasileiros. A maior parte dos
tipos de epilepsia, que podem ser sucintamente divididas entre parciais e
generalizadas, tem início na infância, até os cinco anos de idade. A condição é
mais recorrente em bebês nascidos em países em desenvolvimento e em populações
rurais. Da totalidade dos casos, uma média de 70% a 80% desaparece na
adolescência, porém, 20% a 30% podem ser consideradas graves e permanecem até o
fim da vida.
De
acordo com o neurologista pediátrico e coordenador da Linha de Cuidado em
Neurologia do Sabará Hospital Infantil, Dr. Carlos Takeuchi, a epilepsia pode
apresentar diferentes características entre os meninos e as meninas. “As
meninas adolescentes têm os hormônios mexendo com seu organismo
mensalmente. Na adolescência passam pela introdução de métodos contraceptivos e
tudo isso faz diferença na hora do tratamento”, explica o neuropediatra.
Dr.
Carlos Takeuchi explica que a epilepsia infantil pode ter diversas causas:
“podem surgir a partir de problemas congênitos ou malformações, algumas
infecções cerebrais como encefalite e meningite viral ou tumores cerebrais ou
algum trauma ou ferimento na região do cérebro”. Cada
subtipo de epilepsia afeta o cérebro de maneira diferentes.
Como se faz
o diagnóstico
O
diagnóstico é feito a partir da suspeita clínica e depois se pedem exames
complementares. Quando há a suspeita clínica de epilepsia exame mais
indicado, que analisa a atividade elétrica cerebral, é o eletroencefalograma
(EEG). “O EEG não é invasivo, pode ser feito ambulatorialmente, quando tem uma
duração mais curta de uma a duas horas ou com a criança internada quando
pode-se fazer monitorizações mais prolongadas, de acordo com a solicitação do
médico da criança. É sempre importante monitorizar todas as fases desde a
vigília quando o paciente está acordado, até o sono, incluindo a sonolência e,
em situações especificas como nas crises de espasmos infantis, é mandatório o
registro do despertar. “O Sabará conta com os melhores equipamentos do mercado,
sendo referência na investigação diagnóstica de epilepsia”, destaca a Dra.
Marcilia Lima Martyn, responsável pelo Serviço de Neurofisiologia Clínica do
hospital. “Aqui realizamos exames de EEG todos os dias, inclusive aos fins
de semana para os pacientes internados. Contamos com uma equipe médica
especializada em Neurofisiologia, com muita experiência em pediatria e uma
equipe técnica altamente treinada para lidar com crianças - diferenciais muito
importantes quando o assunto é criança”, afirma a médica.
Outro
exame muito importante durante a avaliação da epilepsia assim como de outras
doenças neurológicas, é a Ressonância Magnética, que por meio de imagens
tridimensionais, permite avaliar a estrutura cerebral e possíveis lesões
cerebrais.
“O
Sabará é um hospital referência para a realização de Ressonância Magnética sem
intubação em crianças. Acompanhado de uma equipe de anestesistas pediátricos
que é referência no país, proporcionando um melhor resultado e mais segurança
no procedimento para a criança, que é uma das grandes preocupações dos pais”.
Como
a epilepsia possui inúmeras causas, muitas vezes, são feitos outros exames,
como líquor (para estudos bioquímicos ou pesquisa de anticorpos ou ainda
estudos genéticos) para melhor esclarecer a doença.
Linha
de Cuidado da Neurologia
Uma
das linhas de cuidado em alta complexidade, a Neurologia do Sabará Hospital
Infantil recebe bebês, crianças e adolescentes de vários lugares do país
com todos os tipos de distúrbios neurológicos e doenças do sistema nervoso
e muscular.
Contamos
com a primeira e maior UTI pediátrica privada do Brasil que recebe crianças que
precisam dos mais variados cuidados e ou tratamentos especiais. Entre os casos
atendidos, estão pacientes em pós-operatório de grandes cirurgias, como as
neurocirurgias e as cardíacas e os pacientes que apresentam alguma doença ou
distúrbio que necessite de um acompanhamento permanente, que podem contar com
uma equipe multidisciplinar extremamente especializada e completa.
Além
disso, o Sabará oferece um portfólio completo de exames como líquor e exames
genéticos, além do EEG, ressonância magnética e tomografia computadorizada, que
podem
ajudar no diagnóstico de maneira mais rápida e assertiva,
melhorando a qualidade de vida da criança.
MITOS
E VERDADES SOBRE EPILEPSIA
Para
esclarecer as principais dúvidas sobre epilepsia infantil, o Dr. CarlosTakeuchi
respondeu alguns mitos e verdades sobre a doença.
A
epilepsia é uma doença contagiosa.
Mito.
Por ser uma doença neurológica ela não é transmitida para ninguém.
As
crises podem ser controladas com medicamentos.
Verdade.
Na maioria dos casos (70%), as crises são controladas com a administração de
medicamentos. No entanto, é importante que o paciente tenha o acompanhamento
com especialistas para observar o desenvolvimento motor (e
cognitivo) da criança.
A
criança e ou o adolescente com epilepsia não tem condições de viver uma vida
normal.
Mito.
A maioria das pessoas com epilepsia tem condições plenas de ter uma vida próxima do normal,
desde que sejam adequadamente tratadas e
tenham total adesão a esse tratamento.
Os
pacientes com epilepsia apresentam dificuldade de aprendizado.
Depende
do caso. A maioria dos pacientes que possui
apenas a epilepsia, sem nenhuma outra comorbidade associada, não tem
dificuldade de aprendizado ou alterações mentais. Mas a dificuldade de
aprendizado existe sim em alguns casos e pode ser consequência da doença em si
ou até mesmo efeito colateral das medicações usadas ou efeito indireto como por
exemplo pelo sono excessivo que é o efeito colateral mais comum das medicações.
Durante
uma crise convulsiva deve-se segurar os braços e a língua da criança.
Mito.
O ideal é coloca-la deitada com a cabeça de lado para facilitar a saída de
possíveis secreções e evitar a aspiração de vômito. Não se deve colocar nenhum
tipo de objeto na boca da criança.
Toda
criança que possui epilepsia irá sofrer de convulsão em algum momento.
Depende
do caso. Convulsão é o evento clínico, quando o
indivíduo tem uma crise epiléptica com abalos motores. Existem crises epilépticas
sem eventos motores, como a crise de ausência, comum em crianças na idade
escolar. A epilepsia ocorre quando o indivíduo tem crises epilépticas, que
podem ser convulsões, recorrentes.
A
epilepsia não tem cura.
Mito.
Sim algumas formas têm cura, principalmente as epilepsias de
“idade dependente” que ocorrem na infância.
Todas
as crianças que sofrem com epilepsia precisam de cirurgia.
Mito.
Algumas formas podem se beneficiar de tratamentos cirúrgicos, mas são casos
pontuais.
CIRURGIA
DE EPILEPSIA
Em alguns tipos de epilepsia, a cirurgia é pensada
como uma opção de tratamento. Ela pode ser realizada quando há alguma lesão
cerebral causando uma epilepsia secundária ou quando não há lesões, mas as
convulsões não são controladas com medicação.
“É importante salientar que a cirurgia para
epilepsia é definida por meio de um estudo multidisciplinar que, a partir de
uma avaliação clínica integrada, define se o paciente é eletivo para esse
procedimento. Essa possibilidade de tratamento cirúrgico traz vários benefícios
ao paciente, como por exemplo, controle de convulsão (em alguns casos em até
100%) o que melhora significativamente a qualidade de vida e o desenvolvimento
neuropsicomotor ou cognitivo do paciente”, explica o neurocirurgião do Sabará
Hospital Infantil, Dr. José Erasmo Dal Col Lucio.
SOBRE
O PURPLE DAY
O
Purple Day,
celebrado no dia 26 de março, chama a atenção sobre as formas de tratamento e
prevenção da epilepsia e amenizar o isolamento das pessoas portadoras de
epilepsia, permitindo chamar a atenção para o tema.
O esforço se propõe a derrubar estigmas
de uma sociedade que ainda se assusta – e discrimina – as vítimas da doença,
que se manifesta na forma de crises, algumas mais fracas, outras mais intensas,
e com frequência de crises muito variável de indivíduo para indivíduo.
Sabará Hospital
Infantil
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