A homeopatia é a terapia alternativa que mais
sofre coma disseminação das fake news, nos dias de hoje. Isso não ocorre, por
exemplo, com a acupuntura - especialidade também reconhecida pelo CFM - nem com
a “medicina ortomolecular”
01)
“A
pesquisa em homeopatia é de baixa qualidade, por isso você não pode confiar nos
resultados”
Apenas
um estudo comparou a qualidade
da pesquisa em homeopatia com a da medicina convencional. Em geral, os ensaios
de homeopatia foram considerados de maior qualidade do que os ensaios
convencionais quando foram comparados.
Os
pesquisadores compararam 110 ensaios de homeopatia e 110 ensaios combinados de
medicina convencional: 21 ensaios de homeopatia e 9 ensaios clínicos
convencionais foram avaliados como "de maior qualidade" (19% dos
ensaios de homeopatia e 8% dos ensaios de medicina convencional).
“Este
estudo mostra que elevar os padrões de pesquisa é uma questão permanente para a
homeopatia e a medicina convencional. Também é verdade que alguns estudos de
homeopatia, são de baixa qualidade, assim como alguns da medicina tradicional,
particularmente aqueles realizados há algumas décadas, que estão aquém dos
padrões de qualidade atuais. No entanto, é claro que não é verdade que todos os
estudos de homeopatia são de má qualidade. Existem estudos de boa qualidade que
descobriram que a homeopatia é eficaz”, afirma o pediatra e homeopata Moises
Chencinski (CRM-SP 36.349).
02)
“A
ideia de ‘cura pelos semelhantes’ não faz sentido”
A
homeopatia baseia-se no princípio básico de “cura pelos semelhantes”, isto é,
uma substância que pode causar os sintomas da doença, se tomada em grandes
doses, pode ser usada, em doses mínimas, para tratar sintomas semelhantes.
“A
ideia de que uma substância pode ser prejudicial em grandes quantidades, mas
benéfica em pequenas quantidades, não é nova para a ciência; na verdade, este
conceito (hormese) existe há décadas e está cada vez mais bem documentado em
áreas como biologia e toxicologia”, destaca o médico.
Existem
até exemplos de "cura pelos semelhantes" na medicina convencional:
- Digitalis,
em doses elevadas, causa arritmias, mas esta droga é usada rotineiramente,
em doses baixas, para tratar esta condição;
- O medicamento estimulante, à base de anfetaminas, Ritalin,
é usado para tratar o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade
(TDAH);
- Pequenas doses de alérgenos, como o pólen, são usadas
para tratar pacientes alérgicos.
No
entanto, uma diferença importante na homeopatia é que as doses medicinais
administradas são tão pequenas que os efeitos colaterais tóxicos são evitados.
Os
medicamentos homeopáticos de baixa potência (com potências até 12 CH ou 24 X)
contêm, ainda, poucas moléculas da substância original da qual são feitos. Por
essa razão, na maioria dos países, os remédios feitos a partir de substâncias
tóxicas só estão disponíveis em potências mais altas, da "primeira
diluição segura" para cima. “São as potências mais altas, que não contêm
moléculas, que são mais controversas, pois ainda não entendemos seu mecanismo
de ação”, diz Moises Chencisnki.
03)
"A
homeopatia não deve ser usada porque você não pode explicar como ela
funciona"
Saber
como um medicamento funciona nunca foi um pré-requisito para o seu uso. A aspirina (ácido
acetilsalicílico) é uma das drogas mais usadas no mundo, mas foi usada por mais
de 70 anos, antes de seu mecanismo de ação ter sido descoberto,
em 1971. A droga ainda é ativamente pesquisada hoje, pois possui inúmeros
efeitos biológicos ainda não totalmente
compreendidos.
Variações
do ácido acetilsalicílico têm sido usadas para tratar a dor e a febre desde a
antiguidade, começando com preparações feitas a partir de suas formas naturais
- as folhas e a casca do salgueiro ou choupo. Em 1899, uma forma
artificialmente sintetizada do ingrediente ativo passou por testes clínicos e a
droga "aspirina", como a conhecemos hoje, foi lançada.
“Da
mesma forma, a homeopatia tem uma longa história de uso tradicional. Isto levou
à compreensão clínica do que os medicamentos homeopáticos podem fazer, estando
à frente da nossa compreensão teórica de como esses medicamentos têm um efeito
biológico. Encontrar o mecanismo de ação dos medicamentos homeopáticos será
fascinante e muitos pesquisadores, em todo o mundo, estão realizando pesquisas
fundamentais e básicas para investigar essa importante questão”, afirma o
pediatra homeopata.
04)
"A
medicina convencional está comprovada - a homeopatia não"
Esta
é uma crença comum, mas na verdade a situação não é tão simples. Quer estejamos
discutindo medicina convencional ou homeopática, a ciência é muito mais
complexa do que poderíamos desejar.
A
análise, pelo Clinical
Evidence, do British Medical Journal (BMJ) mostra que apenas 11% de
3.000 tratamentos usados habitualmente são benéficos.
A
quantidade de pesquisas realizadas na medicina convencional é vasta em
comparação com o campo relativamente novo da pesquisa em homeopatia, mas quando
você olha para o balanço de evidências - a porcentagem de tentativas que são
positivas, negativas ou inconclusivas - são notavelmente semelhantes para os
dois lados.
“A
pesquisa deve continuar em todos os campos para ajudar os formuladores de
políticas públicas em saúde, pacientes e médicos a tomarem as melhores decisões
possíveis, mas no momento, muitas decisões não podem ser baseadas em evidências
científicas, porque há apenas dados insuficientes”, diz o médico.
05)
"Homeopatia
não é ciência"
Há
críticos que afirmam que a homeopatia é uma "pseudociência" e apenas
não cientistas estão interessados no assunto. De fato, cientistas de
universidades altamente respeitadas, instituições de pesquisa e hospitais, em
todo o mundo, estão realizando pesquisas sobre a homeopatia usando as mesmas
técnicas usadas para investigar tratamentos médicos convencionais.
“A
pesquisa em homeopatia é um campo relativamente novo (a homeopatia tem pouco
mais de 200 anos), mas o número de artigos publicados em periódicos revisados
por pares cresceu significativamente nos últimos 40 anos”, informa Moises
Chencinski.
Este
atraso em relação à medicina convencional não é surpreendente quando se
considera a falta de financiamento disponível. No Reino Unido, menos de 0,0085%
do orçamento de pesquisa médica é gasto em pesquisa
de medicamentos complementares e alternativos.
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