Os negros são a maioria da população no país. Mesmo assim, a discriminação ainda é fortemente presente em nossa sociedade. Cerca de 84% consideram o Brasil um país preconceituoso em relação às pessoas negras, segundo a pesquisa Racismo no Brasil. No ambiente de trabalho, os dados se expandem e se agravam, evidenciando uma desigualdade reinante que, necessita ser revertida para oportunidades iguais entre todos.
O cenário
que vemos hoje no mundo corporativo, infelizmente, ainda reflete as marcas da
história escravagista nacional, na qual os negros, escravizados por mais de 300
anos, foram relegados aos subúrbios do país, sem qualquer possibilidade de
inserção no trabalho remunerado após a assinatura da Lei Áurea. Mesmo com
importantes conquistas de liberdade e movimentos a favor da igualdade racial,
os empecilhos encontrados ainda são altos.
Em um
estudo feito pela Indeed, 60% dos profissionais negros já sofreram
discriminação racial em seu ambiente de trabalho. Para piorar, 54% acreditam
que brasileiros não reagiriam bem diante de um chefe negro, ainda segundo a
pesquisa Racismo no Brasil. Como resultado, apenas 5% dos profissionais negros
ocupam cargos de liderança no país.
Boa parte
do problema está na própria qualificação profissional. Classes sociais mais
elevadas, predominantemente compostas por profissionais brancos, dispõem de
mais recursos financeiros para cursar melhores instituições de ensino, buscar
por cursos complementares de qualificação, realizar intercâmbio, entre muitas
outras experiências relevantes para o currículo.
Como
consequência, ao chegarem em um processo seletivo, esses profissionais estão
mais preparados tecnicamente para o cargo – fato que, aliado ao preconceito
estrutural visto em nossa sociedade e, à persistente ideia de que o
conhecimento técnico é suficiente para a competição por um cargo, contribui
para sua maior presença e ascensão no mercado de trabalho.
Em um
cenário pouco positivo, mudar a maneira na qual as empresas gerenciam seus
processos seletivos pode, enfim, contribuir para o início de uma real inclusão
racial. É preciso entender que o profissional negro pode – e deve – receber
treinamento técnico para se tornar melhor na sua área, contribuindo muito mais
para a questão estratégica da empresa.
Afinal, ele
também é um potencial cliente da companhia e, por tal, entende os desejos e
necessidades dos consumidores. Principalmente, se o público-alvo da organização
abranger consumidores de classes sociais mais baixas, nas quais os negros,
infelizmente, ainda são a maioria.
Nessa
lógica, aumentar o alto escalão da empresa com profissionais negros irá
contribuir significativamente para um melhor entendimento da jornada de compra
dos clientes. Mas, além disso, compreender suas dores, anseios, necessidades e,
como atender à todas essas questões de forma muito mais efetiva.
Com uma
maior proximidade e empatia entre a empresa e seus consumidores, a companhia
poderá ser cada vez mais assertiva na busca pelo desenvolvimento de produtos
personalizados, aumentando seu lucro e, consequentemente, aperfeiçoando sua
imagem no mercado. A diversidade nos cargos de liderança, dessa forma,
contribui não apenas para o crescimento da empresa perante seus concorrentes,
mas principalmente, pela ascensão social dos negros na sociedade e a diminuição
da desigualdade que, ainda é muito presente no país.
Tiago Mascarenhas - CEO do Grupo Educacional SEDA.
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