Possibilidade de doenças
cardiovasculares preexistentes, associada à Apneia Obstrutiva do Sono (AOS),
pode levar ao aumento da taxa de mortalidade, alertam especialistas do Hospital
Paulista
Mesmo após um ano e meio do surgimento
do Coronavírus, ainda são muitas as incertezas com relação à doença. Durante um
curto período, novas variantes do vírus surgiram ao redor do mundo, assim como
a definição de grupos de risco na população, que aumentaram a preocupação das
pessoas e dos profissionais de saúde.
A Covid-19, que inicialmente tinha uma
prevalência maior em idosos com idade superior a 60 anos, homens e pessoas com
comorbidades, como obesidade e doenças cardiovasculares, agora pode representar
um risco também aos pacientes que sofrem de Apneia Obstrutiva do Sono, segundo
um estudo da Universidade de Warwick, no Reino Unido.
De acordo com os especialistas Braz
Nicodemo Neto e Nilson André Maeda, ambos otorrinolaringologistas e médicos do
sono do Hospital Paulista, a probabilidade se dá devido as características
citadas na pesquisa serem comuns nos indivíduos que sofrem de apneia do sono.
Dr. Nilson afirma que a pesquisa
preocupa, uma vez que a presença de doenças cardiovasculares preexistentes,
associadas à apneia obstrutiva do sono, podem levar a uma crescente nas chances
de internação em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pela Covid-19.
O especialista também teme o possível
aumento da mortalidade, que pode ser causado em decorrência das complicações do
vírus.
A Apneia Obstrutiva do Sono é um
distúrbio caracterizado pela obstrução intermitente da via aérea no nível da
garganta, enquanto o indivíduo dorme. Ela costuma causar altos ruídos -
popularmente chamado de ronco - e interrupções na respiração, que duram no
mínimo 10 segundos, ocasionadas pelo bloqueio da passagem do ar.
"A diminuição de oxigênio causada
pela apneia estimula de forma exagerada o sistema nervoso, elevando o ritmo de
batimentos cardíacos e estimulando a contração dos vasos sanguíneos. A longo
prazo, isso pode acarretar doenças nas artérias, infartos e até derrames
cerebrais", alerta o Dr. Nicodemo.
Outro ponto que merece atenção em pacientes que sofrem desse distúrbio são as arritmias cardíacas noturnas, presentes em 40% dos pacientes com apneia do sono.
Riscos da AOS durante a pandemia
Apesar de ser considerado um distúrbio grave, a apneia do sono tende a ser negligenciada
pela maioria das pessoas. A doença costuma ser confundida com um simples ronco,
o que impede que as pessoas procurem um especialista para o diagnóstico.
Os especialistas do Hospital Paulista ainda alertam para a baixa atenção que a
patologia tem recebido durante a pandemia, uma vez que pode representar riscos
com desfechos negativos, caso esse tipo de paciente contraia a Covid-19.
Os médicos defendem a inclusão de
pacientes diagnosticados com esse distúrbio do sono nos grupos de risco para o
Coronavírus, para que estas pessoas saibam do perigo adicional que podem
correr, encontrando maneiras de reduzir ainda mais sua exposição ao vírus.
Caso perceba algum dos sintomas da
doença, é necessário buscar o auxílio de um especialista, que poderá indicar
uma polissonografia - exame que estuda o sono - para um diagnóstico e
tratamento adequado, caso haja a confirmação da doença.
"É importante que as pessoas que
roncam demais, que possuem um sono fragmentado e não reparador, e que
apresentam sonolência diurna, procurem avaliação. As pessoas que convivem com
estes indivíduos, como cônjuges e demais familiares, também têm uma função
importante de alertar a possível necessidade de médica", finaliza o Dr.
Nilson.
Tratamento
A melhor forma de tratar a Apneia Obstrutiva do Sono é analisando a origem e a
intensidade do distúrbio. Pessoas obesas têm uma predisposição maior à doença,
porém, indivíduos magros, mulheres e crianças também podem ter apneia
obstrutiva, ressaltando que a causa, geralmente, é multifatorial.
Os especialistas explicam que existe
uma classificação de gravidade da doença. Dessa forma, cada paciente tem o
tratamento indicado de maneira individualizada, de acordo com a sua
necessidade, por isso a importância do acompanhamento médico especializado.
O tratamento pode ser desde controle de
peso, exercícios com fonoaudiólogo e aparelhos intraorais, até o uso de
ventiladores (CPAP), que facilita a respiração durante o sono, e a cirurgia da
via aérea, sendo bastante comum a associação entre eles.
Hospital Paulista de Otorrinolaringologia
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