Entidade lembra problemas enfrentados
pelo setor rural e solicita providências ao poder público e ao setor financeiro
"A nossa grande preocupação é que parece que a escalada das taxas de juros
tem tido efeito limitado na correção das expectativas e limitação da inflação.
Há componentes externos e estruturais impactando os custos, fatores que
neutralizam os resultados esperados pela elevação da taxa básica de juro. E,
por outro lado, as taxas de juros mais elevadas aumentam o endividamento das
empresas, o custo da dívida pública e desenham um cenário de menor crescimento
para economia brasileira nos próximos anos", complementa.
Muitos produtores têm de recorrer ao mercado financeiro, pois os recursos do
Plano Safra, com linhas especiais e taxas menores, não são suficientes para
atender todos. Por essa razão, a FAESP se dirigiu às autoridades federais e
estaduais, bem como às instituições financeiras, solicitando atenção aos
pedidos de prorrogação de contratos realizados por parte dos produtores
paulistas e que estejam próximos do vencimento. Meirelles informa ter também
pedido, inclusive aos bancos oficiais e ao governo, as seguintes providências:
- Apuração, caso a caso, com a realização dos respectivos levantamentos
técnicos e periciais, das perdas decorrentes dos fatores climáticos acima
noticiados, nos termos do MCR - Manual de Crédito Rural do Banco Central do
Brasil, de maneira a conceder condições, prazos, carência e prorrogação dos
contratos firmados.
- Linha de crédito de recuperação de cafezais danificados, disponibilizada com
recursos do Funcafé, que conta com reserva de R$ 1,30 bilhão e será em breve
disponibilizada para acesso pelas instituições financeiras. A demanda é para o
uso efetivo dessa linha para auxiliar os cafeicultores paulistas.
- Criação de linha de crédito especial, com prazo de reembolso e condições
facilitadas, para viabilizar a recuperação da estrutura produtiva e manutenção
das atividades agropecuárias atingidas pela geada, seca e vendavais, dentre
outras ocorrências climáticas.
- Que, ao menos neste momento, seja evitada a prática de inserção do nome do
produtor como inadimplente nos órgãos de restrição ao crédito, como SPC e
SERASA, impedindo assim o agravamento da situação, já bastante dramática para o
setor agropecuário.
"O crédito rural é um importante instrumento de política pública, que
propicia aos produtores rurais a possibilidade de adoção de novas tecnologias
no campo, de modernização da agropecuária e elevação dos volumes
produzidos", reitera Meirelles. Os ofícios ao setor financeiro foram
enviados ao Bradesco, Itaú, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Mercantil
do Brasil, Sicoob/Bancoob, Safra e Santander, além da Federação Nacional dos
Bancos (Febraban).
Ao Governo de São Paulo, a FAESP solicitou a prorrogação das parcelas dos
financiamentos vigentes com recursos do FEAP (Fundo de Expansão do Agronegócio
Paulista), com a transferência de prestações vincendas para um ano após a
última prestação prevista em contrato; e criação de linha de crédito
emergencial, com recursos do FEAP, para recuperação da estrutura produtiva e
manutenção das atividades agropecuárias atingidas pelas geadas.
Para o Governo Federal, a entidade pediu, em ofício ao Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA) e ao das Relações Exteriores, maior esforço
diplomático para reverter o embargo mantido pelo governo chinês à importação de
carne bovina brasileira. O documento, assinado por Meirelles, ressalta o grande
impacto negativo para os pecuaristas.
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