A alimentação é um fator de proteção contra doenças neurológicas, quem explica é o neurocirurgião do Hospital das Clínicas de SP, Dr. Fernando Gomes, que ensina: "Quando vem a fome e a barriga ronca depois de algumas horas sem comer, quem na verdade está mandando essa informação para a sua mente é a grelina, substância produzida e liberada pelo estômago que sinaliza o hipotálamo, região do cérebro responsável por programar o circuito neural da fome. É nessa região cerebral que o apetite é regulado. Ali, os níveis sanguíneos de glicose e insulina e os hormônios grelina e leptina são monitorados para avaliar se o organismo tem calorias e nutrientes suficientes para funcionar ou não", revela.
Uma combinação de
líquidos, cafeína, vitaminas e carboidratos compõem a quantidade ideal de
energia e pode ser tudo o que seus os neurônios precisam para funcionar
adequadamente. "Por isso que dietas altamente restritivas e sem
acompanhamento adequado podem deixar uma pessoa sem energia e com as habilidades
de raciocínio comprometidas", alerta.
Para que os níveis de
glicose sejam estáveis durante o dia, é extremamente importante realizar três
refeições maiores todos os dias intercaladas por pequenos lanches. Então, um
café da manhã reforçado, um almoço ponderado com proteínas e carboidratos e um
jantar menos pesado constituem as três maiores refeições que garantem o
combustível completo do cérebro para aumentar a concentração, a agilidade
mental, a paciência e até o bom humor já que cada grupo de alimento exerce uma
função diferente e essencial no cérebro. A alimentação fracionada pode fazer
toda a diferença para o bom funcionamento da mente.
"As evidências
cientificas já nos provaram que o estilo de vida exerce um papel
importantíssimo no incremento das funções cerebrais e na prevenção das doenças
neurodegenerativas. Tudo isso começa na alimentação. Uma das dietas mais
estudadas atualmente é a mediterrânea, que diminui os riscos de desenvolver
Alzheimer e Parkinson, além de doenças cardiovasculares e obesidade, que
indiretamente também incidem sobre a saúde encefálica. A dieta mediterrânea
típica inclui azeite de oliva, vinho tinto, vegetais, carboidratos integrais,
peixes e carne branca", conta o médico.
Um artigo americano
recente conseguiu mostrar uma revisão abrangente do azeite extra-virgem e os
benefícios do consumo de ácidos graxos e ômega 3 dos peixes. Os ensaios
clínicos confirmam os efeitos salutares do consumo de peixe na prevenção de
doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral e das demências.
Os polifenóis e
flavonóides de origem vegetal desempenham um papel fundamental dentro da dieta
mediterrânea, graças às suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias de
benefício no diabetes mellitus tipo 2, doenças cardiovasculares, acidente
vascular cerebral e prevenção de câncer.
Do ponto de vista da
saúde pública em todo o mundo, o consumo diário de frutas e vegetais tornou-se
a principal ferramenta de prevenção de doenças cardiovasculares e derrames.
Mas, para o bom funcionamento do cérebro há diversos alimentos com nutrientes
essenciais que precisam ser balanceados. E é por isso também que a ingestão de
grande quantidade de alimentos em uma refeição única no dia provoca grande
gasto energético para o sistema digestivo e consequentemente sonolência, o que
diminui muito a performance mental.
A chave de tudo é a
variedade, mas sem deixar de lado a moderação. "Não existem alimentos e
nem dietas milagrosas, mas há sim inimigos para o cérebro, como o excesso de
sal, de açúcar e as gorduras trans encontradas em alimentos processados. E os
amigos, que listo indicando a razão para eles entrarem de vez, na dieta",
ensina;
Todos os dias: amêndoas, nozes,
feijão, uma taça de vinho e azeite de oliva;
Pelo menos três vezes
ao dia: folhas
verdes escuras, legumes variados e grãos integrais;
Pelo menos duas vezes
na semana: carne de aves e frutas vermelhas;
Uma vez por semana: peixes;
Restringir a ingestão
de: manteiga (menos de uma
colher de sopa ao dia) queijos, frituras, fast foods e doces (menos de
uma porção por semana).
Dr Fernando Gomes
- Corresponde médico da TV CNN Brasil
diariamente no Jornal Novo Dia. Professor Livre Docente de Neurocirurgia, com
residência médica em Neurologia e Neurocirurgia no Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da USP, é neurocirurgião em hospitais renomados e também
coordena um ambulatório relacionado a doenças do envelhecimento no Hospital das
Clínicas. https://www.fernandoneuro.com.br / @drfernandoneuro
Referência:
Román GC et al.
Mediterranean diet: The role of long-chain ω-3 fatty acids in fish; polyphenols
in fruits, vegetables, cereals, coffee, tea, cacao and wine; probiotics and
vitamins in prevention of stroke, age-related cognitive decline, and Alzheimer
disease. Rev Neurol (Paris). 2019 Dec;175(10):724-741.
Nenhum comentário:
Postar um comentário