O sonho de muito empreendedor é começar um negócio em outro país, menos burocrático, e os Estados Unidos é uma das opções preferidas, principalmente depois da reabertura das fronteiras, o que aumenta ainda mais a dose de otimismo, afinal estamos falando de uma demanda reprimida causada pelo fechamento das fronteiras durante a pandemia.
Não
bastasse a grande demanda turística que está por vir, temos também a retomada
de planos de empresas e empreendedores que desejam internacionalizar os negócios.
Muito importante ter em mente que o sucesso em terras norte-americanas ou
igualmente em outros países depende de uma adaptação cultural de consumo e na
relação corporativa e se isso não ficar claro, o caminho a ser percorrido será
complicado. Essa foi a base do nosso estudo para montar uma estratégia de
gestão após compreender todos os passos e peculiaridades do mercado americano,
que foi onde decidimos apostar todas as fichas depois de mais de 25 operações
no Brasil, em diferentes segmentos como restaurantes, moda, franquias e escola
profissionalizante.
Pensando
como empreendedor, a inquietude pelo novo e o desafio de criar são o
combustível para novos desafios que, se atrelados aos conceitos de gestão, não
mudam de um país para o outro. A diferença está na humildade de saber que
culturalmente exige-se uma adaptação desses formatos, inclusive trabalhistas.
Por exemplo, não se pode pensar no formato de retenção de talentos que funciona
para o Brasil, nos EUA.
Muito se
escuta que nos Estados Unidos o trabalhador não tem férias — de fato,
regulamentado por legislação não há obrigatoriedade —, mas a relação
empregador-empregado é negociada entre as partes e regida por um contrato entre
elas, e em boa parte dessas negociações aspectos como férias, bônus, ajuda de
custo e outros benefícios fazem parte do acordo. Se o empreendedor não entender
isso e for com o pensamento de que lá o funcionário não tem férias, terá
dificuldade em compor e reter uma boa equipe.
Não é
porque uma grande rede de restaurantes faz sucesso no Brasil, que esse fato vai
se repetir em outros lugares. Tivemos recentemente diversas redes que
expandiram para solo americano e rapidamente fecharam suas portas, em especial
pelo choque cultural dos gestores. Mas a realidade é outra, a experiência de
consumo é totalmente diferente.
Empreender
em outro país exige humildade de começar do zero, de entender que quem tem que
se adaptar à cultura local é o empreendedor e não o contrário. Desde 2017, meu
negócio principal nos EUA é investimento em construção de imóveis residenciais.
Eu não posso trazer os princípios dos métodos construtivos do Brasil para cá.
Não adianta fazer um projeto que atende ao público brasileiro aqui. Eu tive que
entender o que o consumidor americano deseja, pois ele é o meu cliente, então
preciso agradar quem compra.
Além do
desafio de conhecer os hábitos de consumo do novo público, o entendimento
cultural para posicionar corretamente produto x demanda é importante. Por
exemplo, façamos o caminho inverso: se um americano for construir uma casa no
Brasil e fizer com paredes externas em madeira e internas com drywall
(gesso), sem passar os fios por condutores, apenas fixando no interior do
gesso, será que o brasileiro compraria? Provavelmente não. Por isso é
fundamental conhecer o mercado e os hábitos de consumo do seu novo público
consumidor.
Leandro Sobrinho - empreendedor e apaixonado por gestão.
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raise.investidor
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