Além
de fatores externos, a genética pode influenciar diretamente no consumo e ganho
de peso
A pandemia do novo
coronavírus trouxe diversas mudanças nos hábitos do povo brasileiro, entre
elas, o consumo de comidas de fácil acesso e de baixo valor nutritivo. Segundo
a pesquisa do Ibope/Unicef¹, cerca de 49% das pessoas mudaram os seus hábitos
alimentares durante a pandemia, passando a consumir mais alimentos
industrializados, como, por exemplo, macarrão instantâneo, bolos e biscoitos
recheados. Além de alimentos preparados em restaurantes Fast food como,
hamburguers, esfirras e pizzas, acompanhados de refrigerantes e bebidas
açucaradas
Em pesquisa, o
Ministério da Saúde² confirma que metade dos brasileiros estão acima do peso e
20% dos adultos já são considerados obesos. Embora os açúcares sejam nutrientes
de extrema importância para o organismo, a ingestão excessiva deles está
associada ao aumento da tendência ao desenvolvimento de doenças como diabetes e
obesidade. Uma das consequências no consumo de açúcar em excesso é o
crescimento da circunferência abdominal, levando ao desenvolvimento de doenças
como diabetes, hipertensão e doenças vasculares. Mas o que poucos sabem, é que
o nível de risco à obesidade e a propensão ao consumo de açúcar podem ser
identificados pela genética de cada pessoa.
Um exemplo disso é o
gene FTO (do inglês fat mass and obesity associated), uma parte do DNA
que está ligado e pode influenciar em vários aspectos da vida de cada pessoa,
como nível de risco à obesidade, níveis de sensação de saciedade, fome
emocional, armazenamento de gordura, IMC e ingestão de açúcares, por exemplo.
"Dentro de suas variantes, este gene se refere a um maior ou menor IMC e
maior ou menor risco de obesidade em diversas pessoas. Ele é uma das chaves
principais para entender porque indivíduos têm tendências a engordar enquanto
outros não", explica Ricardo di Lazzaro Filho, médico e sócio-fundador da Genera , primeiro laboratório brasileiro especializado em
genômica pessoal.
Claro, a genética não
é um fator determinante para o desenvolvimento ou agravamento de nenhum dos
aspectos citados acima. O ambiente e condições sociais de cada indivíduo também
são muito importantes. Como, por exemplo, aqueles que tendem a consumir mais
açúcar quando se encontram em um momento com alto nível de ansiedade ou sob
pressão. Por isso, muitos ainda comparam o vício em açúcar com o vício em
cocaína.
"Por mais que, em
geral, o açúcar não cause danos como as drogas de abuso, do ponto de
fisiológico, os mecanismos de dependência são semelhantes. Envolvem vias
neuronais relacionadas a prazer e satisfação. Além disso, sintomas típicos de
drogas de abuso como compulsão, tolerância e abstinência foram observados em
animais com vício em açúcar. Do ponto de vista genético, devem haver variantes
no DNA tanto em vias biológicas semelhantes quanto em vias diferentes
relacionadas à predisposição de diferentes drogas e ao açúcar", explica
Ricardo.
Mas hoje, testes
genéticos que medem a predisposição de cada indivíduo a esses fatores já são
realizados no Brasil. Com apenas uma amostra de saliva é possível fazer a
leitura de centenas de milhares de pontos do DNA, identificando genes que
influenciam em muitos aspectos do dia a dia, como o tipo de
alimentação mais adequado para cada um, o nível de sensibilidade à cafeína,
quais medicamentos mais eficazes de acordo com a genética de cada pessoa,
tendência à deficiência de vitaminas e, até mesmo, possíveis predisposições a
doenças, como câncer, Alzheimer, Parkinson, infarto do miocárdio e várias
outras.
"Visto o
momento delicado que passamos durante todo este período de pandemia e isolamento social, é
natural que as pessoas tenham buscado um refúgio nas guloseimas. Porém, é
importante ter cuidado com a saúde buscando evitar desenvolver problemas
atrelados ao consumo exagerado de açúcar e a obesidade. Uma dica é diminuir o
consumo de alimentos muito açucarados fazendo a substituição por alimentos
doces naturalmente, como frutas, por exemplo, até o paladar se adaptar a essa
nova rotina alimentar’, conclui Ricardo.
¹Fonte: Ministério da Saúde
²Fonte: Unicef
Genera
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