A crise afetou milhões de brasileiros e teve impacto direto nas contas das famílias, fato é que o endividamento dos brasileiros atingiu em setembro 74%, o maior desde 2010, quando a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) iniciou a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor.
Com certeza o momento
vivido de pandemia e queda nos rendimentos potencializou esse crescimento,
contudo, esse não é um fator isolado, pois as taxas já eram muito alta antes
mesmo de 2020, o que demonstra que o problema dos brasileiros é crônico, fruto
principalmente da falta de educação financeira.
"Ninguém esperava
o momento vivido e ele é muito problemático, contudo, espero que as pessoas
tirem aprendizados com essa fase vivida e um deles com certeza é a
implementação da educação financeira em suas vidas de forma efetiva. Lembrando
que esse conhecimento não remente apenas a contas", explica Reinaldo
Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros
(ABEFIN).
Domingos complementa
detalhando que "a Educação Financeira é uma ciência humana que busca a
autonomia financeira, fundamentada por uma metodologia baseada no
comportamento, objetivando a construção de um modelo mental que promova a
sustentabilidade, crie hábitos saudáveis e proporcione o equilíbrio entre o
ser, o fazer e o ter, com escolhas conscientes para a realização de
sonhos".
Como sair das dívidas
As pessoas com dívidas
podem estar em duas situações, segundo Reinaldo Domingos: endividado ou até
mesmo inadimplente. Independentemente de qual seja ela, o especialista explica
que é possível mudar de vez essa situação. "Ao longo de minha vida, já
presenciei diversas situações que pareciam se solução e, acredite, todas elas
conseguiram se reerguer", explica.
Domingos elaborou
algumas orientações sobre o tema para as pessoas:
1. Se você possui
diversas dívidas, mas ainda não está inadimplente, cuidado! A situação é
bastante preocupante. Levante todos os valores e estabeleça uma estratégia para
que continue adimplente. E lembre-se, estar endividado nem sempre é um
problema; o problema é quando não se consegue pagar esse compromisso;
2. Se já estiver
inadimplente, antes de sair negociando, tenha total conhecimento de sua
situação. Faça um diagnóstico financeiro, registrando o que ganha e o que
gasta, e conheça o seu verdadeiro "eu financeiro";
3. Faça um apontamento
de despesas diárias, separado por tipo de despesas, durante os próximos 30
dias. Esse é o caminho para que fique tudo mais claro. Somente assim poderá
cortar gastos e reduzir excessos;
4. Muitas vezes, é
importante dizer "devo, não nego, pago, como e quando puder". Nunca
se deve procurar o credor (pessoa ou instituição para quem se deve) antes de
ter domínio completo da sua situação financeira;
5. A portabilidade é
uma das ferramentas para reduzir o endividamento, portanto procure por linhas
de créditos mais baixas. Porém, é importante frisar, isso não resolve a causa
do problema;
6. No planejamento
para pagar as dívidas, priorize as que têm os juros mais altos. Geralmente são
as de cartão de crédito e cheque especial;
7. Antes de pagar as
dívidas, é preciso reunir a família (inclusive as crianças), apresentar o
problema e discutir as alternativas. Saiba que, para pagar as dívidas
atrasadas, terá que repensar o seu padrão de vida, pois a sua força de
pagamento será reduzida nos próximos meses, com o início do pagamento das
parcelas;
8. Na hora de
negociar, se for parcelar as dívidas, tenha certeza de que cabem em seu
orçamento;
9. Não existe uma
porcentagem exata do quanto terá que direcionar para pagar suas dívidas, isso
dependerá do diagnóstico financeiro feito previamente;
10.
Além de pagar as dívidas, procure guardar dinheiro para uma reserva
estratégica. Mesmo endividado, inicie o projeto de vida de ser independente e
sustentável financeiramente. E não se esqueça: é preciso respeitar o dinheiro e
entender que ele é um meio e não um fim.
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