Infectologista explica quais são as medidas necessários a serem adotados durante cirurgias ou procedimentos invasivos
O número de infecções hospitalares no
Brasil é de 14%, segundo um levantamento realizado em 2019 pelo Ministério da
Saúde. Para evitar esse tipo de problema, é necessário um controle e
monitoramento dos procedimentos invasivos realizados em pacientes. Por isso, no
dia 15 de maio, é celebrado o Dia Nacional de Controle das Infecções
Hospitalares.
A data, instituída em 2008, tem como intuito conscientizar não só os
profissionais da saúde, como também a população no geral, da importância de
cuidados de higienização na hora de realizar cirurgias ou procedimentos
invasivos. Segundo o infectologista do Hospital Anchieta de Brasília, Victor
Bertollo, existe uma gama de infecções. "Podemos defini-las como uma
infecção adquirida em ambiente hospitalar ou devido a algum procedimento de
saúde", explica.
As infecções
Bertollo fala que problemas relacionados à ventilação mecânica são as mais
comuns. "Em pacientes entubados, a ventilação mecânica pode desencadear
uma pneumonia". As infecções de corrente sanguínea também são causadas por
dispositivos invasivos que são colocados, por exemplo, no interior de grandes
veias de pacientes", aponta. "Essas, estão relacionadas a cateteres
venosos centrais e acessos", complementa. Outro tipo de infecção causada
por materiais hospitalares é a infecção urinária, que pode ser causada pela
presença de sondas na bexiga.
O especialista destaca ainda que podem ocorrer infecções cirúrgicas ou
pós-cirúrgicas, que se manifestam depois da alta do paciente. "Essas
aparecem no local ou no órgão em que foi realizada a cirurgia",
acrescenta. Ele também informa que as próteses podem ocasionar uma contaminação
"no momento do ato cirúrgico ou por disseminação de outras infecções que o
paciente venha a ter".
O infectologista ressalta que além destas infecções mais comuns, podem haver
outras infecções de transmissão intra-hospitalar. "É mais comum com vírus
respiratórios. Se não forem feitos os cuidados adequados, como o isolamento dos
casos suspeitos, podem ocorrer surtos de doenças causadas por vírus
respiratórios, ou até por outros agentes, como a própria tuberculose ",
explica.
Como prevenir
O principal cuidado de prevenção diz respeito às práticas de controle de
infecção hospitalar, segundo Bertollo. "Recomenda-se, por exemplo, que o
uso de dispositivos invasivos seja pelo menor tempo possível, além de uma
manipulação e técnica de limpeza desses equipamentos adequada", diz.
Ele ainda frisa que é importante o uso controlado de antibióticos, para evitar
a infecção de bactérias multirresistentes. "Usar esses medicamentos
demasiadamente pode gerar uma resistência antimicrobiana, levando a infecção
por superbactérias", esclarece o infectologista. Caso o paciente seja
infectado por essas bactérias multirresistentes, o tratamento se torna mais
difícil e complexo, sendo necessário o uso de antibióticos de tratamento
endovenoso, de amplo espectro, específicos, e às vezes até mesmo com maior
toxicidade, dependendo da situação do paciente.
A criação de Comitês de Controle de Infecção Hospitalar também é imprescindível
para a diminuição de infecções hospitalares. "Esses comitês são criados
justamente para estabelecer os protocolos de prevenção de infecção hospitalar
bem como o treinamento do corpo técnico", esclarece Bertollo. O
infectologista destaca como melhor e mais eficaz medida de prevenção de
infecção hospitalar o ato de lavar as mãos adequadamente. "É
importantíssimo que a lavagem das mãos seja realizada nos cinco momentos preconizados
pela Organização Mundial da Saúde", afirma.
De acordo com o médico, é imprescindível que o profissional lave as mãos antes
de contato com o paciente; antes da realização de procedimento; após risco de
exposição a fluidos biológicos; após contato com o paciente e após contato com
áreas próximas ao paciente, mesmo que não tenha tocado o paciente. Cuidando
direta ou indiretamente do paciente. "Se todos profissionais dentro de um
ambiente hospitalar respeitarem e aderirem a todos os protocolos de controle de
infecção, o risco de infecções hospitalares reduzirá significativamente",
complementa o infectologista, do Hospital Anchieta de Brasília.
Ele conclui: os pacientes podem ainda auxiliar na redução do risco de
transmissão ao cobrar dos trabalhadores da saúde que realizem adequadamente os
procedimentos de lavagem de mãos, cuidados com curativos e manipulação de
dispositivos invasivos", relata Dr Victor Bertollo.
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