A preocupação com a qualidade dos trabalhos e
pesquisas escolares vem aumentando a cada dia.
Antigamente, quando o professor pedia um trabalho
ou uma pesquisa o aluno ia até uma biblioteca, aprendia a buscar entre as
prateleiras o assunto pedido, lia livros sobre o tema e, embora muitas vezes
copiasse a informação de algum lugar, o trabalho era feito em uma folha e o
texto era escrito de próprio punho, pelo aluno. De certa forma, embora ele
apenas copiasse, ao fazê-lo estava lendo as informações e o fato de ter de
escrever o que lia ajudava na aprendizagem.
Nas últimas duas décadas e meia, com a evolução
tecnológica e especialmente da internet, é cada vez mais frequente o fenômeno
“copia e cola” para dar conta dos trabalhos pedidos pelos professores.
Quando um
professor pede uma pesquisa, quer que seu aluno estude para fazer o trabalho
requisitado. No início deste “problema”, os professores costumavam pedir o
trabalho escrito “à mão”, porque embora o aluno pudesse buscar a informação na
internet, iria copiá-la e, portanto, ter que ler as informações, como antes era
feito com os livros.
Com o tempo, contudo, tudo se complicou. O “copia e
cola” ficou frequente e totalmente normal. O pior panorama é o fato de que o
aluno pode até copiar “à mão”, mas nem prestar atenção, é quase como se
estivesse desenhando as letras num papel como terapia. Cumpre o que o professor
quer ver, mas não resolve a questão da aprendizagem.
O que não se percebeu ainda é que na verdade a
internet facilitou o acesso à pesquisa e isso é ótimo. O ponto negativo é que
foram criadas prevenções para não usar textos em modelo “copia e cola”, mas na
maioria das vezes a escola não se preocupa com o mais importante, que é
modificar a forma como avalia a situação toda.
Veja a seguir pontos importantes a considerar sobre
a facilidade de encontrar informações na internet:
A fonte: quando se pesquisa em livros, eles têm todo um
processo para serem escritos e trazem fontes de pesquisa verificadas e
confiáveis. Na internet nem sempre a fonte é confiável. A escola deve se
preocupar em ensinar os alunos a notarem se a fonte da notícia, informação ou
outro tipo de texto é confiável. É preciso criar atividades e situações em aula
que possam criar a criticidade necessária tanto para o aluno poder valorizar
fontes confiáveis quanto para já educa-lo contra a pirataria e plágio e para a
valorização daqueles que se dedicam à escrita comprometida de determinado
assunto.
A facilidade: o fato de facilitar o acesso é maravilhoso... e
perigoso. É preciso que a escola tenha consciência desta questão e possa
trabalhar isso com seus alunos. Mostrar o quanto é fácil aprender é fantástico,
mas mostrar os perigos desta facilidade é também vital. A facilidade pode levar
ao comodismo, por exemplo, e o comodismo não estimula a aprendizagem. Um outro
ponto é de novo a confiança. Será que o site pesquisado tem um texto que realmente
traz informações verdadeiras?
A tarefa: o modo como a tarefa é pedida talvez seja a
questão mais delicada e essencial a se considerar. Muitas escolas se rendem ao
comodismo e simplesmente pedem uma pesquisa sobre o tema X, mas será que só
“jogar” esse tipo de tarefa não é o que prejudica o processo? E se o professor
der uma tarefa mais elabora e, em lugar de pedir um texto corrido, sem
instruções, pedir itens específicos na pesquisa, que o aluno não conseguirá
retirar de um mesmo lugar? E se incrementar e pedir em um formato diferente, no
qual o aluno terá que ler sobre o assunto e remontar tudo?
Não é preciso muito para evitar situações de “copie
e cole”, mas pode-se afirmar que o mais urgente é que as escolas percebam que
restringir nunca foi e nunca será a solução.
Para novas respostas é preciso novas perguntas.
Questionar de forma diferente deveria ser a primeira ação escolar em relação às
pesquisas.
É fato que o Brasil enfrenta uma grande crise
educacional e parece que não tem rumo para suas lacunas de aprendizagem, que
aparecem escancaradas nas inúmeras avaliações que nossos alunos fazem. A
interpretação é uma das questões que precisam mudar com urgência e para isso é
preciso uma porção de ações, entre elas a mudança de postura em relação aos
trabalhos que pedimos aos nossos alunos.
Pedir pesquisa para preencher espaços, dizer que
pediu ou trazer quantidade de trabalho para aluno e professor não dá certo!
Devemos nos voltar agora para novas questões, novas abordagens e novas tarefas.
Sua tarefa ao final deste artigo, portanto, é
refletir sobre a forma como pesquisa ou sobre a forma como pede uma pesquisa
aos seus alunos. Como você estimular seu filho a fazer pesquisas também é
relevante. O que dá certo e o que pode ser melhorado?
Por meio da reflexão sobre soluções é que
conseguiremos avançar em qualidade! Pesquise o novo, estimule a aprendizagem.
Janaína Spolidorio - Especialista em educação, formada
em Letras, com pós-graduação em consciência fonológica e tecnologias aplicadas
à educação e MBA em Marketing Digital. Ela atua no segmento educacional há mais
de 20 anos e atualmente desenvolve materiais pedagógicos digitais que
complementam o ensino dos professores em sala de aula, proporcionando uma
melhor aprendizagem por parte dos alunos e atua como influenciadora digital na
formação dos profissionais ligados à área de educação.
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