Pacientes em
tratamento no Centro Infantil Boldrini receberam bonecos personalizados de
acordo com suas características. Para muitas crianças, iniciativa cria
oportunidade de se verem representadas pela primeira vez
Os pacientes
Léo, Suellen e Jheniffer receberam
os bonecos do projeto “Alguém como eu”.
Nesta
semana, quatro pacientes do Centro Infantil Boldrini, hospital filantrópico que
é referência em tratamento onco-hematológico na América Latina, localizado em
Campinas, SP, receberam bonecos personalizados de acordo com suas
características pessoais. A iniciativa faz parte do projeto “Alguém como eu”,
criado para valorizar as particularidades e promover a autoestima das crianças,
por meio da representatividade.
Leonardo,
de 8 anos, Jheniffer, de 7 anos, e as irmãs Suellen, de 7 anos, e Larissa, de 4
anos, receberam os bonecos nessa primeira entrega. Todos são pacientes do
hospital e esbanjam personalidade.
O
Léo, por exemplo, conta que nunca perdeu os cabelos, mesmo após passar por 87
sessões de quimioterapia, mas precisou começar a usar óculos, por conta de
déficit na visão causado pela posição do tumor que trata. “Ele está vestido de
azul, assim como eu, e tem os mesmos óculos. Ele está igualzinho a mim. O
boneco vai dormir comigo agora”, disse, ao receber o presente.
Sua
amiga Jhennifer, já passou pelo período de queda dos cabelos, por causa da
quimioterapia, e agora vê os fios crescerem novamente. Estilosa, ela está
sempre com tiaras combinando com o look do dia – detalhe que está presente em
sua boneca.
As
irmãs Suellen e Larissa passam por etapas diferentes em seus respectivos
tratamentos. Por isso, Suellen ainda está carequinha e usa cadeiras de rodas,
por conta de um encurtamento na perna esquerda, ao passo que Larissa já vê seus
cachinhos nascendo, no período pós cirurgias e quimio.
“Para
muitas crianças, uma boneca personalizada cria a oportunidade de se verem
representadas pela primeira vez. E essa é uma grande conquista!”, afirma Maria
Emília Zampieri, organizadora do projeto “Alguém como eu”. “Toda criança quer
sentir que se encaixa. Mas isso pode ser difícil quando se encontra pouca ou
nenhuma representatividade. E isso inclui os brinquedos”.
Por
isso, no projeto “Alguém como eu”, tudo começa com um pedaço de tecido, mas
depois de algumas horas de costura, ele se transforma em muito mais: uma boneca
que se parece exatamente com a criança que a inspirou.
Maria
Emília e a mãe, Maria Silvia, que é pedagoga, confeccionaram as bonecas de
pano, se inspirando em iniciativa da norte-americana Amy Jandrisevits, de
Milwaukee, Wiscosin, que em 2019 criou a campanha “A Doll Like Me”.
Nos
EUA, o projeto conquistou o coração de crianças e adultos e viralizou na
internet, a ponto de gerar uma vaquinha online para que Amy pudesse contemplar
um maior número de crianças. Até o momento, ela já fez 300!
“Assistindo
aos vídeos da entrega das bonecas da Amy para as crianças é que nasceu a
vontade de fazer o mesmo por aqui. Essas bonecas são carregadas de emoções. É
incrível passar um tempo prestando atenção no jeitinho de cada criança e
traduzir em formas de bonecos. Elas acabam fazendo parte nossas vidas e, ver
sua alegria ao se reconhecer no brinquedo, é muito impactante”, afirma Maria
Silvia.
“Queremos
contribuir para a autoestima das crianças e mudar a narrativa sobre
representatividade. Podemos fazer isso, uma boneca por vez”, avalia Maria
Emília.
“Acreditamos
que por meio de brincadeiras e comunicação lúdica, é possível gerar aprendizado
e qualidade de vida para pacientes infantis. Ao brincar, a criança doente pode
recuperar capacidades, desenvolver senso de controle, exercitar a flexibilidade
e a espontaneidade. Além de reparar frustrações, exercitar mecanismos de
adaptação, melhorar seu desempenho e recuperar a capacidade de diversão e
motivação. Por meio do brinquedo, elas poderão experimentar uma nova forma de
ser”, completa Maria Silvia.
Quem
quiser ajudar o projeto, pode adotar uma boneca, entrando em contato pelas
redes sociais do projeto: @alguem.como.eu, no Facebook e Instagram.
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