Nesta época que antecede a
volta às aulas, os pais têm muito com o que se preocupar para que seus filhos
tenham um ano escolar bem-sucedido. A consulta ao oftalmologista faz parte do
check list. Tanto que, de acordo com o médico Renato Neves, diretor-presidente
do Eye Care Hospital de Olhos (SP), o volume de pacientes com menos de 17 anos
aumenta entre 20% e 30% na segunda quinzena de janeiro. “A maior parte do
aprendizado de uma pessoa se dá na infância. Por isso é tão importante oferecer
as melhores condições possíveis e cuidar bem da visão”.
Apesar de algumas escolas
públicas contarem com determinados programas de check up anual da visão,
Neves explica que o exame realizado em ambiente clínico é mais meticuloso,
amparado por toda tecnologia necessária para exames complementares. Isso
garante não apenas a prescrição de óculos de grau para quem tem miopia,
hipermetropia ou astigmatismo, mas uma série de outras possibilidades
terapêuticas dependendo da necessidade. “Quando um problema de visão é mal
diagnosticado, ou passa despercebido, outros problemas comportamentais e de
saúde podem surgir como desdobramento. Exemplo disso são crianças consideradas
irrequietas, difíceis de lidar, impacientes, e que, posteriormente, foram
diagnosticadas com miopia. Ou seja: a criança não enxergava nada o que estava
sendo escrito na lousa – o que desencadeava a falta de interesse e
indisciplina”, relatou o médico.
Estudos demonstram que 60% das
crianças classificadas como estudantes portadores de alguma incapacidade ou
dificuldade no aprendizado na realidade tinham problemas de visão nunca
diagnosticados. “Quanto mais cedo uma dificuldade visual for diagnosticada e
tratada, maiores serão as chances de um tratamento bem-sucedido. Além disso, a
visão das crianças pode mudar rapidamente. Daí ser fundamental consultar um
especialista tão logo pais ou responsáveis notem alguma alteração no
comportamento ou ainda percebam que a criança vem se queixando mais frequentemente”.
Miopia está aumentando
aceleradamente na infância
Renato Neves chama atenção
para o grande aumento de casos de miopia entre crianças. Em muitos países, o
problema já é considerado uma epidemia. Estudo realizado pelo National Eyes
Institute (Estados Unidos) mostra que a prevalência de miopia aumentou de
25% para 42% entre os norte-americanos com idade entre 12 e 54 anos nas últimas
três décadas. “A miopia geralmente começa na infância. O míope costuma
fechar um pouco os olhos para tentar enxergar melhor quando não está usando
óculos ou lentes. Essa é, inclusive, uma dica para os adultos prestarem
atenção. Se a criança cerra a vista para ver melhor alguma coisa que está
distante, tem algo de errado que deve ser investigado. Para a maioria das pessoas,
ela se estabiliza no início da vida adulta, mas há casos em que a miopia
continua aumentando ao longo dos anos”.
Segundo o médico, outras
queixas muito comuns entre as crianças incluem dor de cabeça, sensação de
cansaço nos olhos, irritação e vermelhidão ocular. “Não são poucas que
verbalizam a necessidade ‘descansar’ um pouco os olhos antes de continuar a
estudar ou até mesmo brincar. Os pais devem estar muito atentos a esse tipo de
queixa e buscar ajuda de um especialista”.
Quando o paciente é pequeno,
Neves afirma que os óculos são a melhor solução – já que não requerem grandes
cuidados e são mais fáceis de se adaptar. Já quando o paciente tem mais de 12
anos e demonstra ser capaz de tomar todos os cuidados diários que as lentes de
contato exigem, essa é uma boa opção. Por fim, quando o oftalmologista percebe
que houve uma acomodação no grau, a cirurgia refrativa é um ótimo recurso para
o paciente se ver finalmente livre de óculos e lentes de contato. “Hoje em dia
o procedimento é rápido, praticamente indolor e a recuperação se dá em curto
espaço de tempo”.
Dr. Renato Neves, - médico
oftalmologista, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos (SP) – www.eyecare.com.br
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