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quarta-feira, 12 de maio de 2021

Educação Infantil: ensino remoto é desafio para escolas e famílias

Educadores afirmam que, sem o engajamento da família, o processo de aprendizagem nessa fase não se completa


O longo período de suspensão das aulas presenciais e o vai e vem de reaberturas de escolas tem causado forte impacto na Educação, principalmente no segmento da Educação Infantil. Muitas famílias optaram por tirar os filhos das escolas privadas, matriculando em escolas públicas ou simplesmente deixando-os em casa. A coordenadora pedagógica do Colégio Unicol, em São Gonçalo do Sapucaí (MG), Marcela Cisneros, confirma que o momento é realmente delicado para a Educação Infantil. "Em nossa cidade, atualmente, somos a única escola particular do município a oferecer turmas de Educação Infantil", conta Marcela. 

De acordo com a coordenadora, a escola percebeu o enorme desafio e, ciente de que os pais seriam os principais aliados para viabilizar a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças, optou por facilitar e individualizar o atendimento. "As aulas eram gravadas e postadas junto com as propostas de atividades, para que as famílias pudessem encontrar o momento mais oportuno para cada uma delas realizar as atividades com suas crianças. Isso ajudou demais porque os pais puderam se adaptar conforme a sua disponibilidade e não no dia e hora que a escola determinava", conta a coordenadora. Para garantir a interação professor e aluno, foi desenvolvido um cronograma de atendimento individualizado para cada criança. "Quando está atendendo um aluno apenas, a professora tem mais condições de explorar a oralidade e as experiências da criança, conseguindo também observar e avaliar melhor o seu desempenho", acrescenta Marcela. 

De acordo com a editora de conteúdo do Sistema Positivo de Ensino, Patrícia Waltiach, o ato de brincar é uma das atividades fundamentais para a aprendizagem e para o desenvolvimento das crianças. "Ao brincar, a criança se defronta com desafios e problemas, e precisa buscar constantemente soluções para ele. Não à toa as brincadeiras e interações são apontadas nos documentos oficiais como organizadores do dia a dia nas instituições de Educação Infantil. Na escola, as situações de brincadeiras repletas de interações tornam-se ainda mais potentes pela ação especializada e intencional do professor. Com o ensino remoto, a intervenção do professor ficou bastante restrita", ressalta Patrícia. Para ela, são poucas as brincadeiras que podem ser feitas a distância, além de as interações entre as crianças e com as crianças ficarem bastante prejudicadas. "Obviamente, esse novo panorama imposto pela pandemia exigiu e continua exigindo das equipes das escolas uma adequação profunda no planejamento das ações e uma permanente reflexão em torno das melhores formas para se manter o contato com as crianças e as famílias", conclui.

A coordenadora editorial de Educação Infantil do Sistema Positivo de Ensino, Silvia Dumont, insiste na importância do engajamento das famílias. "É preciso compreender que o momento pandêmico expôs o fato de que não é papel exclusivo da escola manter a criança engajada com o processo de aprendizado. Escola e família são instituições complementares. Por isso, os familiares também são responsáveis por esse engajamento que, agora, exige não apenas o acompanhamento das tarefas, mas o acesso adequado a equipamentos eletrônicos e internet. Esse modelo parece ser um pouco mais desafiador quando se trata de crianças pequenas. No entanto, a disponibilidade, a persistência e a motivação permanente farão a diferença nesse processo. Não se pretende que os pais ou outros familiares assumam o papel dos professores; o que se deseja é que a família colabore, criando condições para que a criança vivencie as situações propostas pelo professor", argumenta. 

Para a especialista, o importante é os pais acreditarem na capacidade de superação e flexibilidade dos filhos, não medindo o tempo e o esforço que estão sendo necessários para acompanhar a atividade proposta. "Haverá dias em que a criança ficará um tempo maior concentrada, interagindo com a professora ou mesmo com os adultos que estão realizando as propostas com ela, em casa; em outros, o nível de atenção pode baixar consideravelmente", explica Silvia. Ela reconhece que não é fácil nem para as escolas, nem para as famílias, mas garante que é possível vencer o desafio. 

"Na faixa etária abaixo dos 4 anos, uma das principais atividades realizadas nas escolas de Educação Infantil diz respeito à socialização, à convivência e à interação com a professora e outras crianças, o que, aparentemente, não combina com o ensino a distância", afirma Silvia. No entanto, a educadora assegura que os especialistas estão se empenhando para proporcionar atividades lúdicas e instigantes aos alunos. "São joguinhos, brincadeiras e afazeres que, além de entreter as crianças, auxiliam no seu desenvolvimento afetivo, motor e cognitivo. Além disso, os professores podem, neste momento difícil para todos, dar todo o suporte às famílias com relação a dúvidas e sugestões relacionadas ao desenvolvimento das crianças", acrescenta. Para Silvia, é fundamental, neste momento, investir em práticas que compensem a falta que a escola faz. E são os professores e o ensino remoto que conseguem garantir ganhos nesse sentido. "Há maneiras, sim, de despertar o interesse infantil e engajar as crianças em aprendizagens significativas. Com o acesso à internet, os pequenos poderão falar com os professores, ouvir histórias, fazer desfile de fantasia, desenhar, recortar e colar, cantar junto e recitar quadrinhas, trava-línguas e parlendas. Outro benefício é que, por meio das lives, o vínculo entre escola e família é mantido, o que certamente terá um efeito positivo assim que as crianças retornarem ao ensino presencial", reforça a educadora.


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