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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Dia Mundial de combate ao câncer destaca os desafios do câncer no Brasil


Neste 4 de fevereiro, Dia Mundial de Combate ao Câncer, a Sociedade Brasileira de Cancerologia alerta para a necessidade de políticas públicas efetivas para o combate e o controle do câncer no país, que apresenta índices alarmantes. O Brasil precisa investir mais na detecção precoce do câncer e implantar um programa nacional integrado das prefeituras, estados e governo federal


A Sociedade Brasileira de Cancerologia está enviando um documento para o Ministro da Saúde, Câmara dos Deputados e Senado Federal alertando para a necessidade de priorização do câncer nas políticas de prevenção e atendimento no país e lança a campanha pela FILA ZERO no atendimento ao câncer de mama, o 2 º de maior incidência entre mulheres no Brasil com 59 mil casos por ano.

Segundo Nise Yamaguchi, oncologista e vice-presidente da SBC, existe um gargalo no diagnóstico e também no tratamento do câncer no país. “Temos casos de pacientes com suspeita de câncer de mama que estão na fila há 11 meses para uma biopsia e outras que levaram 120 dias para o início do tratamento após o diagnóstico, descumprindo a Lei 7232, que prevê 60 dias entre o diagnóstico e o início do tratamento. Esse tempo de espera pode significar a diferença entre a vida e a morte”, alerta a oncologista. Para ela, é imprescindível um programa nacional integrado das prefeituras, estados e governo federal para combater as filas que se avolumam nas cidades. 

                                                     Foto de divulgação / Metástase celular


As dificuldades frente aos desafios enfrentados para cumprimento da lei levaram a SBC a realizar uma audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo e encaminhar a luta pela FILA ZERO às autoridades federais.

Para Ricardo Antunes, presidente da SBC, o país precisa rever os investimentos e o gerenciamento dos recursos na questão do câncer. “Políticas públicas de prevenção são falhas e o atendimento tardio um fato gravíssimo. No Brasil, 60% dos pacientes que chegam ao SUS para se tratar de um câncer, chegam nos estágios 3 e 4, causando sofrimento, aumentando o risco de morte e o desperdício de recursos públicos, pois pacientes nesses estágios custam 19 vezes mais para os cofres do governo”, alerta.

O diagnóstico tardio incide na economia de forma drástica, retirando milhares de pessoas produtivas do mercado de trabalho e gerando custos milionários para o SUS e para a Previdência Social. Em 2016, o Ministério da Saúde informou que gastou R$ 3,3 bilhões em tratamento para o câncer.

"A sociedade científica mundial é unânime no que se refere à importância  fundamental do diagnóstico precoce para a cura do câncer", destaca o presidente da SBC.


Questão de saúde pública

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, o câncer é uma questão de saúde pública e somente políticas de saúde integradas com ações da sociedade civil organizada poderão conter o avanço da doença que se agrava com o envelhecimento da população brasileira.

De acordo com o IBGE, a população brasileira com 60 anos ou mais alcançará 66,5 milhões até a metade desse século. "Trata-se de um número preocupante e que contribuirá para o aumento da incidência de câncer no país, pois o câncer está associado ao envelhecimento celular", destaca Antunes.

A incidência de câncer no Brasil e no mundo é uma questão de saúde pública. Os dados são preocupantes: 14 milhões de novos casos da doença são registrados a cada ano em todo o mundo, aponta a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Atualmente, o câncer é a segunda causa de mortes em todo mundo, e a OMS calcula que subam em 70% os casos da doença nas próximas décadas.

O Brasil amarga ainda a incidência de cânceres já extintos em países desenvolvidos como o de colo de útero, típicos de países de terceiro mundo. Apresenta estatísticas semelhantes a de continentes como a África. É o 3 º tumor maligno mais frequente a população feminina e a 4ª causa de morte de mulheres por câncer no Brasil, Segundo o INCA, 5.727 mortes ocorreram em 2015 (último dado disponibilizado) e no ano passado estimativas indicavam mais 16.370 novos casos no país.

Para Ricardo Antunes,“esse alto índice de tumores do colo do útero está diretamente relacionado às condições socioeconômicas da população. E à falta de campanhas efetivas de prevenção e detecção precoce da doença”, denuncia.


Salve-se é o tema da campanha contra o câncer

A SBC lançou a campanha “Salve-se” contra o câncer reafirmando seu papel social na luta contra a doença. Trata-se de um vídeo de alerta à população e está sendo veiculado em TVs de todo país.“Estamos conectados à luta mundial contra o câncer especialmente porque 1/3 dos cânceres podem ser evitados. Pesquisas científicas indicam que em cada 10 casos, 3 estão relacionados ao estilo de vida que as pessoas levam”, alerta Antunes.

Ele lembra que a Assembleia Mundial da Saúde da ONU aprovou uma resolução para reduzir a mortalidade prematura por câncer através de uma abordagem integrada entre a OMS e os governos.



História

Fundada em 1946, a Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC) é uma entidade civil e científica, de direito privado e sem fins lucrativos. É a mais antiga instituição no gênero na América do Sul e objetiva estudar e debater todos os problemas de combate ao câncer no Brasil, promovendo campanhas educativas e discutindo em eventos científicos os maiores avanços no tratamento oncológico.


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