Essa é uma dúvida que sempre
gera questionamentos em muitos profissionais. Embora a grande maioria das
formações disponíveis no mercado estejam direcionadas para preparar
especialistas, o mercado tem valorizado cada vez mais os profissionais
generalistas, aqueles que tem uma visão mais holística.
Um estudo realizado pela Columbia Business School e a Tulane University,
acompanhou mais de 400 estudantes que se formaram nos melhores MBAs dos
Estados Unidos, entre 2008 e 2009, e seguiram carreira em bancos de
investimento. A amostra foi dividida em dois. O grupo dos especialistas era
formado por pessoas que já trabalhavam com investimentos antes do MBA, fizeram
estágio na área e se aprofundaram em finanças. Os generalistas atuaram em
outras áreas antes do curso, como publicidade, fizeram estágio em uma
consultoria e só mais tarde foram para o mundo dos investimentos. O resultado
foi que os bônus recebidos pelos especialistas eram até 36% mais baixos do que
os generalistas.
Outro
estudo, feito pela IDC em parceria com a Microsoft, aponta o mesmo resultado. A
pesquisa analisou mais de 76 milhões de vagas de emprego nos Estados Unidos
para selecionar aquelas que teriam maiores salários e melhores condições
de ascensão profissional entre 2016 e 2024. A conclusão é a de que as
oportunidades mais promissoras exigem competências multifuncionais, em
detrimento de habilidades técnicas ou específicas. Novamente, os generalistas
aparecem como os mais valorizados.
Contudo,
cabe destacar que os profissionais generalistas não são melhores que os
especialistas. A diferença, basicamente, está no fato de que são os
generalistas costumam assumir os cargos mais elevados, como, diretoria e
presidência. Esses cargos exigem, além de conhecimento técnico, habilidades em
comunicação, negociação, inteligência emocional, empatia e, logicamente, uma
ampla visão do mercado em que se atua. Entretanto, sempre haverá espaço para os
especialistas, afinal, as questões técnicas devem ser executadas por eles.
Para
minimizar as desigualdades entre os dois perfis profissionais, é importante que
as empresas possibilitem a gestão de carreiras em Y. Nesse sentido, esse novo
modelo visa uma maior valorização do conhecimento técnico, entendido,
atualmente, como tão importante quanto o conhecimento estratégico e gerencial.
Nesse formato, especialistas podem ganhar tanto quanto generalistas e os dois
profissionais são reconhecidos de acordo com a sua relevância. Colocar os dois
perfis em pé de igualdade é fundamental para criar um ambiente de trabalho
harmônico e que favoreça uma competição saudável entre todos, independentemente
da função que desempenhem.
Também é
possível que um especialista se torne um generalista e um generalista, um
especialista. A transição entre os perfis pode ser muito enriquecedora nos dois
casos. O mundo corporativo é muito volátil e tudo muda o tempo todo. Com foco e
determinação, é possível se preparar para assumir funções diferentes, mesmo
depois de tantos anos executando a mesma função. Os profissionais devem estar
antenados nas oportunidades, estando sempre preparados para quando elas
surgirem, seja como especialista ou como generalista.
Fernanda Andrade -
Gerente de Hunting e Outplacement da NVH - Human Intelligence.
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