Limite de acesso deve ser restrito e seguir cada faixa etária
De
acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), não é recomendado que crianças
até dez anos de idade passem mais de 60 minutos por dia expostas a
smartphones, computadores ou televisão. Para os menores de 24 meses, a
orientação é ainda mais rigorosa: não devem passar nem um minuto na frente
desses dispositivos. No mês em que é celebrado o
Dia Nacional da Infância (24/8), Maria da Glória Neiva, diretora da pediatria
do Hospital Vitória, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, dá orientações
sobre o tema.
A médica informa que é importante conhecer os impactos que o
contato exagerado com a tecnologia provoca na saúde dos pequenos. “Os
efeitos podem ser negativos, quando relacionados ao uso precoce e
indiscriminado desses equipamentos, porque estão diretamente ligados ao
sedentarismo, a obesidade, os prejuízos na socialização e interação, além da
dificuldade no aprendizado”, diz.
Conforme as orientações da especialista, também é importante
pontuar as questões que abrangem a concentração, os transtornos do sono, bem
com problemas auditivos, visuais e posturais. “Os pais e cuidadores precisam
manter-se atentos ao tempo que os pequenos utilizam esses aparelhos. É muito
comum nos depararmos com crianças, inclusive, menores de 2 anos, que já
manuseiam esses dispositivos com muita facilidade - prática que
deve se evitar para prevenir problemas futuros”,
observa.
Outro aspecto que a especialista observa é o fato de que essas
tecnologias acabam prendendo a atenção das crianças e, em um momento de birra,
os pais podem acabar optando por esse artifício, mesmo sem saber dos impactos
negativos da decisão. “Os objetivos são vários, como controlar uma situação de
crise e manter os pequenos tranquilos e em silêncio, por exemplo. Não é
condenar a ação, mas sim chamar a atenção para os danos que essa prática pode
ter e lembrar que criança saudável é barulhenta, curiosa, não para quieta,
explora, mexe nas coisas e quer, no fim de tudo, apenas brincar”, reflete.
É fato que os dispositivos móveis, como os smartphones e
os tablets, contribuem para o dia a dia das pessoas de diversas formas,
com comunicadores em tempo real e como facilitadores do acesso a informações
úteis. Com as crianças, esse cenário não é diferente. Por isso, é importante as
recomendações, particularmente, nas fases da infância que têm limitações
relacionadas ao desenvolvimento. A Sociedade Brasileira de Pediatria e a
Academia Americana de Pediatria adotaram novas recomendações para o tempo de
exposição das crianças a eletrônicos – o chamado screen time. Limites
listados a seguir:
• Menores de 24 meses: evitar o uso de equipamentos
eletrônicos a qualquer momento.
• De 2 a 5 anos: limitar a exposição em uma hora por dia a
programas que envolvam educação, aprendizado e ensino de idiomas. Os pais ou
cuidadores devem vê-los juntamente com as crianças, para auxiliar na
compreensão do que está sendo assistindo e, dessa forma, aplicar o conteúdo no
dia a dia.
•Após os 6 anos: é recomendado que os limites de tempo
sejam consistentes e que ocorra a observação do tipo de tecnologia usada. O uso
não deve competir com o período de sono recomendado (de 9 a 12 horas) nem com
as atividades físicas e educacionais da criança.
•Para todas as idades a especialista finaliza com a
recomendação sobre a importância do ato de brincar e de como é fundamental que
as crianças passem mais tempo envolvidas em brincadeiras ativas do que sentadas
na frente de telas. As diferentes fases da primeira infância representam um
período de desenvolvimento rápido e se torna fundamental lançar um olhar de
maior cuidado com o impacto do uso em demasia dessas tecnologias. “Incentivar a
brincadeira promove melhorias no aspecto motor, na socialização e no
aprendizado. Não há comparação com o uso desses dispositivos. Por isso
recomendo: incentivem suas crianças a brincar muito. De preferência, bem longe
das telinhas e mais perto dos amigos e da família”, reflete.
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