Crises
frequentes de dor de cabeça podem ser enxaqueca. Mas não o único alerta para
essa doença que mais gera incapacidade em adultos abaixo dos 50 anos no mundo
A enxaqueca é uma
doença que atinge cerca de 15% da população brasileira, sendo a condição que
mais gera incapacidade2-3 no mundo em adultos abaixo dos 50 anos, com maior
incidência nas mulheres1 do que em homens. Muitas vezes, é associada a
episódios frequentes de forte dor de cabeça, mas não se resume a isso: é
possível sofrer de enxaqueca mesmo sem manifestação de cefaleia.
Essa alta incidência
nos brasileiros, associada ao grande desconhecimento da população e à pouca
carga horária dedicada ao tema na formação de profissionais da saúde que
atendem aos pacientes afetados pela doença (são apenas cerca de 4 horas de
estudo, em média, em toda a vivência acadêmica), acaba por gerar um baixo
índice de sucesso no combate à doença.
Estudos indicam que a
enxaqueca seja um fenômeno neurológico condicionado por um cérebro hiperativo
que processa os estímulos sensoriais de forma distorcida e desordenada,
causando o desconforto da cefaleia, náusea, vômito, falta de concentração,
sensibilidade à luz e outros sintomas.4
"Com a
conscientização da população e da comunidade médica, poderemos combater
efetivamente a enxaqueca, desmitificando percepções equivocadas e dando a
devida relevância ao problema. É preocupante saber que essa doença incapacite
milhões de pessoas e muitas delas não consigam sequer acesso a um diagnóstico
correto, fundamental para que possam se tratar" explica o dr. Marcio
Nattan, neurologista do Grupo de Cefaleias do Hospital das Clínicas da USP São
Paulo.
O neurologista
recomenda que todos pratiquem um movimento empático com as pessoas que sofrem
com enxaqueca e encorajem aquelas com sintomas recorrentes a se consultarem com
um especialista. "Enxaqueca é coisa séria e juntos podemos combatê-la.
Seja sensível à dor do paciente e não a menospreze, lembrando que fatores como
controlar luminosidade e barulho podem ajudar nos momentos de crise",
finaliza ele.
Referências
• Queiroz LP, Peres
MF, Piovesan EJ, Kowacs F, Ciciarelli MC, Souza JA, Zukerman E. A nationwide
population-based study of migraine in Brazil. Cephalalgia. 2009
Jun;29(6):642-9. doi: 10.1111/j.1468-2982.2008.01782.x
• GBD 2016 Headache
Collaborators. Global, regional, and national burden of migraine and
tension-type headache, 1990-2016: a systematic analysis for the Global Burden
of Disease Study 2016.
• Lancet Neurol. 2018
Nov;17(11):954-976. doi: 10.1016/S1474-4422(18)30322-3
• Physiol Rev 97:
553-622, 2017
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