Uma nova fase se descortina no setor da mobilidade com o avanço de transformações disruptivas no mundo. É primordial neste momento que a indústria brasileira olhe para frente, considerando todas as transformações que já se desenham, assim como as implicações de cada mudança para a qualidade. Embora possam parecer pequenos, os efeitos deverão ser bastante expressivos.
Entre as perspectivas para o horizonte 2030 está o crescimento de
veículos elétricos, conectados e autônomos, o que demandará a introdução de
novas tecnologias que hoje não necessariamente são dominadas pela indústria,
como as baterias e as soluções em conectividade. Potencialmente, vários players
estarão envolvidos na entrega da solução para os clientes.
Neste cenário, a indústria irá se deparar com desafios de qualidade que
não são aparentes na atualidade. Exemplo disso são os cyber attacks. Se você
for visitar uma fábrica hoje, poucas pessoas na área de qualidade estarão
preocupadas com ameaças à segurança digital. Mas lá na frente, com os modelos
conectados e compartilhados, o tema passará a ser primordial para a indústria
como um todo.
O desafio é maior do que parece porque ainda não está claro quem irá
assumir o papel de prover a conectividade de um carro. Por exemplo, será uma
montadora ou um Google? Isso significa que há potencial para redefinir os
papeis e redirecionar as responsabilidades por qualidade, o que deve criar
desafios porque o Google, embora possa dominar conectividade, não entende muito
de carro. Outro cenário envolve várias empresas envolvidas na formulação da
solução – o que torna ainda mais difícil a tarefa de garantir a qualidade.
Nesse sentido, a indústria já precisa começar a definir quais devem ser
os padrões de qualidade em preparação para uma fase de transformações que não
se depara desde a sua criação. Os players da cadeia ainda deverão trabalhar de
forma colaborativa com os desenvolvedores de softwares, na definição de rotas
para garantir os padrões de qualidade, uma vez que um player sozinho não dará
conta do recado.
Na medida em que enfrentar todas essas transformações, a indústria
precisará evoluir os conceitos de qualidade na mesma velocidade, o que trará
desafios para a cadeia como um todo, não somente para montadoras ou autopeças.
Daqui para frente, a indústria lidará com desafios de qualidade que não serão
pequenos, uma vez serão totalmente diferentes daqueles enfrentados até agora.
Este e outros assuntos estarão na pauta do 6º Fórum IQA da Qualidade
Automotiva, que debaterá o tema “Os Parâmetros da Qualidade em Ano de Transição
e Retomada dos Negócios”, com lideranças de montadoras, autopeças,
concessionárias, distribuidores, oficinas, entidades setoriais, consultorias e
governo, dia 10 de setembro, no Centro de Convenções Milenium, em São
Paulo.
Letícia Costa - sócia-diretora da Prada
Assessoria e palestrante do 6º Fórum IQA da Qualidade Automotiva.
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