Tintas para cabelo, perfumes e fragâncias também estão no topo do ranking
Um estudo feito
por pesquisadores brasileiros, publicado no final de 2020, apontou que os
esmaltes usados para pintar as unhas são responsáveis por cerca de 30% dos casos
de dermatite alérgica de contato. Em relação ao local da alergia, a região
facial é a mais afetada em 26% dos casos, especialmente área
das pálpebras.
Segundo a oftalmologista Dra. Tatiana Nahas, especialista em cirurgia plástica
ocular e doenças das pálpebras, a pesquisa corrobora o que
acontece na prática clínica.
“É muito comum receber pacientes, na maioria das vezes mulheres, com reações
alérgicas importantes na região das pálpebras. Quase sempre, essa alergia é
desencadeada por produtos cosméticos, em especial esmaltes, tinturas de cabelo
e cremes para o rosto”.
Outro dado levantado pela pesquisa é que, em média, as mulheres usam 12
produtos cosméticos por dia, colocando cerca de 168 diferentes
componentes químicos em contato com a pele. No ranking do estudo, logo após o
esmalte de unha, os produtos que mais causam alergia são as tinturas para
cabelo, perfumes e fragrâncias, shampoos e cremes para o corpo.
Investimento na face
O mercado de produtos de higiene pessoal e cosméticos é um dos que mais crescem
no Brasil. Mesmo em um ano de pandemia, com queda de renda e perda de empregos,
o setor cresceu 5,8% em 2020, segundo dados da Associação Brasileira da
Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC).
Os produtos para a pele tiveram um crescimento ainda mais robusto: 21,8%. E se
você acha que é muito, prepare-se: máscaras e tratamentos faciais cresceram 91%
em 2020.
O fator de risco mais importante para desenvolver a dermatite de contato é
justamente o aumento do uso de cosméticos. As mulheres, entre 20 e 55 anos, são
as mais afetadas.
Sinais e sintomas
Dra. Tatiana explica que há duas formas da dermatite de contato: a irritativa e
a alérgica. “A forma irritativa costuma ocorrer no primeiro contato com a
substância. As lesões ficam restritas a área em que o produto foi aplicado,
causando muita ardência, queimação ou coceira”.
Já a dermatite de contato alérgica, em geral, aparece após o uso frequente e
prolongado de um produto. “Pode demorar anos para aparecer. Surgem erupções na
pele, especialmente onde houve contato com a substância. Essas lesões podem
inchar, ficar vermelhas, formar bolhas ou crostas e dar a sensação de rubor
(calor)”, explica a especialista.
Procure seu médico
A principal recomendação ao perceber que houve uma reação alérgica é lavar com
água, de forma abundante. Caso não melhore, o ideal é procurar o médico.
“Quando a pessoa identifica qual foi o produto, fica mais fácil evitar
recorrência do problema. Isso para os casos das dermatites irritantes.
Entretanto, as dermatites alérgicas podem demandar uma investigação mais
apurada para descobrir qual ou quais produtos têm causado a alergia”.
De olho na validade
A oftalmologista alerta: é preciso controlar a data de validade dos produtos.
“Em geral, as mulheres não se preocupam muito com o vencimento das maquiagens.
E produtos fora do prazo de duração têm um potencial maior para causar
alergias. Isso vale para qualquer cosmético”, reforça Dra. Tatiana.
Alergia ocular
A reação alérgica pode afetar tanto a pele das pálpebras quanto o globo ocular.
Nesses casos, a atitude é a mesma: lavar com água de forma abundante e procurar
o oftalmologista, se não houver melhora. Não use nenhum tipo de colírio ou
outra substância.
Por fim, a médica faz um alerta: “Nos últimos anos, o uso dos óleos essenciais
se tornou mais frequente no Brasil. Entretanto, esses produtos são bastante
concentrados. Assim, deve-se evitar o uso desses óleos na região facial,
especialmente em volta e nas pálpebras”, finaliza Dra. Tatiana.
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