Um novo estudo
aconselha os pediatras a darem ao fracasso acadêmico a mesma atenção que a
qualquer outro problema complexo que afeta uma criança
A Academia Americana de
Pediatria publicou um relatório sobre o que os pediatras podem - e devem -
fazer para ajudar "crianças em idade escolar que não estão progredindo
academicamente". Segundo o documento, os pediatras podem desempenhar um
papel importante no trabalho com crianças que estão com dificuldades na escola.
“O relatório estabelece um padrão para
o cuidado da criança que não está indo bem na escola, destacando que essa
situação merece a mesma atenção que qualquer outro problema complexo que
atrapalhe a criança. O pediatra deve garantir que o quadro seja investigado
adequadamente e a causa seja encontrada, embora grande parte dos testes e
tratamentos específicos sejam realizados por outros profissionais”, afirma o
pediatra homeopata Moises Chencinski.
Segundo dados da Academia Americana de
Pediatria, uma em cada seis crianças, nos EUA, está enfrentando dificuldades na
escola a ponto de realmente sofrer. Elas sentem que estão “falhando”. O
documento se refere a crianças que estão lutando apenas para não afundar de
vez. Às vezes, é uma criança que estava indo bem até que algo mudou ou deu
errado no ambiente escolar - uma incompatibilidade de professores, uma situação
social ruim com os colegas de classe. E, às vezes, é um problema com o perfil
de aprendizagem ou com o estado de espírito da criança que vem à tona, à medida
que as demandas acadêmicas aumentam.
“O fracasso escolar é um conjunto
complexo de causas, como muitas situações na medicina. A abordagem feita por
meio de uma conversa rápida ou um teste simples nem sempre ajuda as crianças.
Isso não dará as respostas apropriadas para a maioria delas”, defende o médico.
Sobre desempenho
Um ponto é importante destacar: as
crianças que não conseguem atingir resultados acadêmicos expressivos não são
necessariamente preguiçosas. Geralmente, há um problema subjacente e costuma
ser complexo, pois todas as crianças querem ter sucesso.
“Crianças mais novas podem ter um
problema auditivo que foi esquecido no início da vida ou uma deficiência intelectual,
enquanto as mais velhas podem estar enfrentando bullying ou lutando com distúrbios
emocionais, depressão ou ansiedade. E não é possível esquecer que crianças de
qualquer idade podem se encontrar na sala de aula inadequada com o professor ou
os colegas não compatíveis. Descobrir o que realmente está acontecendo
significa olhar atentamente para a criança, ouvir a história dela e, muitas
vezes, superar a primeira solução fácil”, pondera o pediatra.
Nem todas as crianças que estão com
dificuldades na escola precisam de uma avaliação comportamental completa do
desenvolvimento. Muitas vezes, há dicas precoces de que algo está
inadequado, quando seu filho é diferente desde o início. “Os pais podem ter
notado que uma criança fica atrás de outras crianças ao aprender a rimar ou a
aprender o alfabeto. Um histórico familiar de dificuldades de aprendizagem
também pode indicar riscos adicionais. Se formos gentis e empáticos, isso ajuda
muito. As crianças não estão fazendo isso porque se comportam mal, elas estão
trabalhando de acordo com a própria capacidade”, explica Moises Chencinski.
De acordo com a nova diretriz
americana, se você sabe que seu filho está com dificuldades na escola, marque
uma consulta, sente-se com seu pediatra e peça uma orientação. “Isso não
significa que existam necessariamente problemas médicos (embora eles possam
certamente desempenhar um papel). Mas é preciso lembrar que toda criança gosta
de aprender e, quando algo a atrapalha nessa missão, ela pode se sentir
desencorajada, infeliz e progressivamente insatisfeita”, observa o médico.
Moises Chencinski
Instagram: @doutormoises
Facebook: @doutormoises.chencinski
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