Entre as ocorrências mais comuns estão os
atropelamentos: em 2017, foram registrados cerca de 1,2 mil atropelamentos de
animais nas rodovias paulistas
No
feriado prolongado de Carnaval muitos brasileiros costumam viajar de carro com
amigos ou família, mas é preciso agir com cautela e prudência, principalmente
no caso da presença de animais nas rodovias. Uma das dúvidas mais comuns entre
as pessoas é a respeito do que fazer quando ocorre um acidente envolvendo
animais silvestres.
O
Dr. Marcello Schiavo Nardi, presidente da Comissão de Médicos-Veterinários de
Animais Selvagens do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São
Paulo (CRMV-SP), explica que todos os animais, inclusive aves, correm risco de
serem vitimados nas estradas. “É preciso respeitar as velocidades das vias e
atentar às placas de sinalização de animais silvestres e acostamentos. E, se
possível, viajar durante o dia, pois os atropelamentos ocorrem mais à noite”,
recomenda Nardi, destacando que um dos motivos que levam os animais ao asfalto
à noite é o fato de ser mais quente que na mata.
É
importante não buzinar nem acender o farol alto, pois isso pode assustar o bicho
e até causar um acidente, dependendo da direção para onde ele corra. Se houver
uma distância segura do carro de trás, o primeiro passo é reduzir a velocidade
para evitar atropelar o animal. Deve-se fechar os vidros e passar em marcha
lenta e, depois informar ao posto policial mais próximo sobre a presença de
animal na pista.
No
caso de acidente, como são espécies muito distintas, somente um profissional
especializado poderá fazer o diagnóstico e tratamento correto do animal. Quase
todos os procedimentos médicos-veterinários são diferentes dos animais
domésticos: as doses dos medicamentos, a forma e administração desses
medicamentos e também a fisiologia de cada espécie.
Segundo
Marcello Nardi, ao presenciar um acidente deve-se acionar imediatamente os órgãos
competentes, como Polícia Ambiental, Polícia Rodoviária ou mesmo a
concessionária responsável pela administração da rodovia. “Se a pessoa não é da
área, não deve capturar ou pôr a mão no animal, pois é perigoso”, enfatiza o
médico-veterinário.
Segundo
a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), no ano de 2017, foram
registrados cerca de 1,2 mil atropelamentos de animais (silvestres e
domésticos) nas rodovias paulistas.
Lugares
isolados
Para
quem prefere se aventurar por lugares mais distantes, como praias, florestas e
áreas de preservação, dividir o espaço com animais silvestres é algo comum, mas
demanda atenção e cuidados. Algumas espécies podem se sentir mais seguras sem a
presença de pessoas, por isso, é necessário respeitar os animais e seus limites
de aproximação e, principalmente, de interação.
A
médica-veterinária Cristina Fotin, membro da Comissão de Médicos-Veterinários
de Animais Selvagens do CRMV-SP, recomenda evitar o uso de som muito alto e
fogueiras em locais isolados e próximos a áreas naturais. “A proximidade com
certos animais pode predispor a mordeduras e arranhões, que podem transmitir
doenças para as pessoas. O ideal é colocar alimentos naturais, como frutas, nos
galhos mais altos das árvores, para poder apreciar os animais, sem contato
direto”, comenta.
Ela
também sugere armazenar o lixo em recipientes com tampas. “Nunca oferecer
restos de alimentos, pois o ser humano pode transmitir doenças aos animais,
principalmente aos mamíferos, como macacos, gambás e guaxinins”, enfatiza.
Para
evitar ataques às pessoas, inclusive por animais peçonhentos, como cobras e
aranhas, a médica-veterinária orienta inspecionar bem as instalações. “Levantar
colchões, abrir armários, afastar camas e móveis das paredes pode ajudar a
encontrar animais peçonhentos ou venenosos escondidos”, afirma Cristina. “Se o
local for dentro ou próximo a uma área natural, deve-se guardar roupas e
sapatos dentro da mala ou armário, para evitar que animais se escondam e
surpreendam as pessoas”, ressalta.
Ao
fazer caminhadas ou trilhas, aconselha-se usar calça comprida, meias e tênis,
para evitar ataques de cobras, assim como repelentes nos braços e demais áreas
expostas, para prevenir contra picadas de insetos. “Prestar atenção ao apoiar
as mãos em galhos e pedras é outra medida preventiva de acidentes. Ao sentar em
pedras ou troncos de árvores, sempre verificar antes se não há animais
peçonhentos ou venenosos escondidos embaixo ou nas laterais”, salienta.
Muitos
animais silvestres são protegidos por Legislação Federal (Lei nº 9.605/98,
também conhecida como Lei de Crimes Ambientais), por isso, é importante nunca
capturá-los ou removê-los de seu habitat, e nem transportá-los para outros
espaços. Algumas espécies são únicas e estritamente presentes em determinados
habitats, de forma que o transporte para outras regiões pode ocasionar
desequilíbrio ambiental.
Não
há necessidade de alimentá-los: isso pode causar prejuízos para a qualidade de
vida desses bichos. Grande parte das crias depende de cuidados dos genitores,
principalmente quando se trata de alimentação. Isso acontece especialmente no
caso das aves, que quando retiradas de perto dos pais, têm as chances de
sobrevivência reduzidas.
Sobre
o CRMV-SP
O
CRMV-SP tem como missão promover a Medicina Veterinária e a Zootecnia, por meio
da orientação, normatização e fiscalização do exercício profissional em prol da
saúde pública, animal e ambiental, zelando pela ética. É o órgão de
fiscalização do exercício profissional dos médicos-veterinários e zootecnistas
do Estado de São Paulo, com mais de 35 mil profissionais ativos. Além disso,
assessora os governos da União, Estados e Municípios nos assuntos relacionados
com as profissões por ele representadas.
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