Por
meio de cruzamento de dados, Dossiê Mulher é referência no controle de agressão
contra mulheres no estado do Rio de Janeiro
A demanda por qualificação
do funcionalismo público tem aumentado nos últimos anos em todos os níveis,
sejam servidores, secretários, prefeitos ou governadores. Dentro de um setor
ainda muito aparelhado e engessado, implementar grandes mudanças é um desafio
homérico para os líderes públicos que querem realmente fazer a diferença.
Segundo dados do IBGE, 50%
da atividade econômica do Brasil está nas mãos do setor público.
Adicionalmente, 70% dos brasileiros dependem do setor público para terem acesso
a serviços básicos de saúde e educação. Frente ao cenário de arrocho nas contas
públicas, os governos precisam buscar maior produtividade, eficiência e
proximidade da sociedade.
Nesse sentido, construir
novos caminhos no governo requer não somente capacidade técnica, mas exige
também preparo para liderar uma grande mudança de comportamento e cultura nas
repartições públicas e na própria população.
O contexto atual para o
setor público exige gestores que saibam fazer leituras do contexto político,
construir soluções para os complexos problemas públicos e mobilizar e engajar a
população nas entregas e mudanças necessárias. Hoje, diversas instituições ligadas
ao desenvolvimento de gestores públicos estão atentas a esse novo perfil de
líder público, entre elas, o CLP – Liderança Pública. Por meio de uma rede de
programas de formação, como o Master em Liderança e Gestão Pública – MLG, o
instituto já desenvolveu mais de 160 líderes públicos de todo o Brasil, sejam
eles nomeados ou eleitos.
No MLG, secretários
municipais a vice-governadores ganham bolsa para fazer uma pós-graduação e
entram para uma rede de gestores que buscam soluções inovadoras para cidades e
estados. Em 2019, o CLP recebeu 88% mais inscrições que no ano passado. As 35
vagas foram disputadas por 681 pessoas. Em 2018, foram 361 candidatos; em 2017,
264. A maioria dessa nova safra de estadistas já está implementando políticas
públicas impactantes Brasil afora.
Violência contra a mulher
não é recente, mas sua visibilidade sim
A cada cinco dias, uma
mulher é vítima de feminicídio no Rio de Janeiro. O número de casos de agressão
contra a mulher no Estado vem crescendo a cada ano. Em termos de violência
física, a lesão corporal foi o crime que mais atingiu as mulheres. Foram 41.344
casos em 2018, o que indica que, a cada 24 horas, quatro mulheres foram vítimas
desse crime. No ano passado, 4.543 casos de estupro de mulheres foram
registrados no estado do Rio de Janeiro. Em 70% dos casos, as vítimas tinham
até 17 anos.
As estatísticas são
disponibilizadas graças à uma política pública bem construída: o Dossiê Mulher.
Divulgado anualmente pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de
Janeiro, o documento aborda os principais crimes dos quais as mulheres são
vítimas, como estupro, lesão corporal dolosa, ameaça, feminicídio, homicídio
doloso, injúria, entre outros.
Aumentar a visibilidade
deste tipo de violência é uma forma de auxiliar na diminuição do seu
acontecimento. Ao mesmo tempo, pensar em estratégias para combater a violência
contra a mulher é um desafio de todo gestor. Esse é o papel da Major Claudia
Moraes, que coordena o trabalho desde 2010. Ela também é Líder MLG e atualmente
é subcoordenadora de comunicação social da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
De acordo com ela, 75% das
tentativas de feminicídio e 57% das mortes são cometidas por companheiros ou
ex-companheiros das vítimas. Em relação ao local, 52% das mortes e 65% das
tentativas ocorrem dentro de casa. Além disso, 47,2% dos homicídios cometidos
foram por armas de fogo e 9,7% por arma branca, isto é, facas e facões. “Um
número não deve servir só para chocar, mas para que possamos conseguir
implementar políticas públicas e mobilizar a sociedade a partir de evidências.
E isso é uma evidência de que as mulheres sofrem muita violência”, relata
Cláudia Moraes.
O relatório aproveita, em
sua maioria, dados administrativos da polícia civil já existentes para fazer um
panorama da violência contra a mulher no estado, tornando-os legíveis para a
sociedade. Anterior à Lei Maria da Penha, o Dossiê é apresentado há quatro anos
no Fórum Brasileiro de Segurança Pública e coloca a necessidade de padronizar e
ter estatísticas oficiais de violência contra a mulher no país.
Conheça o Dossiê
Mulher e outras iniciativas do MLG.
Cláudia Moraes é
Major da Polícia Militar do Estado do Rio Janeiro (PMERJ), Mestre em Ciências
Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ (2012), possui
graduação em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(2010), graduação no Curso de Formação de Oficiais pela Academia de Polícia
Militar D. João VI (2002), Pós-Graduação lato sensu em Liderança e Gestão pelo
Centro de liderança Pública (CPL/SP),Pós-Graduação lato sensu em Gênero e
Direito pela Escola de Magistratura do Rio de Janeiro – EMERJ (2017) e
Pós-Graduação lato sensu em Segurança Pública pela Universidade Cândido Mendes
(2010). Atualmente é Subcoordenadora de Comunicação Social da Secretaria de
Estado de Polícia Militar do Rio de Janeiro e integra a Comissão Especial de
Segurança da Mulher do Conselho Estadual de Direito da Mulher – CEDIM/RJ.
Sobre o CLP
O CLP – Liderança Pública é
uma organização sem fins lucrativos e suprapartidária que há dez anos trabalha
para tornar o Brasil um país mais democrático e que ofereça uma vida digna aos
seus cidadãos. Desenvolvemos pessoas para que se tornem líderes públicos e
atuamos para mobilizar a sociedade e o poder público na defesa de causas que
fortaleçam a democracia e melhorem o funcionamento do Estado brasileiro.
Acreditamos que, somente assim, será possível termos um país que garanta a cada
brasileira e brasileiro a oportunidade de uma vida mais digna.
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