Neste 4 de
fevereiro, Dia Mundial de Combate ao Câncer, a Sociedade Brasileira de
Cancerologia alerta para a necessidade de políticas públicas efetivas para o
combate e o controle do câncer no país, que apresenta índices alarmantes. O
Brasil precisa investir mais na detecção precoce do câncer e implantar um
programa nacional integrado das prefeituras, estados e governo federal
A Sociedade Brasileira de Cancerologia está
enviando um documento para o Ministro da Saúde, Câmara dos Deputados e Senado
Federal alertando para a necessidade de priorização do câncer nas políticas de
prevenção e atendimento no país e lança a campanha pela FILA ZERO no
atendimento ao câncer de mama, o 2 º de maior incidência entre mulheres no Brasil
com 59 mil casos por ano.
Segundo Nise Yamaguchi, oncologista e
vice-presidente da SBC, existe um gargalo no diagnóstico e também no tratamento
do câncer no país. “Temos casos de pacientes com suspeita de câncer de mama que
estão na fila há 11 meses para uma biopsia e outras que levaram 120 dias para o
início do tratamento após o diagnóstico, descumprindo a Lei 7232, que prevê 60
dias entre o diagnóstico e o início do tratamento. Esse tempo de espera pode
significar a diferença entre a vida e a morte”, alerta a oncologista. Para ela,
é imprescindível um programa nacional integrado das prefeituras, estados e
governo federal para combater as filas que se avolumam nas cidades.
Foto de divulgação / Metástase celular
As dificuldades frente aos desafios enfrentados
para cumprimento da lei levaram a SBC a realizar uma audiência pública na
Assembleia Legislativa de São Paulo e encaminhar a luta pela FILA ZERO às
autoridades federais.
Para Ricardo Antunes, presidente da SBC, o país
precisa rever os investimentos e o gerenciamento dos recursos na questão do
câncer. “Políticas públicas de prevenção são falhas e o atendimento tardio um
fato gravíssimo. No Brasil, 60% dos pacientes que chegam ao SUS para se tratar
de um câncer, chegam nos estágios 3 e 4, causando sofrimento, aumentando o
risco de morte e o desperdício de recursos públicos, pois pacientes nesses
estágios custam 19 vezes mais para os cofres do governo”, alerta.
O diagnóstico tardio incide na economia de forma
drástica, retirando milhares de pessoas produtivas do mercado de trabalho e
gerando custos milionários para o SUS e para a Previdência Social. Em 2016, o
Ministério da Saúde informou que gastou R$ 3,3 bilhões em tratamento para o câncer.
"A sociedade científica mundial é unânime no
que se refere à importância fundamental do diagnóstico precoce para a
cura do câncer", destaca o presidente da SBC.
Questão de saúde pública
Para o presidente da Sociedade Brasileira de
Cancerologia, o câncer é uma questão de saúde pública e somente políticas de
saúde integradas com ações da sociedade civil organizada poderão conter o
avanço da doença que se agrava com o envelhecimento da população brasileira.
De acordo com o IBGE, a população brasileira com 60
anos ou mais alcançará 66,5 milhões até a metade desse
século. "Trata-se de um número preocupante e que contribuirá para o
aumento da incidência de câncer no país, pois o câncer está associado ao
envelhecimento celular", destaca Antunes.
A incidência de câncer no Brasil e no mundo é uma
questão de saúde pública. Os dados são preocupantes: 14 milhões de novos casos
da doença são registrados a cada ano em todo o mundo, aponta a Organização
Mundial de Saúde (OMS).
Atualmente, o câncer é a segunda causa de mortes em
todo mundo, e a OMS calcula que subam em 70% os casos da doença nas próximas
décadas.
O Brasil amarga ainda a incidência de cânceres já
extintos em países desenvolvidos como o de colo de útero, típicos de países de
terceiro mundo. Apresenta estatísticas semelhantes a de continentes como a
África. É o 3 º tumor maligno mais frequente a população feminina e a 4ª causa
de morte de mulheres por câncer no Brasil, Segundo o INCA, 5.727 mortes
ocorreram em 2015 (último dado disponibilizado) e no ano passado estimativas
indicavam mais 16.370 novos casos no país.
Para Ricardo Antunes,“esse alto índice de tumores
do colo do útero está diretamente relacionado às condições socioeconômicas da
população. E à falta de campanhas efetivas de prevenção e detecção precoce da
doença”, denuncia.
Salve-se é o tema da campanha contra o câncer
A SBC lançou a campanha “Salve-se” contra o câncer
reafirmando seu papel social na luta contra a doença. Trata-se de um vídeo de
alerta à população e está sendo veiculado em TVs de todo país.“Estamos
conectados à luta mundial contra o câncer especialmente porque 1/3 dos cânceres
podem ser evitados. Pesquisas científicas indicam que em cada 10 casos, 3 estão
relacionados ao estilo de vida que as pessoas levam”, alerta Antunes.
Ele lembra que a Assembleia Mundial da Saúde da ONU
aprovou uma resolução para reduzir a mortalidade prematura por câncer através
de uma abordagem integrada entre a OMS e os governos.
História
Fundada em 1946, a Sociedade Brasileira de Cancerologia
(SBC) é uma entidade civil e científica, de direito privado e sem fins
lucrativos. É a mais antiga instituição no gênero na América do Sul e objetiva
estudar e debater todos os problemas de combate ao câncer no Brasil, promovendo
campanhas educativas e discutindo em eventos científicos os maiores avanços no
tratamento oncológico.
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