Porque se fala
tanto em 5G? Qual é o seu verdadeiro significado para as nossas vidas?
Como o espírito
desbravador do Marechal Rondon se encaixa na modernidade que buscamos?
Celebramos
na última quarta-feira mais um “Dia Nacional das Comunicações” em reverência ao
nascimento em 5 de maio de 1865 na cidade de Mimoso, no Estado do Mato Grosso,
do grande brasileiro, Cândido Mariano da Silva Rondon, que descendia de índios
Terena, Bororó e Guaná, reconhecido internacionalmente por seu pioneirismo na
integração de extensas áreas do território brasileiro e por suas ações
humanitárias junto a inúmeras tribos indígenas.
Há cem anos, a construção de linhas telegráficas exigiu um trabalho penoso e
abnegado, desbravando regiões inexploradas, fazendo medições e cálculos em meio
ao clima adverso, transportando e instalando cabos e equipamentos com enorme
esforço sob o risco de doenças tropicais, serpentes e insetos perigosos.
Porém, ainda hoje, a interiorização da comunicação em banda larga reúne
importantes desafios de logística, tecnologia e investimentos, ressaltados em
recentes estudos por diversos órgãos internacionais como o Banco Interamericano
de Desenvolvimento (BID)) e a União Internacional de Telecomunicações (UIT),
que ainda apontam o efeito da pandemia sobre o trabalho e da educação remotos
como fatores agravantes da situação de integração digital em países da América
Latina, incluindo o Brasil.
A nova revolução 4.0 em que as pessoas, as máquinas e as coisas passam a
interagir em tempo real, de modo a tornar a dinâmica entre as pontas de
produção e consumo mais eficiente e responsiva, compõe uma nova fronteira a ser
desbravada em grande parte da nossa extensa dimensão e diversidade territorial.
E isto pode se referir a uma comunidade rural, a uma extensa área de produção
agropecuária, a uma ferrovia cruzando a imensidão do país, a uma indústria ou
armazém isolados da conectividade padrão ou mesmo a um bairro mais afastado dos
centros urbanos.
É neste sentido que tecnologias licenciadas sem fio, tais como 4G, 5G DSS e o
futuro 5G AS se associam a demais alternativas de conexão - LoRa, WiFi6 e Mesh
- para a redução dessas “brechas digitais” e o provisionamento de serviços de
comunicação integrados às plataformas em nuvem, que demandam robustas redes em
fibra ótica, rádio e satélite.
A “Internet das Coisas” (IoT) é um campo que já vem sendo explorado com
crescente vigor, porém é importante salientar o seu potencial para empresas instaladas
no território nacional, que ao entenderem as demandas específicas dos diversos
segmentos produtivos, com os seus “ingredientes locais singulares” de acesso,
segurança e criticidade, possam propor soluções dedicadas às condições de
contorno da nossa realidade enquanto país continental e repleto de contrastes.
É necessário entender que hoje dispomos de uma grande multiplicidade de
ferramentas para a coleta, medição e atuação por meio dos mais diversos e
criativos dispositivos IoT, alocados em máquinas, em drones, em seres vivos e
até em seres humanos.
O ambiente de inovação em academias e centros de pesquisa multidisciplinares
são fundamentais para promover a conexão e o processamento destas informações
por meio de sistemas de Inteligência Artificial, Gêmeos Digitais e Redes
Virtualizadas, abrindo novas fronteiras para o nosso desenvolvimento, a exemplo
das conquistas da famosa missão de 1927 do nosso Patrono das Comunicações
percorrendo mais de 17.000 km do território nacional, um feito à época inimaginável.
A saúde da nossa economia, da nossa capacidade de geração de empregos e da
competitividade internacional dos nossos produtos passa por mais conectividade,
integração e inteligência embarcada nos mais diversos sistemas de apoio à
produção. E, quando falamos em 5G, é sobre esta revolução que estamos falando,
e não simplesmente de mais um sistema de telefonia.
Hermano do
Amaral Pinto Junior - Engenheiro Eletricista, Economista, Diretor de Portfólio
da Informa Markets Brasil e do Futurecom.
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