O mundo dos negócios quer resultados. O
administrador visa o lucro; o publicitário, a venda; o engenheiro, o
custo/benefício e por aí vai. Tudo em prol do progresso da empresa. E hoje, as
redes sociais de bate-papo estão cada vez mais sendo utilizadas para agilizar a
comunicação entre colegas de trabalho. O que gera uma discussão gigantesca
sobre elas serem vilãs ou facilitadoras no mundo empresarial. No fundo a
pergunta é: ela auxilia no progresso da empresa?
O progresso, por sua vez, é a premissa para
qualquer negócio. Não à toa, a palavra "negócio" pode ser entendida
como "negar" o "ócio". Em nossa sociedade ocidental, que
valoriza o trabalho a todo custo, quem vive de ócio algumas vezes é considerado
“vagabundo”; vide os adjetivos que pessoas preconceituosas dão a artistas, por
exemplo.
Curioso é saber que todo o processo de criação
demanda de ócio, o que chamamos de “ócio criativo”. E parece que hoje estamos
com tantos "negócios", ou melhor, há tanta negação do ócio que a
própria criatividade hoje é uma das características mais pedidas entre recrutadores.
Quantas vezes não estamos quebrando a cabeça com
algum problema e só conseguimos resolvê-lo no momento em que relaxamos e
esquecemos dele? Parece que a solução vem à mente em milésimos de segundo. Os
verdadeiros insights normalmente chegam pelo ócio.
Quem precisa ficar 24 horas diárias conectado,
trabalhando, não se permite ao ócio. Os insights, consequentemente, diminuem.
Se a resolução de problemas é prejudicada, a produtividade cai. O descanso do
indivíduo não acontece. Daí, a cada mensagem que chega, mais um estresse
acumulado. Somente o barulho da mensagem já traz todo estresse de volta. Por
isso, a síndrome de burnout está cada vez mais comum em nosso tempo.
As redes sociais de bate-papo, que eram para ser
facilitadoras, acabam dominando os dias, as horas, os minutos e os segundos do
dia e, ainda, invadem nossos finais de semana, feriados e férias. Já é tempo de
colocarmos um basta, harmonizarmos nosso cotidiano e perguntarmos: quem serve a
quem?
Leonardo Torres -
Pesquisador, Professor, Doutorando em Comunicação e Cultura e Pós-graduando em
Psicologia Junguiana
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