Chegou ao Brasil a nova moda do momento: o aplicativo ClubHouse. Voltado para o envio de áudios e com salas de bate-papo ao vivo, a ferramenta é o assunto mais falado neste começo de 2021. De acordo com dados do Google, entre os dias 1 e 9 de fevereiro, as buscas pelo aplicativo aumentaram 4.900% se comparado com todo o mês de janeiro. Já são mais de 6 milhões de usuários, segundo informações da Backlinko, reunidos para debater, opinar e ouvir sobre assuntos diversos com pessoas de todo o mundo.
Como toda nova tecnologia que é apresentada para a
sociedade, a novidade pode e deve ser adaptada pelos usuários para aproveitar
da melhor forma possível a ferramenta. E isso vale também para os gestores
públicos, que devem estar cada vez mais atentos ao que surge de novo no
mercado. Nesse caso, o ClubHouse dá uma lição sobre a importância e relevância
da participação cidadã em uma gestão.
O envolvimento de pessoas relevantes para o
mercado, como o CEO da Tesla e SpaceX, Elon Musk, o CEO do Facebook, Mark
Zuckerberg, e a CEO da Beauty'in, Cristiana Arcangeli, além de influenciadores
digitais e personalidades como Drake, Pyong Lee e Luciano Huck, gera
curiosidade e interesse por parte da população para ouvir o que essas pessoas
têm a dizer e também poder compartilhar experiências relevantes para o tema.
Isso nada mais é do que o princípio da participação cidadã: aproximar a
população das pessoas que são referência na gestão, seja ela pública ou
privada.
Talvez, em um primeiro momento, pareça que os
usuários não terão muito interesse em conversas ou um bate-papo com o prefeito
de sua cidade, por exemplo. Porém, o pilar da participação cidadã defende o
diálogo entre as duas partes e não somente que o cidadão ouça o que é dito
pelos gestores, como acontece nos modelos atuais de entrevistas coletivas ou
pronunciamentos.
Já imaginou um grande chat no ClubHouse em que
todos os moradores possam expor suas ideias e opiniões? Parece uma grande
bagunça, mas é em oportunidades como essa que surgem as demandas de quem
realmente vive na cidade. A nova rede social não será a solução para aproximar
a sociedade de seus gestores, mas é um exemplo de como a população valoriza a
participação e a oportunidade de expor suas ideias. Além de sentir o prestígio
de estarem próximos de quem é referência ou líder em cada setor.
A exclusividade de receber um convite para fazer
parte da rede social desperta no indivíduo a mesma sensação de privilégio
quanto ser convidado pelo prefeito para passar um dia acompanhando o trabalho
no poder público e dando sua colaboração para o crescimento da cidade. E a
tecnologia é o melhor caminho para possibilitar essa mudança de forma gradativa
e organizada dentro de cada município.
Falar com o povo, mas também saber ouvir o que
todos têm a dizer, dentro dos ambientes que eles estão inseridos, inclusive os
online, é uma das maiores virtudes que se espera do gestor que assume o
compromisso de levar uma cidade, estado ou país para frente. E abrir portas
para a voz do cidadão pode transformar uma gestão participativa na nova moda do
Brasil.
Flavio dos Santos - coordenador de Atendimento ao
Cidadão no Instituto das Cidades Inteligentes (ICI)
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