A tecnologia vem desempenhando um papel essencial na pandemia. Dos mais jovens aos mais velhos, o uso dos aplicativos e ferramentas digitais tornou-se um importante aliado na manutenção de nossas atividades cotidianas, sejam elas sociais, de lazer ou até mesmo laborais. Sem esses artifícios, os danos provocados pela pandemia poderiam ter sido muito maiores.
Hoje, quase tudo passa pela tela do celular,
computador ou tablet. É possível pedir um taxi, pagar contas, consultar o saldo
no banco, fazer supermercado, pedir comida, comprar roupas, medicações,
realizar um atendimento médico ou investir na bolsa. As possibilidades são
infinitas, e é essa versatilidade que torna o mundo digital tão atraente e
promissor.
Por exemplo: o número de idosos conectados aumentou
consideravelmente nesse período. Grande parte deles se tornou hard user
das ferramentas digitais e, através das redes sociais, manteve sua integração,
socialização, comunicação com familiares e amigos durante o isolamento social.
Muitos estão vivenciando uma retomada de sua sociabilidade, facilitada pela
praticidade desses programas e aplicativos.
Sabemos que também existem cenários adversos.
Alguns idosos encontram dificuldades para se inteirar dessas novas tecnologias:
letras pequenas, muitos cliques, novas linguagens ou designs pouco intuitivos;
assim, o que era pra ser feito de forma ágil torna-se inacessível. Essa
realidade enseja uma reflexão: será que as empresas do segmento digital estão
atentas ao perfil desses consumidores?
É preocupante que em pleno século 21, onde em breve
seremos o sexto país com maior número de idosos no mundo, muitos serviços ainda
não estejam adaptados para atender esse público. Acessibilidade e facilidade de
navegação deveriam ser a principal preocupação das empresas, pois idosos
possuem uma grande capacidade de consumo. É preciso entender que pessoas idosas
possuem a capacidade de aprender a utilizar esses meios, só necessitam de
pequenas adequações à sua realidade.
Os serviços precisam entender os fatores
inibidores, receios e dificuldades associados à terceira idade, trazendo
estratégias que diminuam o abismo que há entre quem desenvolve essas
ferramentas e quem as usa. Por sua vez, os familiares também tem um papel
importante que não se resume a disponibilizar o equipamento e baixar os
aplicativos; é necessário ter paciência, reservar um tempo para ensinar e
orientar o idoso a como utilizar as ferramentas digitais, evitando o “fazer por
ele” para favorecer sua autonomia.
Os idosos já estão no modo online, conectados,
cheios de demandas e desejos, explorando, se lançando no ambiente virtual com a
vontade de alcançar uma vida mais independente, autônoma e, acima de tudo, com
uma maior qualidade de vida. É a sociedade e o mercado que, ao que tudo indica,
ainda não estão preparados para essa nova geração de idosos.
Michelle Campos - Terapeuta
ocupacional, Coordenadora do Núcleo da Terceira Idade da Holiste
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