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Com o avanço da vacinação e a recuperação de muitas
vítimas da Covid-19, é importante destacar as sequelas deixadas pela doença em
alguns pacientes. Nesse sentido, o Hospital Paulista de Otorrinolaringologia
alerta para os sérios problemas vocais desenvolvidos em decorrência do tempo de
intubação.
“A presença do tubo dentro da laringe e traqueia
pode acarretar lesões diversas na região das cordas vocais, causando
consequências graves e, em alguns casos, até irreversíveis”, explica Dr.
Domingos Hiroshi Tsuji, responsável pelo “Centro Especializado em Laringe e
Voz”, o novo Voice Center do Hospital Paulista.
Entre os principais problemas estão: a paralisia de
uma ou ambas as pregas vocais; a anquilose, ou seja, a fixação ou rigidez da
articulação cricoaritenóidea, responsável pelo movimento das cordas vocais; as
estenoses da glote, subglote e traqueia, que podem ser causas de obstrução
interna da laringe e traqueia; e as úlceras e granulomas de pregas vocais.
“Já tive, inclusive, que operar diversos pacientes
traqueostomizados em decorrência destas alterações”, afirma o especialista. A
traqueostomia é um procedimento cirúrgico que consiste na abertura de um
pequeno orifício na parte anterior do pescoço, sobre a região da traqueia, no
qual é inserido um tubo que facilita a entrada de ar nos pulmões. Ela é
indicada quando existe algum bloqueio ou redução da passagem do ar pelas vias
aéreas superiores (via aérea acima da traqueia).
O médico ressalta que as lesões acontecem porque o
tubo de intubação, em contato prolongado com as estruturas da laringe e
traqueia, pode causar inflamações, úlceras e cicatrizes, reduzindo o calibre do
espaço respiratório dos órgãos e limitando a mobilidade das cordas vocais.
Relação entre o vírus e a saúde da voz
Assim como muitas questões que precisam ser
esclarecidas acerca da Covid-19, Dr. Tsuji destaca que o comprometimento da
inervação das pregas vocais, pelo vírus, causando paralisias e outras
alterações funcionais, teoricamente pode ocorrer, mas precisam ser estudadas
mais a fundo.
No entanto, o especialista sinaliza que a doença
pode, sim, ter relação com as alterações vocais de alguns pacientes. “A
produção da voz depende fundamentalmente do ar expelido pelos pulmões, que
fazem as cordas vocais vibrarem para produzir som. Consequentemente, a redução
da capacidade respiratória pode estar relacionada às mudanças da voz após
alguns quadros graves causados pela Covid”, explica.
As dores de garganta também são sintomas comuns em
pacientes vítimas da doença. “Como a produção dos diversos sons vocais depende
de movimentos complexos do trato vocal, envolvendo laringe, faringe, língua,
boca e palato, entre outros, as dores podem ter um impacto maior ou menor na
funcionalidade destas estruturas, alterando a qualidade da voz”, complementa.
Segundo o médico, nestes casos, as alterações
costumam ser resolvidas espontaneamente, com o cessar da dor, com ou sem o
auxílio de anti-inflamatórios e analgésicos.
Geralmente, disfonias relacionadas com alterações
orgânicas, como estenoses (estreitamento) e paralisias, são tratadas
cirurgicamente. “Quando não há alterações que necessitem de tratamento
cirúrgico, o mesmo poderá envolver o uso de medicamentos e
fonoterapias. Ainda assim, é imprescindível a procura de um especialista
para uma análise mais detalhada de cada caso”, finaliza.
Voice Center - Centro Especializado em Laringe e Voz
Hospital Paulista de Otorrinolaringologia
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