Embora muito tenha se ouvido falar sobre a eficácia
e as vantagens do uso do dispositivo intrauterino (DIU), nos últimos anos, o
número de mulheres brasileiras que aderiram ao método contraceptivo ainda é
considerado pequeno. Segundo o Ministério da Saúde, até 2018, apenas 1,9% das
mulheres faziam uso do dispositivo como forma de evitar uma gravidez
indesejada, mesmo com o incentivo dos ginecologistas e a ampliação do acesso
pelo Sistema Único de Saúde.
Desde o final de 2017, o governo passou a
disponibilizá-lo gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde do País. Para a
ginecologista e especialista em medicina reprodutiva Lilian Serio, diretora da
Clínica Fertibaby Ceará, a baixa adesão está associada à falta de informação e
aos mitos com relação ao dispositivo. Um dos principais seria o de que o DIU
contribui para a infertilidade feminina.
O que é o DIU?
É o principal método contraceptivo de longa duração
oferecido pelo SUS. Trata-se de uma pequena haste de plástico, em formato de
“T”, que é introduzida no interior da musculatura uterina, para impedir a
fecundação dos óvulos. Apresenta taxas de falhas extremamente baixas e pode
ficar dentro do órgão por um período de 3 a 10 anos.
Existem dois tipos: o DIU de cobre e o hormonal, ou
de levonorgestrel. “O primeiro, como o próprio nome sugere, é revestido de
cobre e promove uma oxidação dentro do útero. Ele libera pequenas quantidades
da substância, o que impossibilita a fecundação, já que causa algumas alterações
no endométrio, que é o tecido que recobre a parte interna do órgão; no muco e
nas trompas, tornando a região hostil ao espermatozoide. Ou seja, ele age não
apenas na cavidade uterina, mas também fora dela, interferindo em várias etapas
do processo reprodutivo”, explica.
Já o DIU de hormônios dura de três a seis anos.
Após o seu prazo, assim como o DIU de cobre, ele deve ser removido e trocado.
Ele libera, aos poucos, no útero, o hormônio levonorgestrel, muito parecido com
a progesterona e impede que os espermatozoides entrem no útero. “É um
dispositivo medicado. Ele libera cerca de 20 mcg, do hormônio por dia, dentro
da cavidade do útero, causando atrofia do endométrio e alterações no muco
cervical, efeitos que aumentam muito sua eficácia contraceptiva.
Vantagens e Contraindicações
A principal vantagem do uso do DIU é o fato de que,
por ser um dispositivo e funcionar sozinho, não há risco de mau uso. “Com o
anticoncepcional oral, o método contraceptivo mais usado pelas mulheres, pode
acontecer muitas vezes delas esquecerem, não tomarem no horário correto e isso
pode acarretar numa gravidez”, alerta. Além disso, o DIU é indicado para
qualquer mulher maior com mais de 14 anos, vida sexual ativa e que não tenha
anormalidades anatômicas no útero nem fatores de riscos para doenças
inflamatórias pélvicas.
O DIU de cobre, especificamente, também é
contraindicado para mulheres com alergia ao cobre. Já o DIU de hormônios não
deve ser utilizado por mulheres que tiveram câncer de mama nos últimos 5 anos
ou doenças hepáticas.
DIU e Fertilidade
Uma das preocupaçõescom relação ao DIU mais
recorrentes das mulheres, principalmente daquelas que não possuem filhos, mas
têm o desejo de ser mães, é o medo de não poderem engravidar no futuro devido
ao uso. Segundo Lilian Serio, o dispositivo só impede a gravidez enquanto está
sendo utilizado. Ao retirá-lo, a paciente poderá engravidar normalmente no
próximo ciclo menstrual. O que pode ocorrer é, caso a mulher sofra alguma
infecção genital e não tratá-la, a presença do DIU pode facilitar a entrada de
bactérias para o útero e as trompas e, a partir disso, levar à infertilidade.
“O método é totalmente reversível. Ele pode
ser removido em qualquer momento que a mulher quiser. Mesmo se a paciente
tiver feito o uso do DIU durante muito tempo, a fertilidade retorna num curto
período. O DIU em si não causa infecção, mas, se houver contaminação, a mulher
terá mais dificuldades para engravidar. Se as trompas forem obstruídas, a opção
para a mulher ser mãe é iniciar um tratamento para engravidar”, esclarece a
especialista.
FERTIBABY
Instagram: @fertibabyce
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