Dia a dia agitado e
visitas recorrentes à UTI neonatal causam preocupação durante o processo
Durante a gestação, o sonho da maternidade acontece junto a
muitas expectativas, mas o principal desejo de uma família é de que a criança
seja saudável. Para os pais, o filho nascer antes das 37 semanas de gestação,
assim classificado um bebê prematuro¹, pode vir carregado de medos e
inseguranças em relação aos próximos passos e decisões para a saúde da criança.
““São várias as causas que levam ao parto prematuro,
dentre elas destacamos a hipertensão na gestação, infecções maternas e
complicações placentárias” conta
a neonatologista Jucille Meneses.
Dado o nascimento, a rotina árdua de consultas, exames e tratamentos após o
parto, podem causar um quadro de estresse e ansiedade. “A insegurança e o desconhecimento dos
pais dos prematuros exige que toda a equipe que trabalha com esses
recém-nascidos atendam a esta família cuidadosamente, orientando e esclarecendo
todas as dúvidas, engajando a família nas decisões clinicas e estimulando a
participação ativa nos cuidados com o paciente”, completa a médica.
De acordo com a literatura médica, o grau de prematuridade de
uma criança é classificado de prematuro extremo (com menos de 28 semanas de
gestação) ao prematuro tardio (nascidos entre a 34ª e a 37ª semana)¹. Dados do
Datasus 2016, relatam o nascimento de mais de 300 mil bebês prematuros no
Brasil, que representam cerca de 12% do total de nascimentos por ano.
O medo do inesperado
Após muitas tentativas, Miqueline, descobriu que estava
grávida de uma forma inusitada, “eu estava no trabalho quando tive um
sangramento muito forte e no hospital descobri que estava grávida de 2 meses”,
conta a mãe. Hoje, ela relata o choque ao descobrir que seu filho iria nascer
prematuro. “Foi traumático pois eu não estava esperando que isso fosse
acontecer e também nunca tive acesso a muita informação sobre a prematuridade,
logo depois do nascimento eu ainda não conseguia visitá-lo na UTI sem meu
marido, estava com medo do que podia acontecer e procurei um acompanhamento
psicológico para manter a calma”, completa Miqueline.
“Chegava o fim do dia e eu
precisava ir embora do hospital pois não podia dormir junto ao bebê, foram
inúmeras vezes em que cheguei em casa chorando”, relata a mãe. Para ela, a
troca de experiências com outras mães, além do acompanhamento dos médicos, foi
fundamental. “Sempre me culpei muito por ele ter nascido prematuro e foi
durante o período no hospital que entendi que era normal, comecei a trocar
experiências e angústias com outras mães, o que se tornou ótimo para lidar com
a montanha russa de emoções que é ter um bebê na UTI”.
Segundo Miqueline, o medo
persistiu até o momento em que o bebê recebeu a alta pois tinha receio de que
sua inexperiência pudesse prejudicar a saúde do filho. “Depois que ele foi para
casa, passamos um ano todo com cuidados específicos e evitando visitas. Foi
quando ele completou um ano que começamos a levá-lo para passear e hoje
conseguimos ter uma vida normal”, conclui a mãe emocionada.
A importância do contato
A experiência de Elisangela
foi um pouco diferente. Após quatro fertilizações, ela realizou o desejo de ser
mãe no ano passado. “A minha bolsa estourou com 25 semanas após uma dor nas
costas, comecei a perder muito líquido e ter contrações que me levaram ao parto
normal”, contou a mãe. Elisangela relata que não tinha noção que era possível
parir um bebê com poucas semanas de gestação e ficou muito preocupada quanto a
sobrevivência da filha.
“Foi muito dolorido ver a
minha filha na UTI, de início ela teve algumas hemorragias, de grau um a grau
quatro. Comecei a consultar informações na internet o que fez com que ficasse
ainda mais preocupada e só tranquilizasse depois de uma consulta com a
neurologista”, conta a mãe. Segundo ela, o que a acalmou durante o processo foi
o contato com outras histórias de bebês prematuros de amigos e familiares.
“Procurei gastar energia em ver minha filha bem, passava os dias no hospital e
ia embora só para dormir. A presença do meu marido foi essencial para o
processo, se eu não ficasse calma, eu não conseguiria produzir leite para ela”.
Hoje voluntária da ONG
Prematuridade, associação de pacientes para pais de bebês prematuros,
Elisangela reforça a importância da confiança nos médicos e em outras mães. “É
preciso confiar muito na equipe do hospital, eles são uma nova família para o
seu filho. Além disso, contar com o apoio de quem está passando pela mesma
situação é essencial para entendermos o cenário e tomarmos as melhores decisões
para o bebê”, concluí.
Grupo Chiesi
Referências
1.
Manual de neonatologia.
Secretaria do Estado de São Paulo. Agosto, 2015. https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3905402/mod_resource/content/1/manual_de_neonatologia.pdf. Acesso em 28/11/2018.
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